Denúncia da PGR inclui aliados de Bolsonaro por tentativa de interferência nas eleições de 2022
Denúncia aponta estratégia bolsonarista para dificultar votação em cidades onde Lula teve vantagem no primeiro turno
247 - A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma suposta trama de golpe de Estado, aponta que aliados do ex-mandatário também tentaram interferir no segundo turno das eleições de 2022. De acordo com o jornal O Globo, a PGR sustenta que a então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, solicitou um mapeamento de “Business Intelligence “para identificar municípios onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno.
"O uso dessa ferramenta era considerado essencial para a execução do plano de manutenção de Jair Bolsonaro no poder, pois visava reverter o favoritismo do adversário, demonstrado tanto nos resultados do primeiro turno quanto nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno", destaca um trecho da denúncia, de acordo com a reportagem.
O analista de inteligência responsável pela coleta dos dados, Clebson Vieira, teria manifestado "perplexidade" com as solicitações e confirmou que suas análises orientaram a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), então comandada por Silvinei Vasques, durante o segundo turno da disputa presidencial.
Entre o primeiro e o segundo turno, Marília Alencar intensificou reuniões com o então ministro da Justiça, Anderson Torres. O objetivo dos encontros teria sido revelado em mensagens trocadas com o então diretor de operações do ministério, Fernando Oliveira. A operação tinha como foco principal a região Nordeste, onde uma planilha detalhava 37 cidades que deram ampla vitória a Lula no primeiro turno. Entre elas estavam Capitão Gervásio Oliveira (PI), Boquira (BA), Santa Inês (PB), Ibimirim (PE), Araripe (CE), Caetanos (BA), Alagoinha (PE), Bodocó (PE) e Monte Santo (BA).
O levantamento também incluiu dados sobre o estado de Minas Gerais, com abas nomeadas como “MG MAIOR QUE 75% LULA” e "MG MAIOR QUE 50% BOLSO", sugerindo monitoramento dos redutos eleitorais de ambos os candidatos.
As investigações apontaram, ainda, que um grupo de mensagens intitulado “EM OFF” discutiu detalhes da operação, incluindo possíveis interferências em cidades como Porto Alegre e Pelotas, no Rio Grande do Sul, e Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Em uma das mensagens, Marília Alencar teria escrito: “Belford Roxo o prefeito é vermelho, precisa reforçar pf”, referindo-se a Waguinho (Republicanos), que, em 2022, apoiou publicamente a candidatura de Lula.
“A troca de mensagens revela uma intensa coordenação de estratégias para interferir no processo eleitoral. As investigações indicam a existência de uma ampla rede de comunicação entre os envolvidos, com evidências de reuniões e decisões tomadas para garantir, por meio de ações conjuntas e até do uso da força policial, a vitória de Jair Bolsonaro”, destaca a PGR no documento.
Os denunciados podem responder por abuso de poder, improbidade istrativa e possível tentativa de obstrução do processo eleitoral. O caso segue em análise no Supremo Tribunal Federal (STF).
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