A DeepSeek acabou de furar a bolha da IA corporativa nos EUA?
Fundada em 2023 por Liang Wenfeng, a startup treinou seu modelo R1 com apenas US$ 5,6 mi — em contraste com os US$ 7 bi gastos pela OpenAI em 2024
247 - A DeepSeek, startup chinesa de inteligência artificial, abalou mercados globais nesta segunda-feira (27) ao anunciar o lançamento do modelo R1, capaz de rivalizar com os principais sistemas de IA dos Estados Unidos, como os da OpenAI, mas a uma fração do custo. A declaração, junto com dados preliminares de desempenho, provocou quedas significativas em ações de empresas de tecnologia e levantou dúvidas sobre o modelo de negócios predominante no Ocidente.
Segundo o investidor veterano Marc Andreessen, o anúncio da DeepSeek marca um momento equivalente ao "Sputnik" no campo da IA, simbolizando a ascensão chinesa na corrida tecnológica. Fundada em 2023 por Liang Wenfeng, um empreendedor comparado ao norte-americano Sam Altman, a startup afirmou que treinou seu modelo R1 com apenas US$ 5,6 milhões — em contraste com os US$ 7 bilhões gastos pela OpenAI em 2024.
O modelo já lidera o ranking de s na App Store e promete funcionalidades de alto nível em traduções, análises de dados e automação, além de ser oferecido gratuitamente em diversas línguas, incluindo o português.
Impacto global e reações de mercado - A repercussão foi imediata e dramática. De acordo com cálculos da Folha de S.Paulo, o mercado global de tecnologia perdeu cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado em um único dia. A Nvidia, maior fornecedora de chips de IA, registrou sua maior perda diária, com uma desvalorização de US$ 465 bilhões. Outras gigantes como Oracle, Microsoft, Alphabet e Meta também sofreram quedas entre 3% e 8%.
Na Europa e no Japão, empresas como ASML e SoftBank, bem como fornecedoras de infraestrutura como Siemens Energy e Schneider Electric, foram fortemente afetadas. Essa reação reflete a incerteza sobre a capacidade das empresas ocidentais de competir com o modelo econômico mais enxuto e eficiente da DeepSeek.
Analistas destacaram o impacto das restrições impostas pelos EUA à exportação de chips e tecnologias para a China. Apesar das limitações, a DeepSeek demonstrou criatividade e eficiência, adaptando-se com recursos mais limitados. A startup utilizou chips Nvidia H800, que escaparam das restrições mais rígidas, para desenvolver seus modelos de forma significativamente mais barata. Essa abordagem não apenas barateou os custos, mas também tornou seus sistemas mais comercialmente viáveis para integração empresarial, desafiando o modelo ocidental de altos investimentos e retorno incerto.
A ameaça ao modelo ocidental - A estratégia de negócios da DeepSeek levanta questionamentos sobre a sustentabilidade dos custos cobrados por empresas como Microsoft e OpenAI. O preço do Copilot da Microsoft, por exemplo, chega a US$ 30 por usuário, enquanto o ChatGPT Pro custa US$ 200 por mês. Tais cifras podem se tornar inviáveis à medida que startups como a DeepSeek intensificam a concorrência e reduzem os preços no mercado.
Além disso, a abertura do DeepSeek R1 pode facilitar a entrada de novos competidores, tornando o mercado ainda mais dinâmico.
O lançamento da DeepSeek ocorre em um momento estratégico, quando os EUA e a China disputam a liderança global em inteligência artificial. O projeto Stargate, anunciado recentemente pelo governo dos EUA, visa investir US$ 500 milhões em infraestrutura de IA, mas o avanço chinês coloca pressão adicional sobre o Ocidente.
O presidente Xi Jinping já havia delineado a ambição de transformar a China em líder global de IA até 2030, estratégia impulsionada por parcerias público-privadas com gigantes como Baidu e Alibaba. Agora, startups como a DeepSeek demonstram que o país está rapidamente consolidando essa posição.
[Com informações do artigo Did China’s DeepSeek just burst the enterprise AI bubble?, de Lara Williams, no Verdict]
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