"Gabriel Galípolo está errado", diz José Dirceu
Ex-ministro e ex-presidente do PT quebra o silêncio em relação à política de juros altíssimos conduzidas pelo Banco Central
247 – Em entrevista publicada pelo UOL Economia nesta terça-feira (27), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu fez duras críticas à condução da política econômica brasileira e apontou a necessidade urgente de reformas estruturais no país. "A política monetária não tem mais os efeitos que tinha no ado. O próprio FED reconhece isso, na União Europeia se reconhece isso", afirmou, ao contestar o atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o uso continuado dos juros altos como ferramenta de combate à inflação.
Para Dirceu, há um equívoco histórico na forma como o Brasil enfrenta a inflação. Segundo ele, a alta nos preços não decorre de uma inflação de demanda — que justificaria o aumento dos juros — mas de fatores estruturais como o custo de energia e alimentos. "Nos Estados Unidos, isso não entra no cálculo. A Europa subsidiou os alimentos e os aluguéis. Os Estados Unidos emitiram 5 trilhões de dólares, a Europa está emitindo 800 bilhões de euros com uma política industrializante", destacou, sugerindo que o Brasil está na contramão das principais economias do mundo.
Ao longo da entrevista, Dirceu defendeu que o país precisa de um projeto claro de crescimento e desenvolvimento. Para isso, considera indispensável realizar reformas estruturais. “Se o país quer crescer, o país precisa fazer reformas”, disse. Ele lamentou que o debate público esteja dominado por uma visão fiscalista que insiste em cortes de gastos sociais. “Agora nós voltamos com o governo de gastança, que precisa cortar gastos. Em Nova York, e mesmo aqui no Brasil, está se insistindo — com apoio da Faria Lima — que precisamos privatizar a Petrobras, os bancos públicos, desvincular o salário mínimo da Previdência, tirar os pisos da saúde e da educação”, criticou.
Dirceu também chamou a atenção para o que considera um colapso do sistema político brasileiro. “Nós estamos fazendo de conta que nada está acontecendo, como se o eleitor, o cidadão e a cidadã não tivessem observado o que está acontecendo no parlamento”, afirmou. Ele defendeu a reforma política como uma prioridade nacional, condenando a atual estrutura que, segundo ele, favorece a ineficiência institucional.
Outro ponto abordado foi a questão das emendas parlamentares. Para Dirceu, o uso indiscriminado das emendas impositivas, somado ao aumento do número de deputados, revela uma crise de governabilidade e de representação. “Nós sabemos o que está custando para o país essa disfunção política e institucional que estamos vivendo”, declarou.
Concluindo sua análise, o ex-ministro afirmou que o maior erro atual do Brasil é viver em estado de negação. “Eu acredito que o que está errado é que o Brasil está negacionista”, disse, ao criticar a recusa em enfrentar os verdadeiros obstáculos ao desenvolvimento nacional.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: