Juiz do TSE ajudou coronel no monitoramento de Moraes, disse Cid
O tenente-coronel afirmou que o omnitoramento do ministro foi pedido de Bolsonaro
247 - O tenente-coronel Mauro Cid, delator no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado, revelou detalhes sobre o envolvimento de militares e membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um esquema de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, informa O Globo. Em sua delação, Cid afirmou que um dos militares envolvidos na organização recebia informações sobre a agenda do ministro diretamente de um juiz do TSE. A declaração ocorreu durante seu depoimento à Polícia Federal, no dia 19 de novembro de 2024.
"Sobre o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, reforço o que eu falei aquela vez, foi pedido pelo presidente Bolsonaro, e o contato lá do coronel Câmara era um elemento do TSE. Eu não sei, eu não tenho contato, eu nunca falei, eu nunca", afirmou Cid na ocasião. De acordo com a investigação da Polícia Federal, a operação golpista envolvia não apenas o monitoramento de Moraes, mas também um plano de assassinato contra diversas autoridades, com o próprio ministro como alvo. Além disso, foi identificado que o ministro foi vigiado por militares de um batalhão especial do Exército, denominado "kids pretos".
Em conversas mantidas por Cid e o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro, em dezembro de 2022, ficou evidenciado o monitoramento da agenda de Moraes. Eles usavam o codinome "professora" para se referir ao ministro. Em uma das mensagens, enviada por Câmara a Cid no dia 16 de dezembro de 2022, o coronel descreve os deslocamentos de Moraes: "Viajou para São Paulo hoje, retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo", relatou Câmara.
Cid, por sua vez, confirmou no depoimento à PF que, na mesma data, o monitoramento foi solicitado por pessoas envolvidas na ação golpista, que pediram informações detalhadas sobre os movimentos de Moraes. O tenente-coronel reiterou que o contato de Câmara era um juiz do TSE, embora tenha afirmado não saber se este teria o direto à agenda do ministro. "Não sei se ele tinha o à agenda do ministro. Eu, assim, eu não posso dizer que era ele. Eu sei que, na parte do TSE [...] Na parte de urnas, aquele negócio todo, quem ava as informações era ele, a parte mais técnica, ali, da coisa", afirmou Cid.
O depoimento gerou um momento de correção por parte de Moraes, que corrigiu Cid ao esclarecer que não se tratava de um ministro, mas de um juiz do TSE que já havia sido identificado pela investigação. "Não é um ministro, é um juiz que nós já identificamos", disse Moraes, sem revelar o nome do magistrado envolvido.
Em outro trecho de seu depoimento, Cid afirmou que foi o ex-presidente Jair Bolsonaro quem solicitou o monitoramento de Moraes, confirmando que as ordens para tais ações partiram diretamente da Presidência da República. "Essa aí foi o presidente que pediu. Essa aí foi o próprio presidente que pediu", declarou Cid, referindo-se ao monitoramento.
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