Mercadante destaca o papel do Estado e do BNDES para a retomada da indústria no Brasil
Presidente do BNDES destaca instrumentos de financiamento, inovação e política industrial como motores da recuperação econômica no Dia da Indústria
247 – Neste 25 de maio, data em que se celebra o Dia da Indústria no Brasil, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, detalhou os avanços do programa Nova Indústria Brasil (NIB) e os mecanismos que têm impulsionado a reindustrialização do país. Em entrevista à coluna S.A., da Folha de S.Paulo, Mercadante revelou que o banco já aprovou mais de R$ 205 bilhões em crédito dentro do programa — o equivalente a cerca de 80% da meta estabelecida até o fim de 2026.
A estratégia do BNDES, segundo ele, foi viabilizada por um conjunto de medidas do governo do presidente Lula e pela criação de novos instrumentos financeiros. “Esse avanço só foi possível porque implementamos novos instrumentos, como o financiamento para inovação via TR [Taxa Referencial], com aprovação pelo Congresso, e o Novo Fundo Clima, com recursos para a descarbonização”, afirmou Mercadante. Os dados ganham ainda mais relevância no contexto da data, que convida à reflexão sobre os rumos da indústria nacional.
Seminário no BNDES debate os caminhos da Nova Indústria Brasil
Como parte das celebrações do Dia da Indústria e do esforço de mobilização em torno da agenda industrial, o BNDES sedia nesta segunda-feira (27), no Rio de Janeiro, o seminário “Nova Indústria Brasil – Desenvolvimento, inclusão e sustentabilidade”, uma parceria entre o Brasil 247, a TV 247 e a Agenda do Poder. O evento, além de Mercadante, reunirá representantes do governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann, a presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, além de empresários, economistas e sindicalistas para discutir os desafios e oportunidades da reindustrialização do país.
Entre os temas em pauta estarão a transição energética, inovação tecnológica, crédito para exportações, financiamento à pequena e média empresa e as estratégias para fortalecer a soberania produtiva brasileira. O seminário é mais uma iniciativa que reforça o protagonismo do BNDES no novo ciclo de desenvolvimento nacional.
Do crédito à inovação: o novo papel do BNDES
Com uma indústria fragilizada após anos de desinvestimento, Mercadante assumiu o BNDES com a missão de resgatar o protagonismo produtivo nacional. “Com os juros exorbitantes e a indústria em frangalhos, coube a nós criar mecanismos para capitalizar o banco”, disse. Entre as soluções adotadas estão as Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCDs), que já captaram mais de R$ 13 bilhões entre dezembro de 2024 e o primeiro trimestre de 2025.
A atuação do banco tem priorizado setores estratégicos. “As empresas nacionais estão investindo em tecnologias disruptivas. O carro voador da Embraer, por exemplo, já recebeu mais de R$ 700 milhões em financiamento”, destacou. Outros exemplos incluem o plano de transformação digital com inteligência artificial da Positivo, além de iniciativas do Instituto Butantan para desenvolvimento de produtos biológicos.
Emprego, exportação e salto na competitividade
O impacto da política industrial já pode ser medido em números. Em 2023, o BNDES contribuiu para a criação de 2,3 milhões de empregos, dos quais 35% foram na indústria. O Brasil também subiu 20 posições no ranking global da indústria de transformação, saltando do 45º para o 25º lugar em 2024. “A NIB apoia setores como o da saúde, que bateu recorde de financiamento para medicamentos, vacinas e insumos, com R$ 6,9 bilhões investidos nos últimos dois anos”, ressaltou Mercadante.
O apoio à exportação também avançou: de janeiro de 2023 a abril de 2025, foram R$ 37 bilhões aprovados, superando a soma dos sete anos anteriores. “Juntos, BNDES, Finep e Embrapii já apoiaram mais de R$ 47 bilhões em inovação para o setor empresarial nesses dois anos”, acrescentou.
Desafios persistem, mas há novas soluções
Apesar dos bons resultados, Mercadante ite que o cenário ainda impõe dificuldades. “É evidente que as taxas de juros elevadas impactam negativamente e continuam sendo um desafio”, disse, lembrando que 68% dos desembolsos do BNDES em 2024 foram feitos com taxas de mercado, o que, segundo ele, desmente a crítica de que o banco distorce a política monetária.
Em relação à transição energética, o presidente do BNDES foi enfático: “Não é promessa. É realidade.” Em 2023, a produção de etanol e biodiesel ultraou 43 bilhões de litros. O banco também apoia projetos de combustível sustentável para aviação e navegação, além de motores híbridos, com destaque para parcerias com Volkswagen e Stellantis.
Defesa da indústria nacional e visão estratégica
Mercadante também comentou sobre a necessidade de proteger a indústria brasileira em meio à guerra tarifária global. E elogiou a atuação do vice-presidente Geraldo Alckmin na Camex: “Está claro que a ampla maioria dos países retomou medidas de política industrial. O governo tem agido com precaução e analisado todos os impactos.”
Ao final, comparou o Brasil com países vizinhos que têm atraído investimentos, como o Paraguai, e defendeu ações assertivas. “Lançamos edital de R$ 5 bilhões para transformação de minerais e já recebemos projetos que somam mais de R$ 85 bilhões. Também temos edital para combustível sustentável que atraiu R$ 160 bilhões em projetos.”
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