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      Sergio Ferrari

      Jornalista latino-americano radicado na Suíça. Autor e coautor de vários livros, entre eles: Semeando utopia; A aventura internacionalista; Nem loucos, nem mortos; esquecimentos e memórias dos ex-presos políticos de Coronda, Argentina; Leonardo Boff, advogado dos pobres etc.

      28 artigos

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      Na Itália, a unidade antifascista se renova com protesto antibélico

      Em uma Itália confrontada com protestos cidadãos contra a militarização, uma experiência antiditatorial na Argentina nos anos 70 reforça o conceito de unidade

      Manifestação em Roma, dia 5 de abril, contra a militarização (Foto: Rádio Popolare)

      Por Sergio Ferrari - Nas últimas semanas, a Europa está em ebulição. O aumento do orçamento para gastos militares tornou-se uma questão prioritária em sua agenda política. Imposta por Donald Trump, humildemente cumprida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e pela União Europeia (UE), essa prioridade se converte em um debate nacional em todos os países do Velho Mundo.

      Às ruas, em Roma

      Cerca de 100 mil pessoas manifestaram-se no sábado, 5 de abril, em Roma. Convocados por diferentes forças políticas e movimentos da sociedade civil, levantaram sua voz crítica contra os atuais planos armamentistas.

      A manifestação massiva que percorreu o centro da capital italiana expressou sua oposição à proposta de rearmamento promovida pela Comissão Europeia. Os organizadores da marcha que começou na Piazza Vittorio e terminou no Fori Imperiali expressaram surpresa com a enorme participação, ao mesmo tempo em que reiteraram suas críticas ao governo de Giorgia Meloni e às diretrizes militaristas da UE.

      Desde sua recente posse como presidente, Donald Trump insistiu que reduzirá significativamente os fundos que os Estados Unidos alocam à OTAN para a defesa europeia. Assim, ele desafiou a UE a aumentar significativamente seus próprios gastos militares no curto prazo. No pano de fundo dessa imposição, prevalece o impacto da atual guerra entre Rússia e Ucrânia. A União Europeia, majoritariamente, ficou do lado de Kiev devido a temores de que a Ucrânia seja um laboratório para novas ofensivas russas contra outros países do continente.

      Nesse contexto, há várias semanas, a UE vem promovendo a proposta de "ReArmar a Europa" há várias semanas. Busca reforçar o fornecimento de equipamentos estratégicos, como sistemas de defesa aérea e antimísseis, artilharia, mísseis de vários alcances, munições, drones e antidrones. Objetivo principal: garantir e fortalecer o apoio militar à Ucrânia. Essa proposta prevê um aumento astronómico das despesas militares, mesmo que isso signifique um transbordamento das atuais restrições orçamentárias impostas pela própria UE. O objetivo é que cada um dos 27 Estados-membros da União Europeia aloque um mínimo de 2% de seu respectivo Produto Interno Bruto (PIB) ao orçamento militar no curto prazo. Se necessário, esse percentual pode chegar a 4% ou até 5% no médio prazo.

      De acordo com cálculos muito globais, se cada país dedicasse 1,5% de seu PIB à defesa, o total subiria para 650 bilhões de euros (US$ 715 bilhões). Além disso, empréstimos no valor de 150 bilhões de euros (US$ 165 bilhões) seriam alocados para melhorar a capacidade defensiva, principalmente com materiais e armas fabricados na própria Europa. Uma análise recente da Euronews Television comenta que as autoridades continentais estão avaliando fontes adicionais de financiamento para a defesa, como a mobilização de recursos privados, a coordenação de contratos conjuntos para garantir um mercado mais eficiente, reduções de custos e maior competitividade do setor de armamentos.

      O recente protesto político e dos cidadãos em Roma teve um valor simbólico particular: foi um dos primeiros do gênero e com uma participação significativa num país da União Europeia na atual conjuntura. Uma proclamação assinada pelas organizações convocadoras enfatizou que "em 2025, milhões de cidadãos e empresas serão sobrecarregados por um turbilhão de aumentos de preços sem precedentes", com "contas altíssimas, salários insuficientes e um sistema de saúde em colapso", enquanto "o governo continua a alocar bilhões de dólares para gastos militares".

