Trajetória da dívida preocupa e é preciso criar condições para queda de juros, diz Haddad
O ministro afirmou não acreditar que a atuação do Banco Central no combate à inflação perdeu potência sob impacto do quadro fiscal
BRASÍLIA (Reuters) - É preciso criar as condições necessárias para que os juros no país não fiquem em um patamar elevado por muito tempo, e a atual trajetória de alta da dívida pública preocupa o governo, disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Em entrevista à CNN Brasil, Haddad afirmou não acreditar que a atuação do Banco Central no combate à inflação perdeu potência sob impacto do quadro fiscal e disse esperar que o efeito da política de juros será muito maior do que as pessoas imaginam.
"No que diz respeito à Fazenda, é trabalhar o fiscal estruturalmente", disse, quando questionado sobre como pretende tratar o endividamento público ascendente.
"Você tem que criar as condições também para que esses juros não fiquem nesse patamar por muito tempo", acrescentou, em referência ao fato de o Tesouro estar adotando taxas mais elevadas em suas negociações de títulos públicos, para rolagem da dívida.
Em um ambiente de inflação acima da meta, expectativas desancoradas e desconfiança do mercado com a gestão fiscal do governo, o BC elevou os juros básicos em 1 ponto percentual em dezembro, a 12,25% ao ano, prevendo mais duas altas equivalentes, em janeiro e março.
Para o ministro, a política monetária terá efeito, enquanto a política fiscal "tem que ser mais perseverante".
“Não acredito em dominância fiscal neste momento, eu acredito que a política monetária vai fazer efeito sobre a inflação”, afirmou.
Perguntado sobre a possibilidade de apresentação de novas medidas de ajuste nas contas públicas, ele afirmou que não pode antecipar iniciativas que sequer apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, argumentando que seu trabalho diário é "arrumar a bagunça" que herdou do governo ado e melhorar o ambiente de negócios".
O ministro acrescentou que o governo tem que "pensar bem" ao formular projetos porque as iniciativas de ajuste precisam penalizar menos as pessoas mais pobres, que dependem mais dos serviços públicos.
Na entrevista, Haddad disse que o país provavelmente cresceu 3,5% em 2024. Na semana a, ele havia afirmado que a projeção da pasta para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024 era de 3,6%. A previsão oficial mais recente da Fazenda, de novembro, apontava para uma alta de 3,3%.
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