PF deflagra 9ª fase da Operação Sisamnes e investiga vazamento de dados sigilosos
Nova etapa apura o antecipado a operações da PF e possíveis privilégios ilegais concedidos a investigado preso
247 - A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (30) a 9ª fase da Operação Sisamnes, que tem como foco aprofundar as apurações sobre o vazamento e a venda de informações sigilosas de investigações em curso. A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), inclui o cumprimento de três mandados de busca e apreensão em Palmas (TO), além da imposição de medidas cautelares que impedem dois investigados de deixarem o país ou manterem contato entre si. Ambos tiveram seus aportes recolhidos.
As investigações revelam que os alvos teriam tido o antecipado a detalhes de operações policiais da própria PF, o que comprometeu a eficácia de medidas judiciais. Além disso, a nova etapa busca apurar se um dos presos no âmbito da Sisamnes tem recebido benefícios indevidos enquanto cumpre detenção.
Conexões com corrupção e milícia clandestina - A 9ª fase ocorre na esteira de outras revelações graves feitas nas fases anteriores. Na quinta-feira (29), a PF avançou na 8ª fase da mesma operação, centrada em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT). Um magistrado teria recebido altas quantias em propina para conceder decisões judiciais favoráveis. Segundo a corporação, um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro foi montado para disfarçar os pagamentos. As medidas autorizadas pelo STF incluíram busca e apreensão, afastamento do juiz Ivan Lúcio Amarante, bloqueio de até R$ 30 milhões em bens, além da retenção do aporte do investigado.
Um dia antes, na quarta-feira (28), a PF havia revelado um núcleo ainda mais inquietante. Investigadores encontraram indícios de que militares da ativa e da reserva fundaram uma empresa clandestina com o nome de “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”. A fachada, formalmente registrada como empresa de segurança, seria usada para práticas ilegais, incluindo espionagem e assassinatos por contrato.
Uma das provas recolhidas foi uma tabela manuscrita com valores supostamente destinados à vigilância — ou execução — de figuras públicas. Os preços variavam conforme o alvo: R$ 250 mil para ministros do Judiciário, R$ 150 mil para senadores, R$ 100 mil para deputados e R$ 50 mil para cidadãos comuns. A PF ainda não descartou a hipótese de que os valores envolvessem também execuções.
Coronel da reserva voltou a ser alvo - Entre os alvos dessa fase anterior está o coronel da reserva do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas, que já se encontrava preso por decisão da Justiça estadual mato-grossense. Agora, ele foi novamente detido, desta vez por ordem do STF, após a descoberta da tabela em sua residência. Sua defesa nega envolvimento e afirma que seu nome teria sido citado sob tortura por um dos executores do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá.
Além de Caçadini, outras quatro pessoas também foram alvo de mandados de prisão. As ações incluem monitoramento eletrônico e novas diligências autorizadas pelo ministro Cristiano Zanin, do STF.
Celular de advogado morto expôs articulações no Judiciário - O caso do advogado Zampieri se tornou um ponto-chave nas investigações. Após seu homicídio, o celular apreendido pela PF revelou provas de corrupção que envolvem até desembargadores e assessores ligados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os dados foram compartilhados com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em documento enviado ao STF, a Polícia Federal apontou registros manuscritos com referências a autoridades, incluindo parlamentares do Congresso e ministros do próprio Supremo. A corporação descreve o grupo “Comando C4” como uma organização criminosa de perfil político e empresarial voltada à prática de crimes graves.
O avanço das investigações tem exposto conexões preocupantes entre agentes públicos, integrantes do Judiciário e forças de segurança, em um cenário que combina corrupção sistêmica com motivações ideológicas e violência.
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