Braga Netto muda defesa e define estratégia para tentar reverter prisão por envolvimento em trama golpista
General Walter Braga Netto acredita que pode anular sua prisão ao apresentar uma versão própria sobre encontros com "kids pretos"
247 - O general Walter Braga Netto, preso no sábado (15) pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter jair Bolsonaro (PL) no poder, não apenas mudou de advogado, mas também delineou uma nova estratégia de defesa no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Segundo a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, o seu novo defensor, José de Oliveira Lima, garantiu que Braga Netto não pretende recorrer à delação premiada e aposta na reinterpretação de dois eventos chave para tentar reverter sua prisão.
Segundo interlocutores próximos à família ouvidos pela reportagem, o general acredita que pode anular sua detenção ao apresentar uma versão própria sobre os episódios mais complicados de sua situação. O primeiro evento envolve uma reunião em seu apartamento em Brasília, em novembro de 2022, com um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como "kids pretos".
A PF afirma que o encontro tinha como objetivo discutir um plano de golpe de Estado, mas, segundo Braga Netto, o encontro foi apenas uma reunião para tirar uma foto com o coronel Raphael Oliveira. Este oficial, por sua vez, esteve envolvido na operação Copa 2022, que visava intimidar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e até sequestrar o magistrado, além de ass o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice, Geraldo Alckmin.
A história da foto, alegadamente com Braga Netto, foi corroborada pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação premiada. No entanto, segundo a reportagem, o general refuta a credibilidade de Cid, após Cid apontar que ele teria financiado os golpistas, entregando dinheiro dentro de uma caixa de vinho, e ainda procurado o seu pai, general Mauro Lourena Cid, para questionar o conteúdo de sua delação, o que, segundo a PF, seria uma tentativa de obstrução da Justiça.
A estratégia de defesa de Braga Netto sinaliza uma mudança em relação à sua primeira manifestação pública sobre o caso. Após o indiciamento dele, de Bolsonaro e de outras 35 pessoas por envolvimento na trama golpista, o general não negou diretamente sua participação nos planos de golpe, mas focou em reafirmar sua lealdade a Bolsonaro, além de refutar a tese de um "golpe dentro do golpe".
Essa teoria surgiu após a revelação de que o plano de ruptura democrática envolveria a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise vinculado ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), coordenado por Braga Netto e comandado pelo general Augusto Heleno.
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