      Memória ativa e unidade na resistência

      Entre as organizações que se reuniram no protesto antimilitarista em Roma está a Associação Nacional de Partidários da Itália (ANPI), uma das mais ativas e desenvolvidas naquele país (https://www.anpi.it/).

      A ANPI prioriza o trabalho da memória histórica. Assim, por exemplo, e tendo em vista o 80º aniversário da Libertação da Itália em 25 de abril, está promovendo junto com uma dúzia de organizações membros do Fórum de Associações Antifascistas e de Resistência um manifesto nacional com o nome de "Viva a Libertação". "O significado profundo e a necessidade de Libertação atravessam e impulsionam todos os lugares e esperanças do país", diz a ANPI. Coerente com esse espírito, encomendou a ilustração temática do manifesto aos prisioneiros do Laboratório Artemísia da Prisão de Milão-Bollate.

      Nos últimos dias de março e na primeira semana de abril, militantes, aderentes e simpatizantes da ANPI também participaram junto com membros de outras organizações sociais, políticas e culturais da região da Toscana em diversas atividades sobre Memória na Argentina. Foram nove reuniões públicas com mais de 350 participantes em Pisa, Lucca, Firenze, Livorno, Viareggio, Vicopisano, Poggibonsi e Volterra para a apresentação do livro Grand Hotel Coronda, com a participação de dois ex-presos políticos da prisão argentina de mesmo nome. É a edição italiana de Del otro lado de la mirilla. Olvidos y Memorias de ex-presos políticos de Coronda 1974-1979 (Do outro lado do olho mágico. Esquecimentos e Memórias de ex-presos políticos de Coronda 1974-1979), concebido e publicado originalmente pela Associação civil El Periscopio.

      Esse diálogo sobre as experiências vividas na Argentina durante a ditadura, bem como a laboriosa tarefa de reconstruir a memória coletiva naquele país sul-americano, "enriquece nosso próprio trabalho de memória e resistência social na Itália de hoje", compartilhou com este correspondente Mauro Rubichi, ex-dirigente sindical, ativista social de Livorno e um dos promotores dessa turnê.

      Para Rubichi, que também preside a Associação de Solidariedade Itália-Nicarágua naquela cidade portuária, "em momentos complexos da conjuntura mundial, onde o negacionismo de Javier Milei, na Argentina, coincide com as políticas negacionistas e antissociais de Giorgia Meloni, na Itália, e da nova liderança nos Estados Unidos, é essencial fortalecer a solidariedade internacional". Para Rubichi é preciso falar uma só linguagem, a da resistência ativa a essa "internacional reacionária, de morte, que aposta na segregação social, na xenofobia, no negacionismo histórico e climático, que combate a diversidade e conta com a repressão como método de silenciar todo protesto".

      Embora essas forças reacionárias sempre tenham existido, observa Rubichi ao lembrar o caso do nazismo e do fascismo, "hoje é particularmente preocupante porque eles estão mais uma vez no governo e ganharam o poder em muitos países. Em outros, como a França, eles estão à espreita esperando por sua oportunidade de governar.

      A síntese do experimentado militante da solidariedade internacional não tarda a chegar: "Se a leitura do livro Grand Hotel Coronda nos ensina alguma coisa, é que somente uma resistência coletiva, unitária, profundamente humana e fraterna pode nos permitir vencer em situações muito difíceis como as vividas em Coronda e em outras prisões da Argentina". E conclui: "Unidade, unidade e mais unidade. Essa é a chave para as vitórias de ontem e para a resistência atual. Na Itália e na Argentina, em todos os cantos do mundo. Sem uma unidade profunda, é quase impossível superar o poder reacionário em situações de correlação de forças tão desfavorável".

      A Itália está se mobilizando hoje contra o aumento do orçamento para gastos com defesa, que prejudica e enfraquece as conquistas sociais. Dessa forma, reivindica uma resistência que também incorpora o trabalho da memória histórica: a memória como antídoto para evitar a repetição de situações brutais. Uma aposta importante, embora não suficiente, se não for alcançada uma forte unidade na ação.

      Tradução: Rose Lima

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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