Nova América: Trump impede a inscrição de estudantes estrangeiros em Harvard
A relação Trump-Harvard está em alta tensão há algumas semanas, desde que o presidente cortou financiamentos para a Universidade
Antecipada pelo New York Times, a notícia acaba de ser confirmada pela Secretária de Segurança Interna do atual governo, Kristi Noem. Trata-se da mais recente “trumpada”: A istração Trump impede Harvard, a mais antiga e uma das principais universidades norte-americanas, de itir estudantes estrangeiros. Isso foi relatado pelo New York Times, citando uma notificação enviada à universidade: “Escrevo para informar que, com efeito imediato, a certificação do programa para estudantes e visitantes estrangeiros da Universidade de Harvard está revogada”, escreveu Kristi Noem à Reitoria da Universidade.
Os estudantes internacionais que estão atualmente matriculados na Universidade de Harvard devem se transferir ou perderão seu status legal. É o que afirma o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, segundo a agência Bloomberg. A universidade criou um “ambiente inseguro” no campus, acrescenta esse Departamento.
A relação Trump-Harvard está em alta tensão há algumas semanas, desde que o presidente cortou financiamentos para a Universidade. O confronto chega agora aos tribunais e terminará diante de juízes. Harvard pede a eles que desbloqueiem mais de dois bilhões de dólares de financiamentos federais cancelados pelo presidente dos Estados Unidos como retaliação. Harvard não se curvou aos ditames de Trump.
A querela, na verdade, não é de hoje. Donald Trump e aliados republicanos frequentemente criticaram a Universidade Harvard e outras instituições de elite por motivos políticos e ideológicos. Quando ocorrem ameaças ou efetivos cortes de financiamento, geralmente são justificados pelos seguintes motivos:
1. Percepção de viés ideológico: Trump e muitos conservadores acusam Harvard - assim como outras universidades de elite - de promover uma visão de mundo progressista, liberal e “antiamericana”. Eles alegam que tais instituições reprimem o pensamento conservador, limitam a liberdade de expressão e favorecem políticas identitárias que, segundo eles, minam valores tradicionais.
2. Respostas a protestos ou políticas universitárias: Pelo fato de Harvard e outras universidades apoiarem políticas de diversidade racial ou programas de ação afirmativa.
3. Por discursos considerados antissemitas ou radicais: Trump acusa Harvard de permitir ou não reprimir protestos contra o atual governo de Israel e pró-Palestina, o que tem acontecido com intensidade cada vez maior em várias instituições norte-americanas, incluindo Harvard.
Harvard: decisão arbitrária de Trump
Nas 51 páginas da denúncia impetrada por Harvard, Trump é acusado de ter tomado uma decisão “arbitrária” e “inconstitucional” com o objetivo de “punir Harvard por ter defendido seus direitos constitucionais”. É o que relata o site americano The Harvard Crimson.
Para se defender, a istração Trump sustenta que a universidade não combateu o antissemitismo entre seus estudantes. E quer cortar mais um bilhão de dólares em fundos e contratos com a universidade, valor que se soma aos 2,2 bilhões já congelados na semana ada. A denúncia dá início a um histórico confronto legal, que vê o presidente acusado de querer atacar e demolir as instituições culturais que não se submeteram à sua vontade. Entre as condições que a istração havia imposto a Harvard, em uma carta que teria sido enviada por engano, estavam não apenas a ordem de entregar a lista dos nomes dos estudantes estrangeiros que participaram das manifestações pró-Gaza, mas também aceitar diretrizes sobre a gestão de alguns programas escolares, nos quais a “perspectiva conservadora” deveria ser valorizada.
Além disso, Trump havia solicitado que seus representantes pudessem verificar se as diretrizes seriam cumpridas. Mas Harvard é uma universidade privada e não aceitou ser colocada sob tutela. “O compromisso apresentado a Harvard e a outras universidades é claro – escreveram os advogados na denúncia – permitir que o governo istre detalhadamente sua instituição acadêmica ou colocar em risco a capacidade da instituição de perseguir descobertas médicas, científicas e soluções inovadoras”.
Enquanto isso, o presidente da universidade, Alan Garber, em uma mensagem aos membros da comunidade universitária, apoiou a batalha legal: “Defendemos a verdade segundo a qual faculdades e universidades em todo o país podem respeitar e honrar suas obrigações legais e desempenhar da melhor maneira possível seu papel essencial na sociedade sem interferências indevidas por parte do governo”.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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