Ações europeias fecham no menor nível em mais de 14 meses com mercados pressionados por volatilidade da guerra comercial
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deu sinais de que pretende suspender tarifaço
7 de abril (Reuters) – As ações europeias despencaram em uma sessão volátil nesta segunda-feira, com o índice STOXX 600 fechando no menor nível desde janeiro de 2024, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não dar sinais de que pretende recuar em sua agressiva guerra comercial.
O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 4,5%, acumulando sua quarta sessão consecutiva de perdas. As principais bolsas da região fecharam em queda entre 4% e mais de 5%.
O índice de referência da Alemanha, sensível ao comércio internacional, chegou a recuar 6,4% ao longo do dia, acumulando uma queda superior a 20% desde sua máxima histórica de março — o que o colocaria oficialmente em um mercado de baixa (bear market). Apesar disso, recuperou parte das perdas e encerrou o dia com queda de 4,3%.
O índice de volatilidade V2TX saltou para 46,72, o maior nível em mais de três anos.
Uma série de manchetes manteve os investidores em alerta ao longo do dia. As bolsas chegaram a reduzir as perdas após uma reportagem indicar que Trump estaria considerando uma pausa de 90 dias nas tarifas para todos os países, exceto a China. No entanto, os ganhos se dissiparam rapidamente após a Casa Branca classificar a reportagem como “notícia falsa”.
Todos os setores fecharam no vermelho, com o índice dos bancos europeus confirmando mercado de baixa — queda acumulada de mais de 20,9% desde a máxima de março.
Investidores também realizaram lucros em ações de fabricantes de armas, que haviam disparado no início do ano com a perspectiva de aumento nos gastos com defesa. As ações do setor recuaram mais de 5%.
“Se os EUA pegam um resfriado, o resto do mundo pega gripe”, disse Barry Knapp, sócio da Ironsides Macroeconomics.
“Foi ingenuidade achar que era possível se proteger em mercados estrangeiros, porque os EUA são a maior fonte de demanda global final.”
O temor de que a escalada da guerra comercial prejudique fortemente o crescimento econômico e aumente a inflação abalou os mercados acionários globais nas últimas semanas, com investidores buscando ativos mais seguros. As apostas em cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Federal Reserve (Fed) dos EUA também aumentaram.
O BCE estima que uma tarifa generalizada imposta pelos EUA poderia reduzir o crescimento da zona do euro em 0,3 ponto percentual no primeiro ano. Caso a UE adote tarifas de retaliação, o impacto pode subir para 0,5 ponto percentual.
O mercado agora precifica quase dois cortes de juros nas próximas duas reuniões do BCE.
Enquanto isso, a União Europeia se prepara para responder. O bloco informou que começará a cobrar tarifas retaliatórias sobre determinados produtos importados dos EUA já na próxima semana, ainda que os ministros do comércio tenham reafirmado a preferência por negociações em vez de retaliação.
As contramedidas europeias devem atingir importações no valor de menos de 26 bilhões de euros.
O banco Barclays reduziu sua projeção para o índice STOXX 600 no fim do ano, de 580 para 490 pontos — mas reconheceu que “definir uma previsão numérica neste momento tem pouco valor, já que não há precedentes nem estrutura fundamental confiável para lidar com esta crise”.
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