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      Paulo Henrique Arantes

      Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/

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      Francisco, fé e ação contra as ordens do capital

      "Francisco definiu suas prioridades a partir de um olhar preciso e crítico para as injustiças do mundo"

      O Papa Francisco e o ex-presidente cubano Fidel Castro se encontram em Havana, Cuba, em 20 de setembro de 2015 (Foto: Foto: Reuters/Alex Castro)

      “O carisma, a preocupação social e a visão progressista do mundo de Jorge Bergoglio incomodam os ‘católicos’ que entendem a religião como um arcabouço para defesa de valores conservadores, valores aferrados a uma moral que abomina as diferenças e impõe-se para preservar uma brutal desigualdade”, assim escrevemos há cerca de dois anos. A morte do Papa Francisco alija a humanidade do maior defensor dos valores humanos, ou valores verdadeiramente cristãos.

      Francisco definiu suas prioridades a partir de um olhar preciso e crítico para as injustiças do mundo. E não existem injustiças maiores do que a fome e a guerra.

      "Eu imploro que parem em nome de Deus: cessem o fogo”, conclamou o Pontífice em face do extermínio que Israel impunha, e ainda impõe, aos palestinos. Ele também pediu a libertação dos reféns pelo Hamas. A ação do Vaticano, com Francisco, nunca se afastou dos desgraçados pelas ordens do capital, pelo fanatismo e pela ganância territorial.

      Paralelamente a medievalismos que se cogitavam superados no século XXI, mas que ainda vigoram – abunda hoje uma gente que questiona a eficácia de vacinas –, há a guerra. Francisco não teve poderes diplomáticos, tampouco sobrenaturais, para demover um Netanyahu de suas decisões genocidas, mas, ao manifestar-se contra o horror, comoveu boa parte do globo. Não nos esqueçamos de que um Papa fez vista grossa ao Holocausto no ado; portanto, a Igreja Católica esteve bem melhor com Francisco.

      Reeditemos o que já publicamos neste espaço. O século XXI abriu suas portas à Igreja Católica para que fosse protagonista da paz por intermédio de Jorge Bergoglio, homem talhado a trazê-la para a contemporaneidade. Há que se acreditar na honestidade de princípios do Papa Francisco, ainda que personalidades obscurantistas apontassem mero marketing “esquerdista” em suas posições, como se o mundo não fosse capitalista, injusto e cruel.

      Não se poderia cobrar de Francisco que movesse a Doutrina Católica em 180 graus. A observância literal do Concílio Vaticano II já constitui significativo avanço. Na Carta Encíclica Pacem in Terris, que integra aquele Concílio, Angelo Roncalli, o Papa João XXIII, escreveu: “O progresso da ciência e as intervenções da técnica evidenciam que reina uma ordem maravilhosa nos seres vivos e nas forças da natureza. Testemunham, outrossim, a dignidade do homem capaz de desvendar essa ordem e de produzir os meios adequados para dominar essas forças, canalizando-as em seu proveito”.

      Ordenada pelo capital, a fome carrega tanto o caráter de padecimento físico como a simbologia da exploração do homem pelo homem. Não há razão econômica que a justifique. Francisco bem diagnosticou durante as comemorações dos 75 anos da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura: “Para a humanidade, a fome não é só uma tragédia, mas também uma vergonha. Em grande parte, é provocada pela distribuição desigual dos frutos da terra, à qual se acrescentam a falta de investimentos no setor agrícola, as consequências das mudanças climáticas e o aumento dos conflitos em várias regiões do planeta. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Diante desta realidade, não podemos permanecer insensíveis ou paralisados. Somos todos responsáveis”.

      O cinismo de quem tenta pespegar cores partidárias em quem denuncia as causas da fome e da desigualdade ampla é eloquente. Não é a ideologia, mas o senso de justiça que chama à indignação quando comida é chamada de commodity. Francisco foi a voz mais potente a bradar contra isso.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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