Mudanças climáticas ampliam abertura de pequenos negócios em climatização e refrigeração
Número de empresas voltadas ao conforto térmico e conservação de alimentos cresceu 200% entre 2012 e 2024, segundo levantamento do Sebrae
247 - Pouco mais de uma década após a conferência Rio+20, os efeitos das mudanças climáticas deixaram de ser apenas pauta ambiental e aram a impactar diretamente a economia brasileira. Um levantamento realizado pelo Sebrae, com base em dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), mostra que a emergência climática tem impulsionado um novo perfil de empreendedorismo: entre 2012 e 2024, o número de pequenos negócios ligados à instalação hidráulica e sistemas de ventilação e refrigeração (CNAE 43.22-3) cresceu 200%, saltando de 8.991 para 26.854, sendo 24.069 deles microempreendedores individuais (MEIs).
Os dados, divulgados pelo Data Sebrae, indicam que só nos primeiros três meses de 2024 já foram registrados 10.500 novos negócios nesse segmento. Para Juliana Borges, analista de Competitividade do Sebrae Nacional, esse aumento reflete diretamente a demanda por conforto térmico e conservação adequada de alimentos, agravada pelas altas temperaturas registradas no país. “Os efeitos das mudanças climáticas na natureza são visíveis e isso se reflete na vida das pessoas e, consequentemente, na dinâmica da economia”, afirma.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o verão de 2024-2025 foi um dos mais quentes desde 1961. E a tendência de elevação da temperatura média global — que, em 2023, ultraou o limite crítico de 1,5°C — coloca o tema da adaptação climática no centro das decisões econômicas. Juliana destaca que essa preocupação já vinha sendo discutida desde o Acordo de Paris, em 2015, e vem ganhando força à medida que os impactos do aquecimento global se intensificam. “As mudanças climáticas impactam o futuro dos negócios há bastante tempo, e agora temos cada vez mais dados que mostram a urgência dessa adaptação”, observa.
Outro ponto importante revelado pelo Sebrae é o papel da eficiência energética na saúde financeira de micro e pequenas empresas. Diagnóstico recente da instituição mostra que até 33% da redução de custos pode estar relacionada ao uso adequado de equipamentos de climatização. Quando se trata da aparelhagem de refrigeração, esse índice sobe para 53%. “Além da instalação de aparelhos, como ar-condicionado, há também a necessidade de manutenção. E os equipamentos usados em pequenos negócios costumam ter vida útil longa, às vezes chegando a 35 anos”, alerta Juliana Borges.
Esse cenário tem atraído profissionais mais preparados, com foco não apenas na instalação, mas também na manutenção preventiva, o que se traduz em ganhos econômicos e ambientais. A analista reforça que muitas empresas utilizam equipamentos de segunda mão, o que torna ainda mais relevante a avaliação da eficiência energética para evitar desperdícios.
O setor público também vem se tornando um importante contratante desses serviços. A plataforma Contrata+Brasil, lançada há dois meses, foi criada justamente para aproximar microempreendedores individuais de oportunidades em órgãos e entidades públicas. Ao se cadastrar gratuitamente, o MEI pode concorrer a editais de prestação de serviços como instalação e reparo de sistemas de ventilação e refrigeração. Atualmente, por exemplo, há vagas abertas para atuação no Instituto Federal Baiano, em Salvador, e na prefeitura de Campo Largo, no Paraná.
Para empreendedores interessados em reduzir custos e aumentar sua competitividade, o Sebrae oferece conteúdos específicos sobre eficiência energética. A Jornada Custo, Consumo e Geração de Energia está disponível online e ajuda os empresários a planejarem melhor o uso de recursos, contribuindo para a sustentabilidade financeira e ambiental dos seus negócios.
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