Presidente do JPMorgan alerta para colapso no mercado de títulos dos EUA: “Vai acontecer”
Jamie Dimon responsabiliza governo e Fed por excesso de gastos e cobra mudanças antes de uma crise no sistema financeiro
247 - O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, voltou a fazer um alerta incisivo sobre o que considera uma inevitável ruptura no mercado de títulos públicos dos Estados Unidos. A declaração foi feita durante sua participação no Reagan National Economic Forum, nesta sexta-feira (24), e foi publicada pela Bloomberg.
Segundo Dimon, os problemas decorrem da combinação de políticas fiscais e monetárias que, em sua avaliação, foram aplicadas de forma excessiva por autoridades norte-americanas nos últimos anos. “Acho que o mercado de títulos vai sofrer uma quebra — vai acontecer”, afirmou. “O governo dos EUA e o Federal Reserve exageraram, de forma massiva, nos gastos e na flexibilização quantitativa.”
Apesar de não prever uma data exata para esse cenário, o banqueiro demonstrou preocupação com a capacidade atual dos agentes de mercado de absorver choques de liquidez. “Só não sei se isso vai ser uma crise daqui a seis meses ou seis anos, e espero que mudemos tanto a trajetória da dívida quanto a capacidade dos formadores de mercado de atuarem”, pontuou. “Infelizmente, pode ser que precisemos de uma crise para nos despertar.”
Dimon também ironizou a recorrente crítica de que crises financeiras favorecem grandes bancos. “Digo isso aos reguladores: estou dizendo que isso vai acontecer, e vocês vão entrar em pânico. Eu não vou. Ficaremos bem. Provavelmente lucraremos mais, e então alguns dos meus amigos dirão que gostamos de crises porque são boas para o JPMorgan Chase — não é bem assim”, disse.
As declarações ocorrem em meio à primeira perda mensal dos títulos do Tesouro dos EUA neste ano, refletindo a instabilidade causada pelas mudanças abruptas nas diretrizes econômicas do presidente Donald Trump. A tramitação de um projeto de corte de impostos no Congresso também aumentou a apreensão dos investidores com o déficit orçamentário.
Dimon, que há anos expressa preocupação com os altos níveis de endividamento público nos EUA e em outras grandes economias, confirmou que os chamados “vigilantes dos títulos” — investidores atentos ao risco fiscal — voltaram à cena: “Sim”, respondeu ao ser questionado sobre o retorno desse grupo ao radar do mercado.
O executivo também reiterou críticas que já havia feito anteriormente sobre falhas estruturais nas normas regulatórias que limitam a atuação dos bancos no mercado de Treasuries. Ele voltou a defender a revisão do índice suplementar de alavancagem (SLR), argumentando que ajustes nessa e em outras regras poderiam fortalecer a capacidade das instituições de intermediar de forma mais ativa.
Com suas advertências, Jamie Dimon joga luz sobre os riscos sistêmicos de um mercado que ainda conta com a complacência das autoridades e onde, segundo ele, as correções necessárias seguem sendo adiadas.
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