Paz ou diversionismo? O jogo de Trump e a expansão de Israel
Paz como diversionismo: como as negociações de Trump em relação à Ucrânia disfarçam o genocídio palestino e ajudam na expansão de Israel no Oriente Médio
O Teatro da Paz e a Cortina de Fumaça
Nos últimos anos, como expus em meu artigo "O teatro da paz na Ucrânia e o genocídio fora dos holofotes", a política internacional tem se transformado em um palco onde as promessas de paz são frequentemente feitas, mas raramente cumpridas. As negociações entre Donald Trump e Vladimir Putin, iniciadas em fevereiro de 2025, não am de uma encenação por parte do presidente norte-americano, uma cortina de fumaça criada para desviar os olhos do mundo do verdadeiro jogo de poder. Enquanto a atenção global se voltava para as negociações de paz na Ucrânia, um genocídio silencioso e uma expansão territorial implacável estavam em andamento em Gaza, Cisjordânia, Líbano e Síria. A paz, como sempre, nunca foi o objetivo; o que se procurava, como destaquei, era uma distração – uma narrativa falaciosa de diplomacia, enquanto Israel seguia sem resistência internacional, consolidando sua ocupação e intensificando o genocídio palestino.
Essas negociações de Trump com Putin foram, portanto, mais um episódio de um teatro geopolítico global, onde os verdadeiros interesses imperialistas eram protegidos por meio de uma ilusão de resolução para um conflito que, em essência, nunca precisou ser resolvido. Enquanto o mundo se alimentava da falsa promessa de paz na Ucrânia, a realidade no Oriente Médio era outra: uma contínua brutalidade, disfarçada de operações militares e justificativas de “segurança”. O verdadeiro "teatro da paz", como mencionei, não era sobre a resolução do conflito ucraniano, mas sobre esconder as intenções de uma potência imperialista que, ao mesmo tempo que fingia buscar a paz, permitia que Israel avançasse em sua política de ocupação e genocídio na Palestina.
O Papel de Trump e a Ilusão da Paz
O próprio conceito de paz, tão promovido nas negociações de Trump, se desintegra quando confrontado com a realidade das ações de Israel. As promessas de paz feitas por Trump a Putin pareciam ser uma tentativa de encerrar a guerra na Ucrânia, mas, à medida que os meses avam, ficava claro que a paz não era o real objetivo. As conversas de alto nível, repetidamente interrompidas por ações militares e declarações contraditórias, eram uma mera ilusão, uma distração estratégica.
Em contraste com essa ilusão, a verdadeira guerra, a verdadeira luta pela sobrevivência, acontecia longe das câmeras. Enquanto o mundo voltava seu olhar para a Ucrânia, Israel avançava com sua ocupação territorial e genocídio. Em Gaza, o deslocamento forçado de milhões de palestinos, a destruição de hospitais, escolas e redes de água não eram apenas tragédias humanas, mas uma manifestação clara de uma política expansionista que se escondia sob a falsa retórica da defesa de segurança. Trump, com sua política de desinformação e com um governo alinhado ao projeto imperialista, foi um facilitador dessa manipulação global. A paz, nesse cenário, se torna apenas uma fachada, um verniz para cobrir a contínua opressão do povo palestino.
A Expansão Territorial de Israel: O Cenário de Gaza, Cisjordânia, Líbano e Síria
À medida que as negociações de paz na Ucrânia se arrastavam, uma tragédia silenciosa se desenrolava no Oriente Médio. Desde o início de 2025, Israel tem intensificado sua expansão territorial, com ações militares calculadas em Gaza, Cisjordânia, Líbano e Síria. Em Gaza, mais de 80% do território foi transformado em zonas de segurança, forçando milhões de palestinos a se deslocarem para o sul, sem perspectiva de um futuro digno. A destruição das infraestruturas vitais, como hospitais e escolas, é não apenas uma estratégia militar, mas um meio de desmantelar a sociedade Palestina e garantir o controle israelense sobre os recursos e territórios essenciais.
Na Cisjordânia, a construção de novos assentamentos ilegais e a legalização de postos avançados consolidam o domínio israelense sobre a região, tornando qualquer possibilidade de um Estado palestino soberano cada vez mais distante. A cada dia, o muro da separação e os assentamentos se expandem, fazendo da Cisjordânia uma prisão em pleno ar livre, onde a soberania Palestina é negada pela força militar e pela ocupação.
Enquanto isso, a presença militar israelense no Líbano e na Síria é justificada como uma medida de segurança, mas, na realidade, trata-se de uma estratégia imperialista de controle regional. A expansão para essas áreas não é apenas uma questão de segurança, mas uma forma de consolidar o império territorial no Oriente Médio. Israel, apoiado por sua aliança com os EUA, usa a retórica da defesa para justificar suas ações enquanto continua a violar os direitos do povo palestino.
