BYD levanta US$ 5,59 bilhões em Hong Kong na maior venda de ações dos últimos quatro anos

Reuters – A BYD, maior fabricante de veículos elétricos da China, arrecadou US$ 5,59 bilhões em uma venda primária de ações em Hong Kong, marcando a maior oferta do gênero na cidade nos últimos quatro anos. A informação foi divulgada pela Reuters nesta terça-feira (4), destacando que o montante captado supera a previsão inicial de 118 milhões de ações, chegando a um total de 129,8 milhões.

A operação reforça o apetite do mercado financeiro pelo setor automotivo chinês e posiciona a BYD como uma das empresas mais influentes na transição global para veículos eletrificados. Apesar da movimentação bilionária, as ações da BYD abriram em queda de 8% na Bolsa de Hong Kong nesta terça-feira, reflexo do desconto de 7,8% aplicado no preço da emissão em relação ao fechamento do dia anterior.

A venda das ações também contou com a participação estratégica do Al-Futtaim Family Office, grupo dos Emirados Árabes Unidos, que planeja estreitar laços com a montadora chinesa. Os detalhes do volume investido pelo conglomerado não foram divulgados, mas a parceria pode ampliar a atuação da BYD no Oriente Médio, região onde montadoras chinesas vêm tentando expandir suas exportações.

Expansão acelerada e liderança no setor

A BYD tem se consolidado como a principal montadora da China desde 2022, alavancada por sua ampla gama de veículos eletrificados a preços competitivos. Em 2024, a empresa comercializou mais de 4 milhões de carros, sendo que mais de 90% das vendas ocorreram dentro do mercado chinês. A empresa também detém mais de um terço das vendas combinadas de veículos elétricos e híbridos plug-in no país.

Os recursos captados serão direcionados para expansão internacional, pesquisa e desenvolvimento, ampliação da capacidade produtiva e capital de giro. A meta da BYD para 2025 é ambiciosa: vender entre 5 milhões e 6 milhões de veículos globalmente, alcançando volumes equivalentes a gigantes do setor como General Motors e Stellantis.

Em fevereiro, a montadora lançou 21 modelos de carros elétricos e híbridos plug-in, com preços a partir de US$ 9.555, integrando tecnologia avançada de direção inteligente. Para fortalecer sua presença internacional, a empresa tem investido na ampliação de fábricas e no aumento do quadro de funcionários. Atualmente, a BYD emprega cerca de 1 milhão de trabalhadores, superando Toyota e Volkswagen em termos de força de trabalho.

Perspectivas do mercado e impactos geopolíticos

A movimentação financeira da BYD ocorre em um momento de crescente apoio governamental ao setor privado na China. Um encontro recente entre lideranças tecnológicas e o presidente chinês Xi Jinping reforçou sinais de maior e político às grandes empresas nacionais, o que tem impulsionado as ações do setor.

Os papéis da BYD acumulam uma valorização de 36,38% no mercado de Hong Kong em 2024, enquanto na Bolsa de Shenzhen, onde também é listada, a alta chega a 27,4% no mesmo período. Um dos desafios para a companhia é a recente imposição de tarifas adicionais de 17% sobre seus veículos elétricos na União Europeia, o que a levou a apostar em modelos híbridos como alternativa para manter sua competitividade na região.

De acordo com uma análise do Citigroup, a decisão de levantar recursos no mercado de Hong Kong tem como objetivo acelerar os planos de internacionalização da BYD. O banco apontou que, embora a empresa tenha grande liquidez dentro da China, as restrições para transferência de capital para o exterior dificultam a expansão global.

Com a captação recorde, a BYD se posiciona para consolidar ainda mais sua presença global, reforçando seu papel de protagonista na revolução da mobilidade elétrica.