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      Luis Pellegrini

      Luís Pellegrini é jornalista e editor da revista Oásis

      23 artigos

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      “Os magnatas da Internet agora me beijam a bunda”: a mais recente pérola de Trump

      As frases chocantes ou até mesmo indecentes de Trump indicam desequilíbrio psíquico e mental?

      Donald Trump - 24/04/2025 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

      Há poucos dias, o presidente norte-americano teve uma enésima recaída: tinha usado a mesma expressão no início de abril referindo-se aos líderes estrangeiros empenhados nas tratativas para as taxações. Agora, o insulto grosseiro não foi dirigido a líderes estrangeiros, mas aos “magnatas da Internet”. E na plateia estavam os estudantes da Universidade do Alabama. Donald Trump afirmou que, se os jovens quiserem ir longe, devem “quebrar o sistema”, citando como exemplo de seu próprio sucesso o fato de que agora os magnatas da Internet “estão beijando a minha bunda”.

      Para ser mais preciso, eis aqui a frase completa de Trump: “Elon (Musk) é fantástico, mas agora eu conheço todos eles. Eles me odiavam durante meu primeiro mandato, e agora estão beijando a minha bunda. É impressionante, realmente. Embora agora as coisas estejam indo muito melhor”.

      No mesmo discurso ao corpo docente e alunos da Universidade do Alabama, Trump enfatizou a importância dos valores conservadores, contrapondo-os aos da Universidade de Harvard, à qual congelou mais de 2 bilhões de dólares em financiamentos federais.

      “Acreditamos na liberdade e na família. Em Deus e na pátria. Celebramos nossa Constituição, veneramos nossa Bíblia e prestamos homenagem à nossa bandeira”, disse Trump a mais de 30 mil formandos do Alabama.

      E, misturando repressão policial e questões de gênero, foi mais além: afirmou que a polícia deve ser honrada e que “homens não deveriam ter permissão para competir em competições femininas”.

      Nada de novo no front de batalha: Donald Trump é conhecido por declarações polêmicas e chocantes ao longo de sua carreira política e empresarial. Aqui estão algumas das frases mais controversas que ele disse publicamente:

      Sobre imigrantes mexicanos (2015): “Quando o México manda seu povo, eles não estão mandando os melhores. Eles estão trazendo drogas. Estão trazendo crime. São estupradores. E alguns, eu presumo, são boas pessoas”.

      Sobre mulheres (em entrevista de 2005 revelada em 2016): “Quando você é uma estrela, elas deixam você fazer tudo que você quiser. Você pode fazer qualquer coisa. Agarrar pela vagina, por exemplo”.

      Sobre manifestantes negros, comentando sobre como eles eram tratados no ado pelas forças da ordem (2016): “Naqueles dias, eles saíam de lá em uma maca”.

      Sobre John McCain (herói de guerra), referindo-se ao fato de McCain ter sido prisioneiro de guerra no Vietnã: “Eu gosto de pessoas que não se deixam capturar”.

      Sobre Covid-19, comentando sobre possíveis métodos de cura sem necessidade de vacina (2020): “Eu poderia atirar desinfetante no corpo das pessoas”.

      Sobre eleições e democracia, alegando fraude sem provas nas eleições presidenciais dos Estados Unidos (2020): “Se contarmos os votos legais, eu ganho facilmente”.

      Sobre Charlottesville, no Estado da Virgínia, cidade onde, em 12/08/2017, supremacistas brancos e grupos antirracismo entraram em confronto no dia da realização de uma marcha convocada pela extrema-direita. Várias pessoas ficaram feridas e uma morreu depois que um carro atropelou uma multidão que era contra o protesto: “Havia pessoas muito boas dos dois lados.”

      E a pergunta do milhão, que muita gente hoje se faz nos Estados Unidos e no mundo inteiro: As frases chocantes ou até mesmo indecentes de Trump indicam desequilíbrio psíquico e mental?

      A pergunta, quando formulada a um especialista das patologias mentais e psíquicas, revela-se complexa e envolve múltiplas dimensões - psicológica, política e ética. 

      Do ponto de vista clínico, muitos profissionais da saúde mental se recusam a responder, alegando que nenhum diagnóstico psiquiátrico pode (ou deve) ser feito à distância sem uma avaliação direta e profissional. A Associação Americana de Psiquiatria reforça isso com a chamada “Goldwater Rule”, que proíbe profissionais de diagnosticar figuras públicas sem exame pessoal e consentimento.

      Mas praticamente todos esses mesmos profissionais não hesitam em citar comportamentos observáveis em Donald Trump que levantam questionamentos:

      Falta de empatia evidente - frases insensíveis sobre mulheres, minorias, veteranos de guerra.

      Grandiosidade constante - autoelogios exagerados, afirmações de ser “o melhor em tudo”.

      Impulsividade e agressividade verbal - uso frequente de insultos e ataques pessoais, até em ambientes diplomáticos.

      Negação da realidade - recusa em aceitar resultados eleitorais e evidências científicas (como na pandemia).

      Essas características são, por vezes, associadas a traços de narcisismo patológico, transtorno de personalidade antissocial ou comportamentos borderline.

      Mas, se alguns psicólogos ou psiquiatras ainda hesitam em se manifestar sobre um diagnóstico mais claro, outros – entre os mais importantes – já assumiram visão mais do que transparente sobre as psicopatologias do atual presidente norte-americano:

      Dr. John Gartner, psicólogo clínico e fundador do grupo Duty to Warn, afirma que Trump apresenta uma combinação perigosa de narcisismo, paranoia e traços sociopáticos. Ele liderou uma petição com mais de 41mil profissionais de saúde mental declarando Trump mentalmente incapaz para o cargo. 

      Dr. Lance Dodes, psiquiatra aposentado de Harvard, descreveu Trump como um “sociopata extremamente bem-sucedido”, destacando sua necessidade constante de aprovação e poder. 

      Dr. Jerrold Post, ex-analista da CIA, caracterizou Trump como possuidor de um “carisma perigoso” e traços de “narcisismo maligno”, sugerindo que sua personalidade representa uma ameaça à democracia. 

      Dra. Bandy X. Lee, psiquiatra forense de Yale, organizou o livro The Dangerous Case of Donald Trump, reunindo 27 especialistas que alertam para os riscos que o estado mental de Trump representa para a segurança nacional.

      E a pergunta de 2 milhões: Por que parte tão grande do eleitorado norte-americano se identifica com os comportamento tresloucados de Trump, suas frases chocantes e até mesmo obscenas? Responder a essa pergunta me parece essencial para entender não apenas Trump, mas o fenômeno político e cultural que ele representa. Conforme revelam várias pesquisas comportamentais, a adesão de uma parte significativa do eleitorado americano às frases chocantes, ofensivas ou obscenas de Donald Trump tem raízes profundas e multifatoriais:

       1. Autenticidade percebida - Mesmo quando diz algo ofensivo, muitos eleitores enxergam Trump como: “genuíno” ou “sem filtro”; alguém que “diz o que pensa”, em contraste com políticos tradicionais que soam ensaiados ou falsos. “Ele fala como a gente”, dizem seus apoiadores - mesmo quando discordam do conteúdo.

      2. Rejeição ao politicamente correto. Muitos americanos, sobretudo nas áreas rurais e conservadoras, sentem-se cansados de restrições linguísticas e sociais;

      hostilizados por elites culturais e acadêmicas que veem como arrogantes.

      Trump, ao ignorar essas normas, representa para eles uma rebelião contra o “establishment liberal”.

      3. Nacionalismo e identidade cultural. Suas frases muitas vezes reforçam: Medo da imigração; orgulho nacionalista; uma visão utópica e idealizada dos EUA como uma nação “perdida” que precisa ser “recuperada”. Frases duras contra imigrantes, minorias ou globalistas soam, para muitos, como defesa da identidade americana branca e tradicional.

      4. Raiva e ressentimento. Após décadas de desigualdade, desindustrialização e crise social, muitos americanos: Se sentem abandonados pelo governo, mídia e elites; vêem em Trump um instrumento de vingança - um “agente do caos” que “sacode o sistema”. Assim, quanto mais ele ofende, mais ele “incomoda os certinhos” - o que é visto como positivo por seus seguidores.

      5. Comunicação populista eficaz. Trump fala em frases curtas, diretas, carregadas de emoção - muitas vezes simples ou brutais. Isso o torna facilmente compreendido por um público vasto, especialmente via redes sociais. Ele transforma o escândalo em estratégia de mídia: quanto mais polêmica, mais atenção.

      6. Tribos políticas e identidade de grupo nos EUA polarizados: Apoiar Trump virou identidade cultural, não só escolha política. Criticá-lo pode ser visto como traição ao grupo - mesmo que ele diga algo absurdo. É o fenômeno do “partidarismo identitário”: o conteúdo importa menos do que o sentimento de pertencimento.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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