O Genocídio em Gaza: Impacto Humanitário e Denúncias Internacionais
O genocídio em Gaza, intensificado desde 2025, é um dos maiores crimes humanitários do século XXI. Mais de 54.000 palestinos foram mortos, incluindo milhares de crianças, enquanto a destruição de hospitais e escolas continua a dificultar a vida de milhões. A destruição deliberada da infraestrutura Palestina e o deslocamento forçado em massa não são apenas consequências da guerra, mas uma estratégia calculada para garantir que a resistência Palestina seja esmagada.
Além disso, a violência contra jornalistas e trabalhadores de saúde, com mais de 232 jornalistas mortos e centenas de médicos assassinados, demonstra que a repressão israelense não faz distinção entre combatentes e civis. O genocídio em Gaza tem sido amplamente denunciado por organizações internacionais, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, mas a resposta global tem sido, em sua maioria, frouxa e omissa. O apoio ir dos EUA a Israel, juntamente com a indiferença de outras potências, garante que o genocídio continue sem interrupção.
A Verdade por Trás das Máscaras do Império
As ações de Israel e as negociações de Trump com a Rússia revelam um padrão mais profundo de manipulação imperialista. A guerra em Gaza não é uma questão de segurança, mas uma estratégia de expansão territorial que se esconde sob a fachada de operações militares legítimas. Enquanto o mundo se concentra na Ucrânia, o verdadeiro genocídio se desenrola em Gaza. A paz, que deveria ser o objetivo das negociações, nunca foi uma prioridade; o que realmente estava em jogo era garantir que potências imperialistas como os EUA e Israel continuassem a dominar regiões-chave.
A resistência Palestina, em sua coragem e determinação, expõe as falácias dessas narrativas de paz. O genocídio palestino, disfarçado de guerra de "defesa", é uma tentativa deliberada de apagar uma história e um povo. Ao desafiar essa narrativa, a resistência Palestina nos oferece uma lição vital: a verdadeira batalha não é apenas no campo de batalha, mas na luta pela verdade e pela justiça.
O Futuro das Negociações e a Realidade de Gaza
À medida que as negociações de paz na Ucrânia se desmoronam, a verdadeira tragédia em Gaza se torna cada vez mais difícil de ignorar. As negociações entre Trump e Putin, que alegavam ser um esforço para alcançar a paz, não aram de uma distração para que Israel pudesse continuar sua expansão. A resistência Palestina, embora enfrentando imensas dificuldades, continua a desafiar essa narrativa de impunidade e opressão. O que vemos hoje em Gaza, na Ucrânia e no Oriente Médio é a verdadeira luta por soberania e liberdade, uma luta que, mais do que nunca, exige nossa atenção e ação.
No entanto, hoje, a situação de Israel no cenário internacional se deteriora rapidamente. Líderes políticos, jornalistas e celebridades ao redor do mundo têm se manifestado contra as ações de Israel em Gaza. O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, afirmou que "romper relações com Israel não seria prudente", mas criticou abertamente a política israelense, chamando-a de "limpeza étnica" e condenando a atitude permissiva do Ocidente.
No contexto internacional, a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se destacado. Lula tem sido uma das figuras políticas mais enfáticas ao denunciar o genocídio palestino. Ele recentemente afirmou que "não podemos mais nos calar diante do massacre", e criticou as potências que silenciam as ações de Israel em Gaza. Em declarações feitas em junho de 2025, Lula condenou o tratamento dado aos palestinos como “uma violação de todos os direitos humanos” e reiterou que a solução do conflito só será possível com a criação de um Estado palestino livre. Sua postura tem gerado ampla repercussão, sendo um dos únicos líderes globais a colocar Israel em xeque dessa maneira, enquanto pressiona por uma solução política justa para os palestinos.
Jornalistas internacionais, como Bethan McKernan, têm destacado a brutalidade da ocupação e a falta de esperança para uma solução pacífica, chamando a situação de Gaza de "injusta" e "perpetuadora da insegurança". Até mesmo celebridades e influenciadores têm se unido ao coro de críticas, acusando Israel de usar a ajuda como uma arma de guerra e de cometer crimes de guerra em Gaza.
Com o crescente isolamento político e condenação internacional, Israel enfrenta uma pressão sem precedentes para mudar sua abordagem em Gaza. A resistência palestina continua a desafiar essa narrativa de impunidade e opressão, exigindo justiça e liberdade. O futuro das negociações de paz na Ucrânia e a realidade de Gaza estão intrinsecamente ligados, e a luta por soberania e liberdade nunca foi tão urgente.
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