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      J. Carlos de Assis

      Economista, doutor em Engenharia de Produção pela UFRJ, professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba e autor de mais de 20 livros sobre economia política.

      69 artigos

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      O desafio tecnológico

      Sobra-nos, portanto, a alternativa mais realista de compra de tecnologias estrangeiras atualizadas

      Servidores para armazenamento de dados em Hafnarfjordur, Islândia (Foto: Reuters/Sigtryggur Ari)

      É fundamental para o desenvolvimento sustentável a altas taxas do Brasil a retomada do desenvolvimento industrial baseado em tecnologia atualizada. Entretanto, para ter o a tecnologias no estado da arte, ou temos que produzi-las nós mesmos, ou desenvolvê-las com parceiros mais adiantados no setor, ou simplesmente comprá-las. A segunda opção é a mais desejável. E a terceira, a mais realista a curto prazo.

      Por certo que o ideal seria o desenvolvimento autônomo de tecnologia brasileira através de parcerias com a indústria nacional. Isso deu certo em alguns casos, porém limitados, especialmente quando tínhamos em operação na economia grandes estatais dispostas a correr riscos – como a Petrobrás, a Vale do Rio Doce e a Embrapa. A Petrobrás e a Embrapa ainda estão aí, a primeira um pouco depenada, mas ainda cumpre o seu papel. A Vale foi vendida praticamente de graça por Fernando Henrique Cardoso.

      Um programa em larga escala de desenvolvimento tecnológico interno exigiria uma articulação com empresas privadas, nacionais e estrangeiras, com e do governo e de nossa rede de universidades e institutos tecnológicos, com capacidade de criar e registrar patentes. Também aqui temos exemplos bem sucedidos, como, de novo, é o caso da Petrobrás na indústria e da Embrapa no setor agrícola. Já o setor privado brasileiro na área industrial tem grande aversão a riscos e limitado o ao crédito bancário de longo prazo, o que é a maior trava a seu desenvolvimento tecnológico.

      Sobra-nos, portanto, a alternativa mais realista de compra de tecnologias estrangeiras atualizadas. Isso nos coloca numa condição extremamente desfavorável, pois somos condenados a ficar sempre numa posição atrás dos países tecnologicamente mais avançados. Entretanto, para que haja para esse problema uma solução ao menos intermediária, é essencial  termos condições financeiras de compra de tecnologias externas. E isso  temos.

      Como os neoliberais são avessos ao investimento estatal para criar tecnologia (veja o que aconteceu com a Ceitec), nossa maior esperança nessa área é gerar divisas  para comprá-la fora. Este tem sido o papel do agronegócio, por gerar grandes superávits comerciais. Muitos não veem isso com bons olhos, pois enxergam aí a repetição de nosso antigo papel no mundo de exportador de bens primários de baixo valor agregado e importador de bens manufaturados de alto valor agregado. Mas podemos ver isso também como uma situação temporária, na medida em que a própria tecnologia importada seja incorporada pela indústria.

      Além disso, o agro é uma garantia de longo prazo para nossa estratégia de desenvolvimento e tem conquistado, ele próprio, com o apoio da Embrapa, vários marcos de avanço tecnológico. No caso dele, ao contrário da indústria, as parcerias com a iniciativa privada interna e externa funcionaram. Com isso, mesmo que o comércio mundial afunde diante das loucuras de Trump, em algum lugar do planeta sempre haverá quem precise ou queira comprar comida. E a Embrapa tem condições de oferecer aos agricultores brasileiros condições para atender a grande parte da demanda interna e externa alimentos e commodities em condições competitivas. 

      Assim, na situação caótica e de virtual paralisia econômica em que o mundo se encontra hoje, o tempo nos é favorável para desenvolver tecnologias que estão ao alcance das dezenas de universidades e institutos tecnológicos do setor estatal (e mesmo privado) desde que haja um mínimo de empresários privados dispostos a parcerias com algum nível de risco minimizado pela ação do Estado. 

      É que tecnologia não se limita a estudos teóricos. Implica especialmente experimentação prática para ver se a tecnologia realmente funciona. Daí que a articulação da universidade com empresas produtivas é essencial para seu desenvolvimento efetivo. É o que faz a Embrapa, com suas parcerias com a iniciativa privada, nacional e internacional. E outros parceiro externos são bem vindos, desde que não venham aqui para roubar patentes criadas internamente, como aconteceu com a tecnologia de prospecção de petróleo em águas profundas desenvolvida pela Petrobrás. 

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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