Ceramista indígena Janir Leite transforma tradição Terena em negócio de alcance nacional
A empreendedora fundou a Turu Arte da Terra e se destaca ao unir ancestralidade e criatividade com apoio do Sebrae e do selo Made In Pantanal
247 - Com suas mãos moldando o barro com delicadeza e intenção, a artesã Janir Gonçalves Leite faz mais do que criar peças de cerâmica: ela perpetua a memória do povo Terena e constrói pontes entre ado e futuro. Nascida na aldeia Taunay/Ipegue, em Aquidauana (MS), Janir é fundadora da Turu Arte da Terra, um empreendimento que celebra a cultura pantaneira por meio de peças artesanais feitas com técnicas ancestrais. A história da ceramista, contada em matéria do Sebrae/MS, ganha destaque às vésperas do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril.
Cada peça produzida carrega em sua forma um pouco do território, da identidade e da resistência indígena. O nome da marca, Turu Arte da Terra, é uma homenagem ao avô de Janir, um importante líder comunitário chamado de “turu”, palavra que significa touro em referência à força e à liderança. “Meu avô era da etnia Terena e era chamado Turu, por ser uma pessoa forte e líder, já que era o responsável por organizar os mutirões comunitários para plantio e para colheitas”, explica a empreendedora.
O interesse pela cerâmica surgiu em uma oficina que Janir coordenava na aldeia Água Branca. Durante a atividade, ao observar uma anciã ensinando técnicas aos jovens, ela teve um reencontro com suas próprias raízes. “Eu me reconectei com o meu ado, com a minha ancestralidade e com as lembranças de minha avó preparando o barro e produzindo potes”, relembra.
A partir desse reencontro, Janir decidiu transformar o saber tradicional em uma atividade econômica. Em 2020, fundou seu próprio negócio e ou a produzir peças com moldagem manual e por placa, sempre com inspiração nas referências pantaneiras e Terena. “Eu faço peças utilitárias, para decoração e potes Terena”, afirma.
Antes de empreender com a cerâmica, Janir já atuava como consultora na aldeia, incentivando moradores a desenvolverem pequenos negócios para geração de renda. Apesar da familiaridade com o tema, abrir o próprio empreendimento representou novos desafios. “Iniciei trabalhando sozinha, expondo na feira da estação em minha cidade, às vezes sem vender, mas trabalhando na divulgação, entregando cartão e me colocando à disposição para receber encomendas futuras”, conta.
Para fortalecer o negócio, ela buscou apoio do Sebrae/MS, com capacitações e oportunidades de exposição em eventos. Um marco nessa trajetória foi a participação na 1ª Mostra de Economia Criativa do Paxixi, onde apresentou suas peças com o selo “Made In Pantanal” — um certificado criado pelo Sebrae para valorizar produtos com identidade regional.
“Eu entrei para o ‘Made in Pantanal’ logo no início do funcionamento da plataforma, e foi muito importante fazer parte das oportunidades que ele proporciona. O selo dá muita credibilidade, afinal estou em uma plataforma do Sebrae onde o empreendedor recebe todo o apoio e e técnico. Isso, aos olhos do cliente, faz diferença”, afirma Janir.
Hoje, suas peças circulam por diversas regiões do Brasil, e seu trabalho é exemplo de como a economia criativa pode promover inclusão, desenvolvimento e valorização cultural. Em cada obra, Janir imprime não só a estética da cerâmica Terena, mas também a história de um povo que resiste por meio da arte. Mais informações sobre o apoio do Sebrae/MS a empreendedores indígenas e criativos estão disponíveis no site www.ms.sebrae.com.br ou pelo telefone 0800 570 0800.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: