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      Elisabeth Lopes

      Advogada, especializada em Direito do Trabalho, pedagoga e Doutora em Educação

      63 artigos

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      O legado pacifista X A ira destrutiva

      A ira ensandecida desses políticos transborda o próprio conservadorismo retrógrado que sustentam

      Papa Francisco (Foto: Reuters)

      A morte do Papa Francisco suscitou sentimentos de tristeza e de lamentos no mundo inteiro. Pessoas de várias crenças religiosas e as que não professam nenhuma religião expressaram pesar pela perda de um dos maiores líderes religiosos do mundo, por considerá-lo um ser humano genuinamente digno.

      Francisco, durante seus 12 anos de pontificado, trabalhou pelos desvalidos ao denunciar insistentemente a brutal desigualdade social provocada pelo metabolismo predatório do sistema capitalista, lutou pelo bem estar da vida dos povos, pela paz entre as nações, pela justiça social, pela defesa do meio ambiente, pelo combate às discriminações e preconceitos de toda ordem, pela extinção de alguns rituais conservadores da fé católica, entre outras realizações de cunho progressista, que lhe renderam muitas críticas, inclusive, da corrente conservadora da igreja católica.

      Todavia, ao mesmo tempo em que a partida do Papa dos pobres logrou reconhecimento por sua trajetória fraterna, como líder cristão, também suscitou manifestações oportunistas movidas pela retórica do ódio ideológico. Políticos e pessoas radicais expressaram declarações eivadas de impropérios e mensagens desairosas sobre o papado de Francisco.   

      Para a extrema direita brasileira mais acirrada, representada por parlamentares do Partido Liberal (PL) de Bolsonaro e do Partido Novo, vale mais alcançar notoriedade nas redes e na mídia por meio de manifestações torpes, do que trabalhar em silêncio pelo povo. Sem projetos políticos sinalizadores do cumprimento de suas promessas de campanha, feitas durante o período eleitoral, os parlamentares extremistas justificam suas presenças no congresso, tão somente, por discursos imbecilizados e repetitivos contrários a toda e qualquer prática política edificante por parte de seus opositores progressistas.    

      Essas crias políticas extremistas de uma direita belicosa e improdutiva, oriundas do período de maior obscurantismo do país, são as que travam o avanço essencial de projetos de leis nas casas legislativas municipais, estaduais e federal do país. 

      No plano federal, por exemplo, há projetos de lei que aguardam tramitação no Congresso, como o da Segurança Nacional e o da Isenção de impostos e taxação dos mais ricos, que certamente trarão benefícios diretos ao povo. No entanto, os partidos de oposição ao governo federal, insistem na tramitação excrescente do vexaminoso projeto de lei da anistia. 

      Em meio aos julgamentos efetuados pela Suprema Corte que tornaram réus, nesta semana, o segundo núcleo crucial de protagonistas dos atos de golpe à democracia, os líderes do PL pressionaram o Presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos – PB), a fim de que este pautasse a tramitação do projeto da anistia em caráter de urgência. Contudo, no dia 24/04/25, após reunião de Hugo Motta com os líderes partidários foi deliberado que o fatídico projeto da impunidade não será pautado. Contrários, veementemente, a essa decisão, a liderança do partido bolsonarista ameaçou retaliações à Câmara de Deputados por meio de futuras obstruções de pautas.

      Assim age a extrema direita, com práticas inidôneas e chantagens de toda a ordem, sem um mínimo de decência que a função de representação do povo exige do parlamentar.

      Com vários crimes atribuídos aos réus do primeiro e segundo núcleos cruciais, como o de organização criminosa armada, de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, de golpe de Estado, de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado, a pretensão de anistia pela extrema direita e por alguns políticos da direita liberal  fisiologista, antes mesmo da condenação desses réus, é tão grave, quanto os julgamentos que boa parte desses políticos desferiu contra a pessoa do Papa Francisco.

      A ira ensandecida desses parlamentares transborda o próprio conservadorismo retrógrado que sustentam. Rompe definitivamente com a liturgia ética que deveria guiar suas funções de representantes do povo. Atacam líderes nacionais e mundiais que contrariam suas visões reacionárias ultraadas, acerca de temas sensíveis tanto para o país, como para mundo. 

      Papa Francisco, ao contrário dos que o antecederam na liderança da igreja católica, realizou seu trabalho voltado prioritariamente à luta incessante pelos necessitados e pela ética orientadora das práticas religiosas e políticas.

      Em sua última aparição, no domingo de páscoa, deixou a seguinte mensagem: “a todos os que, no mundo, têm responsabilidades políticas para que não cedam à lógica do medo que fecha, mas usem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento. Estas são as armas da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte”.

      Neste horizonte do legado deixado por Francisco, revestido por uma absoluta práxis de humanidade, não existe a mínima possibilidade de não nos indignarmos e rechaçarmos a ira destrutiva de pessoas que se perderam no emaranhado do egoísmo e de uma irracionalidade odiosa ao insultarem o Papa. A estes dedico minha consternação e ao mesmo tempo a esperança, ainda que remota, de que possam refletir e voltar atrás. No decorrer deste texto, os leitores devem ter observado que não os identifiquei, contrariando mais uma possibilidade de visibilidade almejada por eles. Como nos ensinou o Papa Francisco, não podemos espalhar a morte, se ansiamos pela paz.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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