Interferência espúria: mister Trump, go home!
A istração Trump, com uma política descuidada - para não dizer desastrosa - com adversários e amigos, vem sendo empurrada para o isolamento
A arrogância custa um preço, às vezes moderado, outras muito alto, até catastrófico. A istração Trump, com uma política descuidada - para não dizer desastrosa - com adversários e amigos, vem sendo empurrada para o isolamento. Parece esquecer que, por trás da riqueza de um país, existem fatores que dependem de tratos comerciais, culturais e afetivos com diversos outros Estados, sem os quais a solidão se estabelece e, com ela, os prejuízos do atraso persistente. Não bastasse a maneira como recebeu o dirigente sul-africano Cyril Ramaphosa, com desprezo, provocando nele prontas respostas, agora surge, através de seu assessor Marco Rubio, novo exemplo de má conduta. Desta feita, escolheram Alexandre de Moraes, nosso ministro da Suprema Corte, para ameaçá-lo com sanções apenas por realizar trabalhos de excelência em nome da Justiça. O destempero aconteceu em sessão do Congresso norte-americano, quando lhe indagaram a respeito do Brasil e de seus assuntos internos. O pequeno porta-voz se julgou grande para acenar com medidas visando proteger bandidos: os que conspiraram com o golpe de 8 de janeiro junto aos vândalos que destruíram a Praça dos Três Poderes. Valeria a pena uma visão de raio X para imaginar o que aquele cidadão faria com uma multidão que invadisse e destruísse os símbolos sagrados da República onde vive.
Claro que as declarações no Capitólio podem não ar de bravata. Soam demasiadas, de qualquer modo, na boca de um diplomata cujas atribuições incluem lidar com um país importante na América do Sul e com um presidente respeitado dentro e fora das suas fronteiras, bem mais do que o seu, digno de comentários desairosos cada vez que se põe a palpitar sobre qualquer coisa. Lula se revela grande para se pôr como um exemplo de dimensões mundiais. É sério, tem o que dizer e, quando fala, se faz escutar. Na Europa, na Ásia, na África e no Vaticano param para ouvi-lo respeitosamente.
Personagens como Marco Rubio, alçado de uma hora para outra à frente do cenário da Casa Branca, deveriam se curvar a conveniências no relacionamento com os pares, em vez de afrontá-los como ocorreu agora com Alexandre de Moraes. Este há muito se afirmou na condição de jurista pela coragem, isenção e determinação para conduzir com lucidez as tarefas que lhe recaem. Ele não tergiversa. Quem supôs que se livraria das responsabilidades lidando com patentes militares, se equivocou. Malfeitos devem ser punidos ou a sociedade se habitua ao estado de anomia e seus corolários; a brutalidade, a rivalidade como norma e as vinganças de antigamente.
Como defendemos nossa soberania, diante de provocações semelhantes só nos resta convidar o despreparado Rubio para que permaneça em casa e deixe de enunciar absurdos. Go home! - como se proclamava no ado em circunstâncias afins. Fica em nossa garganta como convite e, ao mesmo tempo, recomendação. É melhor do que receber vaias quando voltar a abrir a boca. Medo de sanções quando estamos com carradas de razão não nos intimidam. Cate coquinhos, respire fundo e, na Câmara ou fora dela, quando se referir a nós, dobre a língua. Do Vietnã e do Afeganistão já foram varridos às pressas. Dignidade não se negocia.
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