Igualdade salarial entre homens e mulheres injetaria R$ 95 bilhões ao ano na economia brasileira
Ministros Luiz Marinho e Cida Gonçalves destacam que combater a disparidade de gênero no mercado de trabalho é condição essencial para o desenvolvimento
247 – A adoção plena da igualdade salarial entre homens e mulheres poderia injetar até R$ 95 bilhões por ano na economia do Brasil. A estimativa consta no mais recente Relatório de Transparência Salarial e de Igualdade, elaborado em parceria entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério das Mulheres, e divulgado em abril de 2025. A informação foi publicada originalmente pela Agência Gov.
Durante evento realizado nesta quarta-feira (16), em Brasília, no restaurante Tia Zélia, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, foi direto ao apontar a raiz do problema: “Não há nenhuma lógica em as mulheres receberem menos do que os homens exercendo as mesmas funções. A única explicação para isso é o processo discriminatório contra as mulheres”. O almoço promovido pelos dois ministérios reuniu autoridades para debater a importância da valorização do trabalho feminino como pilar do desenvolvimento econômico e social do País.
Dados revelam abismo salarial
O relatório divulgado em 7 de abril revela que as mulheres seguem ganhando, em média, 20,9% a menos do que os homens. Em valores absolutos, enquanto os trabalhadores do sexo masculino recebem, em média, R$ 4.745,53, as mulheres têm rendimento médio de R$ 3.755,01. A situação é ainda mais crítica entre as mulheres negras, cuja média salarial é de apenas R$ 2.864,39 — valor 47,5% menor do que o salário dos homens não negros, que recebem, em média, R$ 6.030,30.
Esse percentual representa um retrocesso em relação ao ano anterior, quando a diferença era de 50,3%, e evidencia como as mulheres negras continuam sendo o grupo mais afetado pelas desigualdades no mundo do trabalho.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, celebrou alguns avanços, mas ressaltou que os desafios ainda são imensos: “A participação das mulheres negras no mercado cresceu de 3.254.272 para 3.848.760. Outra boa notícia é que aumentou o número de estabelecimentos em que a diferença nos salários médios e medianos entre mulheres e homens é de, no máximo, 5%”. No entanto, ela alertou que “as mulheres negras continuam sendo as mais prejudicadas e ainda há um longo caminho a ser percorrido”.
Crescimento da presença feminina no mercado formal
Luiz Marinho também destacou o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho formal, com base nos dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024. O número de vínculos empregatícios com carteira assinada aumentou de 18 milhões para 19 milhões no país, e metade desses postos é ocupada por mulheres — o que representa um avanço na direção da equidade de gênero no mundo do trabalho.
“Precisamos incluir esse assunto nas convenções coletivas e combater de forma determinada a distorção salarial entre homens e mulheres”, reforçou o ministro.
A Lei da Igualdade Salarial
Sancionada em 3 de julho de 2023, a Lei nº 14.611 alterou o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), determinando que empresas com mais de 100 empregados devem adotar medidas para garantir igualdade de remuneração entre mulheres e homens. A legislação obriga as empresas a implementarem ações como:
- Transparência salarial
- Programas de diversidade e inclusão
- Canais para denúncias de discriminação
- Incentivo à capacitação profissional feminina
- Fiscalização interna para coibir desigualdades
A aplicação prática da lei foi regulamentada pela Instrução Normativa MTE nº 6, de 17 de setembro de 2024, publicada no Diário Oficial da União.
Mobilização coletiva: Movimento pela Igualdade no Trabalho
Como parte das ações para acelerar as mudanças estruturais, os Ministérios do Trabalho e das Mulheres lançaram o Movimento pela Igualdade no Trabalho. A iniciativa reúne empresas e entidades de diversos setores — como o bancário e o industrial — que assumem o compromisso público de promover equidade de gênero em seus quadros funcionais.
As empresas interessadas podem aderir ao movimento por meio do site oficial do MTE, onde também é possível ar o Relatório de Igualdade Salarial na íntegra.
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