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      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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      Galípolo está devendo à sociedade brasileira

      Apresentado como "menino de ouro" pelo presidente Lula, ele mantém o ciclo perverso de arrocho monetário iniciado por Campos Neto

      Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo REUTERS/Adriano Machado/foto de arquivo (Foto: REUTERS/Adriano Machado/foto de arquivo)

      O economista Gabriel Galípolo chegou ao comando do Banco Central com respaldo político, grandes expectativas e capital simbólico. Apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o seu “menino de ouro”, ele carregava sobre os ombros a expectativa de reconstrução da autoridade monetária a partir de uma visão alinhada ao desenvolvimento nacional e à justiça social. No entanto, ados cinco meses desde sua chegada ao topo da instituição, o que se observa é a desconcertante continuidade de um modelo nocivo e anacrônico, herdado da gestão de Roberto Campos Neto, que tem imposto custos altíssimos à economia brasileira – e, sobretudo, à população mais pobre.

      Ao manter o ciclo de aperto monetário e elevar a taxa Selic para 14,75% ao ano, Galípolo aprofundou uma política que sabota o esforço de reconstrução da economia brasileira. Os efeitos dessa decisão vão muito além da tecnocracia financeira: desestimulam investimentos produtivos, encarecem o crédito, estrangulam pequenas e médias empresas e reduzem a capacidade de consumo das famílias. A consequência mais grave, no entanto, está nas contas públicas: o pagamento de juros da dívida já se aproxima de impressionantes R$ 1 trilhão ao ano, o que fatalmente elevará a dívida pública e a chamada “crise fiscal” brasileira, fortalecendo, inclusive, o discurso da oposição neoliberal.

      O custo da dívida pública é o verdadeiro monstro fiscal do Brasil – não os programas sociais, nem os investimentos em saúde, educação ou infraestrutura. A conta já quase trilionária de juros serve, na prática, como um dos mais potentes mecanismos de concentração de renda existentes. Premia o rentismo, transfere recursos do orçamento da União diretamente para o topo da pirâmide social e agrava as desigualdades sociais. É uma máquina de moer o presente e comprometer o futuro, estimulando o parasitismo econômico.

      Galípolo tinha em mãos a oportunidade histórica de mudar essa lógica perversa. Tinha, inclusive, legitimidade técnica e política para revisar o conservadorismo do Comitê de Política Monetária (Copom), que se recusa a reconhecer a melhora consistente nos indicadores econômicos: inflação sob controle, real valorizado, desemprego no menor nível em oito anos e uma política fiscal responsável em curso. Em vez disso, optou pela inércia – ou pior, pelo aprofundamento do arrocho.

      A consequência pode ser devastadora não apenas para a economia real, mas também para o projeto político do presidente Lula. A manutenção de juros estratosféricos reduz o crescimento, limita a retomada de investimentos públicos e privados, e mina as bases de um novo ciclo de prosperidade e inclusão. Em ano pré-eleitoral, essa paralisia econômica – se não revertida rapidamente – pode enfraquecer a candidatura à reeleição e abrir espaço para os mesmos setores que sabotaram a democracia brasileira no período de choque neoliberal da triste era Temer-Bolsonaro.

      É preciso dizer com clareza: a autonomia do Banco Central não pode ser um salvo-conduto para a reprodução do rentismo parasitário. O Brasil necessita de uma nova estratégia de combate à inflação e de uma política monetária que dialogue com a realidade social e econômica do Brasil. O silêncio ou a complacência de Galípolo, até agora, são incompatíveis com o momento histórico. Por isso, ele ainda está devendo. Até porque o bode expiatório, Roberto Campos Neto, já não está mais na sala. Vai ganhar milhões no Nubank.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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