Haddad diz que retaliação dos EUA ao Brasil seria "injustificada" e defende multilateralismo contra medidas de Trump
Donald Trump deve anunciar nesta quarta novas medidas protecionistas. Haddad diz que os EUA têm “posição muito confortável em relação ao Brasil”
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que uma eventual retaliação comercial dos Estados Unidos ao Brasil causaria “certa estranheza”. A fala ocorreu nesta terça-feira (1), véspera do anúncio de novas medidas protecionistas prometidas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
“Nós vamos ter um quadro mais claro do que os Estados Unidos pretendem a partir de amanhã. Mas o presidente Lula já adiantou que, quando a nação mais rica do mundo adota medidas protecionistas, isso parece não concorrer para a prosperidade geral. O mundo corre o risco de crescer menos”, disse Haddad, durante compromisso no Ministério da Economia da França, em Paris, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo o ministro, o Brasil tem mantido uma relação de parceria estável com os EUA, independentemente de quem ocupe a Casa Branca. “Os EUA têm uma posição muito confortável em relação ao Brasil, porque é superavitário tanto em relação a bens quanto a serviços. Nos causaria certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificada, uma vez que estamos na mesa de negociação desde sempre com aquele país justamente para que a nossa cooperação seja cada vez mais forte”, afirmou.
Haddad acrescentou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem atuado diretamente com o “Estado americano”, evitando distinções entre istrações. “Temos uma relação de parceria com o Estado americano e vamos manter esta postura de abertura de negociações e de desejo de uma prosperidade mútua nas relações bilaterais”, disse.
Haddad participou, ao lado do ministro das Finanças da França, Éric Lombard, da Cerimônia de Abertura dos Diálogos Brasil-França. Em seu discurso, enfatizou a necessidade de ampliar a cooperação econômica, financeira e ambiental entre os dois países. “A colaboração entre Brasil e França é crucial, especialmente em tempos de incertezas econômicas e desafios globais”, afirmou.
Após o evento, um grupo de diplomatas dos dois países deu sequência às discussões, enquanto os ministros falaram com a imprensa. Na ocasião, Haddad voltou a defender o avanço do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia como instrumento de resistência ao protecionismo que vem sendo retomado por Trump.
“Este acordo é uma resposta política importante para impedir que o mundo volte a uma situação bipolar que a esta altura não interessa a ninguém. Os defensores da democracia, da sustentabilidade e da liberdade devem colaborar para que o multilateralismo se recoloque com força para que formas sustentáveis de desenvolvimento econômico e relações entre os países possam prosperar”, argumentou o ministro, de acordo com a reportagem.
Lombard, por sua vez, reconheceu entraves no campo agrícola e ambiental, mas indicou que há disposição para seguir negociando. “As condições hoje não estão reunidas, mas continuaremos a trabalhar”, disse o ministro francês.
Haddad concluiu destacando que há forte complementaridade entre as economias dos dois blocos. “Nossas economias são complementares. Se as integrarmos, podemos torná-las mais competitivas tanto do ponto de vista da agricultura quanto do industrial”, afirmou.
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