China reage com agilidade para estabilizar mercados em meio à turbulência financeira global

247 – Diante da recente turbulência nos mercados financeiros globais, causada principalmente pela imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos, a China anunciou uma série de ações intensivas e coordenadas para estabilizar seus mercados de capitais. As informações são da agência chinesa Xinhua, que reportou nesta terça-feira (8) as principais medidas adotadas por Pequim para mitigar os efeitos do choque externo.

Na segunda-feira (7), os principais índices acionários chineses — entre eles o Shanghai Composite Index, o Shenzhen Component Index e o ChiNext Index — sofreram quedas significativas, refletindo o impacto das oscilações internacionais. Como resposta imediata, empresas estatais de operações de capital começaram a adquirir ações domésticas, demonstrando forte confiança na recuperação e no potencial de longo prazo do mercado chinês.

Intervenção coordenada das estatais

Um dos destaques do pacote de medidas foi a atuação da Central Huijin Investment Ltd., empresa estatal que exerce papel estratégico no sistema financeiro chinês. Em nota divulgada nesta terça-feira, a empresa confirmou que aumentou novamente sua participação em fundos negociados em bolsa (ETFs) e que continuará realizando aportes com o objetivo de “salvaguardar de forma resoluta” a estabilidade do mercado.

Controladora ou acionista relevante em mais de 20 instituições financeiras, a Central Huijin é frequentemente comparada a um “fundo de estabilização” desde que assumiu um papel central em sustentar os mercados durante a crise global de 2008. O Banco Central da China (PBoC), por sua vez, prometeu apoio firme à Central Huijin, assegurando que proverá liquidez adicional por meio de instrumentos de reempréstimo sempre que necessário.

Além da Huijin, outras importantes estatais de investimento também atuaram de forma coordenada. Entre elas, destacam-se a China Chengtong Holdings Group Ltd., a China Reform Holdings Corporation Ltd. e sete empresas listadas sob controle da China Merchants Group, que anunciaram recompra de ações ou aumento de suas participações nos mercados de capitais.

Reforço regulatório e incentivo ao setor produtivo

No mesmo dia, a istração Nacional de Regulação Financeira da China anunciou novas diretrizes que ampliam o limite de investimentos em ações realizados por fundos de seguradoras. As novas regras favorecem investimentos em setores estratégicos emergentes e buscam impulsionar o surgimento de novas forças produtivas de qualidade, com ênfase na inovação tecnológica.

Especialistas interpretaram as ações como um sinal claro do compromisso do governo chinês com a estabilidade e o desenvolvimento sustentável do mercado financeiro. Para Wang Qing, analista-chefe de macroeconomia da Golden Credit Rating, “em um momento de incerteza crescente no comércio global e de fortes oscilações nos mercados internacionais, a atuação rápida e decisiva do capital estatal chinês ajudará a orientar as expectativas do mercado e a mitigar os efeitos dos choques externos”.

Confiança no futuro e aposta em inovação

A Central Huijin destacou, em sua comunicação oficial, que a base para uma recuperação econômica sólida da China está cada vez mais consolidada. “O desenvolvimento de alta qualidade do país avança de forma constante, com o crescimento dinâmico de novas forças produtivas e a valorização das inovações tecnológicas, o que dá e robusto ao crescimento saudável dos mercados de capitais”, afirmou a instituição.

Com a entrada de novas empresas inovadoras na bolsa e a atratividade dos ativos centrais das ações A (negociadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen), a empresa estatal reconheceu que os atuais níveis de avaliação estão entre os mais baixos da história recente, configurando um momento oportuno para reforçar investimentos.

Por fim, a Central Huijin se comprometeu a intensificar seus aportes com foco no longo prazo e no papel estratégico de capital paciente, visando garantir a sustentabilidade e a resiliência do mercado financeiro chinês diante dos desafios externos.