Itaipu Binacional cria projeto para salvar onças-pintadas
À TV 247, Pedro Teles, especialista da ITAIPU Binacional, discute os impactos da caça, desmatamento e perda de habitat da maior felina das Américas
Beatriz Bevilaqua, 247 - O Brasil abriga a maior população de onças-pintadas das Américas, com presença em todos os seus biomas: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. No entanto, é na Mata Atlântica e na Caatinga que a espécie enfrenta maior risco. Neste episódio do programa Brasil Sustentável, a TV 247 entrevista Pedro Teles, veterinário e especialista em animais selvagens. Atuando na ITAIPU Binacional, ele se dedica a projetos de conservação das onças, um dos grandes símbolos da biodiversidade brasileira. A onça-pintada é considerada o maior felino das Américas e a única representante do gênero Panthera no continente. Aqui no Brasil e na América, a onça-pintada é a representante deste grupo. “Elas são o maior predador terrestre das Américas. Então, é um animal que desempenha um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas onde vive. É a rainha da floresta”, afirma o especialista.
O desmatamento e a ocupação de áreas naturais para atividades humanas, como agricultura, pecuária e expansão urbana, representam uma das principais ameaças às onças. Esses animais dependem de um ambiente equilibrado para sobreviver e, ao mesmo tempo, ajudam a manter essa estabilidade ecológica. “Não que exista um equilíbrio perfeito, mas um ambiente minimamente estável é essencial para que ela possa existir”, explica.
Além da perda de habitat, outro fator que ameaça as onças é a caça. Mesmo em áreas protegidas, como parques nacionais e unidades de conservação, os felinos são alvo da ação humana. “Ainda temos áreas dentro de propriedades privadas que possuem matas preservadas. Mas, mesmo essas áreas são invadidas por caçadores”, afirma.
A justificativa para a caça geralmente está relacionada à proteção de animais domésticos e de criação. “Muitas vezes, as pessoas matam onças por retaliação. ‘Vou matar antes que ela coma meu cachorro ou minha vaca’. Às vezes, a onça nem chegou perto dos animais, mas é eliminada preventivamente.”
Além desse cenário, há a caça de onças-pintadas para o tráfico de partes delas, seja para fins místicos, terapêuticos ou de medicina tradicional. O tráfico de partes da onça-pintada não se limita às peles. “Essas partes podem ser usadas para criar peças exclusivas, como dentes, unhas, crânios e ossos”, acrescenta. “É triste, porque, infelizmente, na América, estamos vendo isso acontecer. O que os tigres viveram por muito tempo na Ásia, com a caça motivada por esses mesmos interesses, agora também acontece com as onças na América.”
Na região de Itaipu, é possível encontrar populações de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu, ao Sul, e no Parque Nacional de Ilha Grande, ao Norte, na divisa entre Mato Grosso do Sul e o Paraná. “A gente tem um território enorme com o reservatório da usina hidrelétrica, e estamos trabalhando na restauração florestal”, explica um especialista.
A Itaipu é reconhecida mundialmente pelo seu trabalho de restauração, sendo a usina que mais restaurou florestas no planeta. “Já temos 40, 50 anos de trabalho de restauração, e nosso objetivo é conectar esse território”, disse Pedro.
O grande objetivo da iniciativa é reconectar duas populações de onças-pintadas. “Nosso sonho é fazer com que as onças do Sul, do Parque Nacional do Iguaçu, cruzem com segurança para o Norte ou do Norte para o Sul, para encontrar outras famílias de onças e restabelecer essas conexões”, detalha.
Esse esforço envolve uma série de ações, incluindo a restauração da floresta e programas de educação ambiental. “Temos que garantir que as onças possam se deslocar livremente, como se fosse o habitat delas. Além disso, é crucial educar a população local sobre o valor desse trabalho”, afirma o especialista.
Com a crescente ocupação do território, a genética das onças-pintadas têm sido ameaçada, e muitas populações estão desaparecendo. “Com a ocupação da área, a genética dessas onças foi se perdendo aos poucos. Por isso, iniciamos um programa que busca reproduzir onças em cativeiro, como em zoológicos e criadouros, para preservar a genética da espécie”, explica.
O programa tem como objetivo criar uma reserva genética de onças-pintadas, possibilitando a reintrodução de animais nas florestas. “O objetivo é pegar uma onça que nasceu em cativeiro e devolvê-la à natureza, ajudando a revitalizar e reforçar as populações selvagens”, conclui.
Assista à entrevista:
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