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      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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      O 8 de janeiro de 2023 é o filho bastardo de junho de 2013

      Zambelli, Bretas, Bolsonaro e os militares golpistas estão entrelaçados pelo mesmo fio: a guerra híbrida contra o Brasil

      Estátua do STF 'A Justiça' vandalizada no 8 de Janeiro de 2023 (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)

      A deputada Carla Zambelli acaba de fugir do Brasil após ser condenada a dez anos de prisão por sua atuação golpista. O juiz Marcelo Bretas foi punido com aposentadoria compulsória por abusos em série cometidos durante a Lava Jato. Seu colega Sergio Moro, hoje senador, escapou de punições mais severas, mas já foi carimbado como suspeito. O ex-presidente fascista Jair Bolsonaro, produto final da máquina de destruição nacional, será interrogado na próxima semana pelo ministro Alexandre de Moraes, no inquérito do 8 de janeiro. A história está começando a fechar seu ciclo e o fio que une todos esses personagens é um só: as chamadas “jornadas de junho” de 2013, que marcaram o início da guerra híbrida contra Brasil, que visava conter o desenvolvimento nacional e implantar o caos na nossa sociedade.

      Junho de 2013 foi o início de um processo de desestabilização do Brasil, motivado por forças internas e internacionais, com o claro objetivo de interromper o ciclo progressista inaugurado em 2003 com a primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele momento, a então presidenta Dilma Rousseff foi o primeiro alvo. Reeleita em 2014, ela sofreu um golpe parlamentar em 2016, com o apoio das mesmas forças que incendiaram as ruas em 2013.

      Sem junho de 2013, Carla Zambelli não teria surgido como figura política. Foi no movimento “Nas Ruas”, que convocava a classe média para manifestações cada vez mais extremadas, que ela se projetou. De lá para o bolsonarismo foi um o. Sem a Lava Jato, outros personagens da mesma guerra híbrida também não teriam surgido na cena nacional. Apoiados pela mídia comercial e até mesmo por setores de uma suposta esquerda jornadeira, Sergio Moro e Marcelo Bretas despontaram como os juízes “salvadores da pátria” que abusaram de seus poderes para criminalizar o Partido dos Trabalhadores, prender Lula e preparar o terreno para a ascensão do fascismo.

      A Lava Jato foi peça-chave nesse processo. Sem ela, não haveria Bolsonaro. Sem ela, não haveria a destruição econômica nem o desmonte de setores estratégicos do Estado nacional. Sem ela, também não haveria uma população desesperada e desiludida, pronta para abraçar um discurso autoritário. A Lava Jato ajudou a construir a fantasia de que os tribunais superiores protegiam criminosos de colarinho branco e que apenas juízes de primeira instância como Moro e Bretas combatiam a corrupção. Essa visão tosca contaminou a política, alimentou o ódio e colocou o país no caminho do 8 de janeiro de 2023, quando representantes das micaretas fascistas deprederam a Praça dos Três Poderes.

      O Brasil paga hoje um preço altíssimo por não ter contido o ovo da serpente. A imprensa tradicional, os setores dominantes e mesmo instituições que deveriam zelar pela legalidade democrática optaram por apostar na ruptura. Primeiro, com o golpe contra Dilma. Depois, com a prisão política de Lula. E, por fim, com o impedimento de sua candidatura em 2018, abrindo espaço para a extrema direita tomar o poder e consolidar o choque neoliberal que já havia sido implantado pelo usurpador Michel Temer.

      O projeto das classes dominantes era claro: consolidar o neoliberalismo  da “ponte para o futuro”, desmontar direitos sociais e abrir o país às oligarquias financeiras. Mas o resultado foi o caos — político, institucional, econômico e social.

      Hoje, com Lula de volta à Presidência, o país vem se reconstruindo aos trancos e barrancos. O presidente tenta consertar os destroços da “ponte para o futuro” enquanto o Supremo Tribunal Federal, tardiamente, começa a limpar a bagunça institucional que ajudou a fomentar. Mas é preciso lembrar: jamais teria havido 8 de janeiro sem o aval das instituições ao golpe contra Dilma, à prisão de Lula e à farsa eleitoral de 2018, que impediu a participação do candidato mais forte, que teria evitado a tragédia bolsonarista.

      A democracia brasileira foi sabotada em nome de um projeto elitista e autoritário. O fascismo não caiu do céu — ele foi plantado e irrigado a partir de junho de 2013. Por isso, para fazer justiça à História e impedir que a tragédia se repita, é necessário reconhecer que o 8 de janeiro de 2023, que está prestes a ser julgado, é o filho bastardo das jornadas de junho de 2013.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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