"Laboratório da Lava Jato": Tony Garcia entrega ao STF as missões ilegais que cumpriu a mando de Moro
Falso testemunho, vídeo da festa dos desembargadores, gravações com autoridades com prerrogativa de foro: empresário define então juiz como "abusador contumaz"
O empresário Tony Garcia protocolou nesta quarta-feira (27/09) no Supremo Tribunal Federal petição para anular todas as decisões tomadas por Sergio Moro nos casos Garibaldi e Eldorado, a partir de 2004.
Foi por conta do caso Garibaldi que Tony Garcia acabaria preso e faria acordo para trabalhar para Moro como agente infiltrado.
Na petição, Tony Garcia revela quais foram as 30 missões que Moro lhe deu, oficialmente, para não voltar à prisão.
Apenas uma delas tinha relação com o caso do consórcio Garibaldi, que tinha sido usado como fundamento para decretar sua prisão. A maioria das missões envolvia autoridades com prerrogativa de foro, que o então juiz sequer podia processar.
É o caso do vídeo da festa da cueca, que envolvia desembargadores, e Moro não tinha autoridade para atuar nesses casos.
Por que, então, Moro queria que Tony Garcia levantasse informações e provas sobre os casos, que não podiam ser usados oficialmente?
Na entrevista à TV 247, Tony Garcia disse acreditar que Moro usou as informações para chantagem.
Na petição no STF, ele não vai tão longe. Mas diz que foi o laboratório para abusos ainda maiores, que ocorreriam na Lava Jato.
"Tony Garcia, como será amplamente demonstrado adiante, foi o laboratório do abusador contumaz Sérgio Fernando Moro; foi a partir do seu caso que o então Magistrado testou e desenvolveu as táticas ilegais que foram reproduzidas, anos depois, na Operação Lava Jato", dizem os advogados na petição, que tem 39 páginas.
O empresário relata um caso de falso testemunho, prestado, segundo ele, para que Moro pudesse prender o advogado Roberto Bertholdo, que na época tinha muita influência no TRF-4 e também era ligado, politicamente, a José Dirceu, que tinha sido chefe da Casa Civil e se mantinha como uma das maiores lideranças do PT.
Moro tinha sido alvo de escuta telefônica e queria responsabilizar Bertholdo pela gravação. Mesmo sendo vítima, ele toma o depoimento de Tony Garcia. Ou seja, age como investigador, juiz e vítima, o que é absolutamente ilegal.
Os advogados transcrevem parte do interrogatório.
Moro pergunta: "Essa questão das escutas, quem fez? Foi o senhor Roberto Bertholdo ou foi o senhor">
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