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      Francisco Calmon

      Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

      146 artigos

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      Quintas-colunas do crescimento econômico

      Os arautos do mercado querem congelar o salário-mínimo, aumentar os juros e impedir o Brasil de crescer com justiça social

      Armínio Fraga (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil 247)

      Os arautos do mercado querem congelar o salário-mínimo, aumentar os juros e impedir o Brasil de crescer com justiça social.

      Quem precisa ser congelado é o brasileiro-norte-americano Armínio Fraga. E não é retórica. Realmente, os espaços dados ao banqueiro são desproporcionais à sua competência e eventual contribuição ao debate econômico.

      Armínio não entende de capitalismo — só entende de uma fração dele que é o capitalismo financeiro. Por isso, não compreende, à luz da história e do desenvolvimento capitalista, o papel que desempenham as melhorias salariais, porque forçam a busca por aumento da produtividade, via novas tecnologias e métodos de produção.

      Não foi e nem é o congelamento ou arrocho de salários que eleva a produtividade. É exatamente o contrário: esse é um fenômeno histórico.

      Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, declarou de forma enfática que o pleno emprego não deveria existir, pois gera, segundo ele, inflação. Isso porque os capitalistas diminuem o poder de negociação, já que não há mão de obra disponível para substituir, a qualquer tempo e hora, àqueles que estão na ativa com salários que satisfaçam suas necessidades elementares.

      Nessa mesma infame toada, o atual presidente do BC destacou recentemente: “BC tem dito que é necessário desacelerar a economia para conter as pressões inflacionárias”.

      O Presidente da República quer o país crescendo; o presidente do BC quer segurar o crescimento. Um foi eleito pelo povo, o outro foi indicado, com as bênçãos do mercado, para uma autarquia que o Congresso bolsonarista deu autonomia.

       “A economia a por um dinamismo excepcional e está bastante aquecida”, frisou o presidente do BC.

      “Quando a festa está ficando muito aquecida e o pessoal está subindo em cima da mesa, tira a bebida da festa. Mas também, quando o pessoal está querendo ir embora, você fala: ‘Fica, está chegando mais bebida, fiquem tranquilos, vai ter música, podem continuar na festa’. Então você tem esse papel meio chato de ser o cara que está sempre na contramão”, disse Galípolo.

      Que alegoria ele escolheu para comparar o crescimento do país! É assim que enxerga o papel do BC, como o sabotador da festa, como os truculentos seguranças que expulsam os convidados de uma festa. Nesta analogia, os convivas são os trabalhadores e famélicos do país.

      O desemprego e a fome, na cartilha ideológica dessa gente do mercado (Galípolo veio do mercado), são necessários para manter a ordem econômica.

      Quando o salário-mínimo é aumentado, o capital força engenheiros, ferramenteiros, enfim, técnicos e gestores a buscarem mais criatividade e performance para alcançar a meta permanente do capitalismo, ou seja, a maximização do lucro.

      Sendo Armínio Fraga um ideólogo do rentismo, conseguiu suscitar o velho debate quanto ao salário-mínimo — diga-se de agem, que é inconstitucional. Basta recorrermos à Constituição, artigo 7º, inciso IV, que estabelece: “salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. Por outro lado, reconhece-se que o salário-mínimo, na forma atual, serve mais aos empresários do que aos trabalhadores.

      O salário-mínimo real deveria ser aquele salário médio ou mediano da massa salarial, como referência. Deixando o salário-mínimo sem existência, sairíamos do mínimo para o médio, e todas as vezes que aumentassem os altos salários, o médio aumentaria.

      Atualmente o salário médio que o IBGE apresentou no final de fevereiro estava em R$ 3.428 e o mediano em R$ 3.378. (https://brasil247.informativomineiro.com/noticias/redacao/2025/03/28/salario---pnad-fevereiro.htm).

      Os democratas da justiça social deveriam retrucar e contraditar falas atrasadas, anacrônicas, de ideólogos ultraados — como Roberto Campos Neto, Armínio Fraga e o filhote do mercado, Galípolo, e outros que não vêm ao caso nomeá-los.

      Enquanto os altos salários correrem soltos no mundo institucional e no mundo privado, e o salário-mínimo continuar inconstitucional, estar-se-á praticando a injustiça social e a instabilidade democrática.

      A saída para isso é indexar o salário-mínimo ao salário máximo, de forma que, à guisa de exemplo, o maior salário não poderia ultraar o menor em mais de 12 vezes.

      A concentração de renda no Brasil é fator de desequilíbrio fiscal e social, e não o salário-mínimo.

      Toda vez que se aproxima da pauta de taxação dos ricaços, jogam o foco no salário, quando não é no mínimo, é no dos servidores públicos.

      O imperialismo, sendo o estágio maior do capitalismo (na atualidade representado pelos Estados Unidos), está vivendo uma crise estrutural de identidade, pois não se preparou e resiste ao movimento inevitável do fim do unilateralismo para o predomínio do multilateralismo.

      A esquerda, ao ter abandonado a luta ideológica, desertou da crítica imperiosa ao capitalismo predatório ao homem e à natureza, cujo modo de produção se esgota periodicamente, gera crises, e as soluções têm sido o desemprego massivo e as guerras de dominação e espoliação.

      A política de Trump é suicida, por um lado, mas, por outro, evidencia que não haverá mais volta atrás. A guerra tarifária está mostrando que, por ora, os Estados Unidos estão se fechando e diminuindo seus poderes internacionais.

      Na política, é necessário e tempestivo colocar na ordem do dia a análise do capitalismo e de sua elite, no sentido de criarmos uma massa crítica que tenha consciência e acelere a ruína do império estadunidense.

      Devemos aceitar o debate e retomar a luta ideológica, congelada com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, pois é capital para a conjuntura de reorganização internacional do poder.

      Por chacota, me ocorreu: será Galípolo o Fux da economia?

      Mas ele tem respaldo que começa no CMN, composto por ele, Fernando Haddad e Simone Tebet. A meta inflacionária mantida é irrealista e não será cumprida, por impossível, sob pena de retração econômica violenta, contudo, serve para justificar o aumento da SELIC.

      O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central são incapazes, tecnicamente despreparados e politicamente comprometidos com o sistema, mesmo quando este caminha para uma reforma mundial.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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