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      Escritório de advocacia que move ação coletiva contra a Vale acumula dívida bilionária e pode falir

      Pogust Goodhead, que representa 620 mil brasileiros no caso Mariana, enfrenta prejuízo contábil de R$ 3,2 bilhões e incertezas sobre sua continuidade

      Logo da Vale (Foto: Washington Alves/Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Um dos mais destacados escritórios de advocacia do Reino Unido especializado em ações coletivas, a Pogust Goodhead (PGMBM), responsável pela representação de vítimas da tragédia de Mariana contra a mineradora Vale, enfrenta uma grave crise financeira. De acordo com reportagem publicada pelo Law Gazette, uma auditoria independente apontou “incerteza material” sobre a capacidade da firma de continuar operando, diante de uma dívida líquida superior a R$ 3,2 bilhões (equivalente a mais de £500 milhões).

      As demonstrações financeiras referentes a 2022 foram divulgadas nesta semana com 18 meses de atraso. Embora o escritório tenha registrado um faturamento recorde de cerca de R$ 340 milhões (aproximadamente £53 milhões), impulsionado por um acordo com a Volkswagen, o resultado operacional foi negativo em R$ 327 milhões (£51 milhões), e o prejuízo antes dos impostos chegou a R$ 1,87 bilhão (£292 milhões). Os dados revelam que os ivos de curto prazo totalizam hoje cerca de R$ 3,34 bilhões (£522 milhões), quase o dobro do registrado no ano anterior.

      Auditoria alerta para risco de colapso

      O relatório de auditoria, assinado por Geoff Wightwick da MHA, destaca que o grupo necessita de novos aportes para cumprir suas obrigações nos próximos 12 meses. “Embora as negociações para obter esse financiamento adicional estejam em andamento, no momento da aprovação destas demonstrações financeiras não havia nenhum acordo formal firmado”, alertou o auditor. “Esses eventos ou condições… indicam que existe uma incerteza material que pode lançar dúvidas significativas sobre a capacidade do grupo e da empresa de continuar operando.”

      Apesar do alerta, a Pogust Goodhead afirma que o modelo de negócios é baseado em litígios de longo prazo com elevado potencial de retorno. “Nosso negócio é construído sobre a força de nosso portfólio de litígios, não em ciclos financeiros tradicionais”, afirmou um porta-voz. “O portfólio crescente de ativos de litígios de alto valor oferece uma base sólida para a geração de receita no longo prazo.”

      Caso Mariana e estrutura financeira

      Fundado em 2018, o escritório lidera ações de grande visibilidade, como a que representa mais de 620 mil brasileiros afetados pelo rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale e pela BHP. A audiência principal do processo, que tramita no Reino Unido, foi concluída no mês ado após quatro meses.

      Em outubro de 2023, a firma obteve um empréstimo de R$ 2,87 bilhões (£450 milhões) com a gestora americana Gramercy Funds Management, considerado o maior já concedido a um escritório de advocacia britânico. No entanto, a empresa possui sete encargos financeiros registrados junto a dois credores diferentes, segundo os arquivos da Companies House.

      A Pogust Goodhead argumenta que os ivos contábeis refletem um “descomo” entre as receitas futuras esperadas e as obrigações financeiras atualmente reconhecidas. Embora as dívidas estejam listadas como de curto prazo, a maioria tem prazos finais entre três e cinco anos.

      Polêmicas, reestruturação e cortes

      Os documentos mostram ainda que o sócio-diretor Tom Goodhead recebeu um adiantamento de R$ 27 milhões (£4,24 milhões), livre de juros e garantias, quantia que depois foi perdoada. A empresa declarou que tais transações não representam a totalidade da estrutura financeira global. “As transações reportadas nas contas refletem apenas as empresas britânicas e não mostram o apoio significativo que o acionista tem dado ao grupo ao longo dos anos.”

      Em 2022, a Pogust Goodhead adquiriu a PGMBM Law Ltd por cerca de R$ 36 milhões (£5,6 milhões), em movimento descrito como estratégico. Ao final daquele ano, o escritório contava com 192 colaboradores, dos quais 131 eram profissionais jurídicos. A remuneração dos diretores totalizou R$ 1,5 milhão (£231.018).

      Contudo, diante das dificuldades, a empresa anunciou o corte de cerca de 100 postos de trabalho, incluindo equipes de call center no Brasil e no Reino Unido. “Operações em litígios coletivos têm cronogramas longos, assim como nossos financiamentos”, disse o porta-voz. “Nossa próxima rodada de captação está sendo finalizada com um investidor já existente, com base na confiança contínua em nossos casos.”

      Segundo o site oficial da firma, o portfólio atual inclui litígios avaliados em mais de US$ 5 bilhões. Goodhead, CEO e cofundador, é graduado em Filosofia, Política e Economia pela Universidade de Oxford e possui mestrado pela Universidade de Cambridge. Também é formado em Direito pela City University e University of Law, em Londres.

      Reputação e futuro incerto

      Apesar das garantias da empresa sobre sua solidez, a publicação da auditoria revela preocupações reais sobre a sustentabilidade de um modelo altamente dependente de decisões judiciais favoráveis e acordos bilionários. O alerta sobre a “incerteza material” poderá influenciar a confiança de credores e investidores em futuras rodadas de financiamento, enquanto os processos continuam em curso, inclusive o mais relevante: a tentativa de responsabilizar as gigantes mineradoras pelo desastre de Mariana.

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