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      Ricardo Nêggo Tom

      Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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      Fuga à espanhola

      Carla Zambelli deu um perdido na justiça brasileira e deixou um abraço para os garantistas. Bolsonaro fará o mesmo; avalia Ricardo Nêggo Tom

      Carla Zambelli. Foto: Pablo Valadares / Agência Câmara

      Ela partiu, partiu e nunca mais voltou. Ela sumiu, sumiu e nunca mais voltou. Evocando versos do genial e saudoso Tim Maia, este articulista que vos escreve introduz poeticamente o conteúdo sociojurídico deste texto. Prometo que serei breve — mais breve do que a nossa expectativa em ver Carla Zambelli na cadeia, cumprindo os 18 anos de prisão aos quais foi condenada. Ela fugiu! Fugiu e talvez nunca mais volte. E quem poderia imaginar que nossa pistoleira das tardes pré-eleitorais pudesse tomar tal atitude? Eu, você e a torcida do Flamengo. Talvez até a própria Justiça pudesse imaginar essa fuga. Mas então, por que não a evitou pedindo sua prisão preventiva? Freud não, mas os garantistas explicam.

      Nossos queridos juristas, defensores do cumprimento do devido processo legal, apesar de experientes na área e de estarem apenas se regendo pelo que diz o artigo quinto da Constituição, ignoram o fato de que o mundo do crime político que Zambelli integra, além de possuir mais recursos econômicos e jurídicos para lhe garantir a impunidade, é bem mais organizado do que o tráfico de drogas, por exemplo. Evocarei também uma lei espiritualista que diz que o mal, antes de agir, é obrigado a avisar, de alguma forma, que pretende materializar o exercício de sua natureza. Quando Zambelli declarou à imprensa que “não sobreviveria na prisão”, ela não estava apenas flexionando o verbo no tempo e modo errados. Ela estava se colocando na terceira pessoa do singular do futuro do pretérito para dizer que não se permitiria ir à prisão.

      Além da aula de português, Carla Zambelli deu um perdido na Justiça brasileira e deixou um abraço para os nossos bem-intencionados garantistas. Pior do que isso, sua fuga, tratada como uma viagem de urgência para tratamento de saúde no exterior, transformou-se numa missão diplomática contra o regime de exceção e a censura impostas contra a liberdade de expressão no país. Em entrevista a um canal de extrema-direita no YouTube, dona Carla disse que irá percorrer as cortes internacionais da Europa denunciando a perseguição do Judiciário contra os políticos bolsonaristas no Brasil. Inclusive, ela diz, na mesma entrevista, que, ao chegar à Europa, percebeu que os seus problemas de saúde tiveram origem na censura que ela sofria no seu país. Agora, livre, leve e fugitiva, ela poderá se expressar livremente, restabelecendo a sua combalida integridade física e fortalecendo, à distância, o fascismo nosso de cada dia. Ou não?

      A minha hesitação ao término do parágrafo anterior se deve ao fato de que as ações de Carla Zambelli, ainda que bem-intencionadas, costumam produzir um efeito contrário ao que ela esperava. Motivo pelo qual ela chegou a ser responsabilizada por Bolsonaro pela perda da eleição para Lula em 2022. Tudo em decorrência do episódio em que ela persegue, de arma em punho, pelas ruas de São Paulo, o jornalista Luan Araújo, na véspera do sufrágio universal que consagrou Lula presidente pela terceira vez. Agora, Zambelli anuncia que se une a Eduardo Bolsonaro no exterior para, juntos, misturados e fugitivos, articularem mundo afora contra esta pátria-mãe e seu Judiciário distraído, que não percebe que está sendo subtraído em tenebrosas conspirações. A nova “missão” da nossa “pistoleira espanhola” pode acender o alerta no STF e determinar que prisões preventivas sejam impostas aos denunciados pela tentativa de golpe, temendo que estes também se tornem “missionários” do conspiracionismo lesa-pátria.

      Mais uma vez, Jair Bolsonaro pode ser prejudicado pela boa intenção de Miss Zambelleta, tendo sua prisão preventiva decretada e seu plano de fuga frustrado. Mas quem imagina que o artífice do golpe possa fugir do país para não ser preso? Eu, você, a torcida do Corinthians e a Justiça brasileira. No caso da última “instância” citada, a pergunta que se faz é: por que ela não evita essas fugas pedindo a prisão preventiva dos possíveis evasores? Freud não, mas os garantistas explicam. Ou não? Hesitações e dúvidas à parte, o fato é que Carlinha Perigosa não conta nem mesmo com a confiança de seu advogado, que, ao saber de sua fuga para a “Zoropa”, abandonou a sua defesa. Daniel Bialski, ex-advogado da parlamentar, mostra que não é tão garantista quanto outros juristas e nem sob remuneração aceitou continuar a defender o devido processo legal para o indefensável. A pergunta que não quer calar é: até quando nossos heróis garantistas continuarão?

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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