É hora de mandar a OTAN para a lixeira da história
Sem o poderio dos EUA, a OTAN é uma fraude inócua
Publicado originalmente por Globetrotter em 4 junho de 2025
Enquanto a próxima cúpula da OTAN se aproxima – diante de uma guerra por procuração em escalada na Ucrânia e do horror genocida em Gaza – o mundo são e moral deve rugir em desafio, quebrando grilhões ideológicos. A OTAN é uma aliança zumbi, avançando às cegas apesar da sua irrelevância, com suas presas pingando o sangue das nações que alega proteger. Na Ucrânia, os membros da OTAN jogam gasolina no inferno, defendendo a escalada em vez da paz. Os Estados Unidos, seu mestre de marionetes, encenam uma farsa vil – pregando a paz enquanto pressionam aliados a financiar a sua máquina de guerra. A "Cúpula Dourada" de Trump, um projeto de defesa espacial com mísseis de US$ 175 bilhões, é uma aposta temerária que ameaça a aniquilação global.
Sem o poderio dos EUA, a OTAN é uma fraude inócua. Sua verdadeira missão – ada e presente – não é a defesa, mas a fabricação de terror, inventando inimigos para alimentar o complexo industrial-militar voraz. Essa hidra agora envolve a mídia, a academia e Hollywood, vendendo guerra como entretenimento. A OTAN é uma feira global de armas, vendendo equipamentos obsoletos e testando novos sobre os cadáveres dos vulneráveis. Seus mantras – "paz através da força", "caminho para a paz com mais armas" – são veneno orwelliano, armando a linguagem para silenciar dissidências. Quem ousa questionar essa loucura é difamado como traidor da paz.
A cúpula em Haia repetirá o seu script cansativo: orçamentos militares disparando – agora potencialmente 5% do PIB – sugando recursos da saúde, educação e dos pobres. Rússia e China serão vilipendiadas como ameaças existenciais para justificar esse saque. A OTAN despreza a Carta da ONU e a sua própria carta fundadora, deixando um rastro de nações devastadas e civis mortos. Seus apoiadores – think tanks, mídia e autoridades belicistas – exigem uma "OTAN mais forte, justa e letal", cobiçando armas hipersônicas, ataques preventivos e militarização do espaço. Isso não é defesa; é dominação em esteroides.
O bombardeio da República Federal da Iugoslávia em 1999 foi um ponto de virada na história da OTAN. Lançado sem aprovação do Conselho de Segurança da ONU, foi um ataque flagrantemente ilegal, justificado por um pretexto "humanitário" falso. Não havia base legal; as ações da OTAN zombaram dos Artigos 51 e 2(4) da Carta da ONU, estabelecendo um modelo para militarismo ilegal mascarado de moralidade. O Artigo 2(4) consagra o princípio da soberania estatal e proíbe o uso unilateral da força. O Artigo 51, que regula o direito à autodefesa, é a única exceção explícita, permitindo força militar apenas em resposta a um ataque armado. Como a intervenção da OTAN não foi autorizada pela ONU nem em autodefesa, violou ambos os artigos.
Seu 50º aniversário foi celebrado com bombas em um Estado soberano que não ameaçava a OTAN. Foi a promoção da doutrina "fora de área" – algo que se mostraria útil nas intervenções no Afeganistão, Líbia e Síria. O bombardeio de 1999 não tratava de proteger direitos humanos – era imperialismo, criando Estados fantoches como Kosovo e postos avançados como Camp Bondsteel, a fortaleza dos EUA nos Bálcãs. O conflito em Kosovo era complexo, seu sofrimento real, mas a intervenção ilegal da OTAN desencadeou o caos, sem responsabilização por crimes como urânio empobrecido, ataques a infraestrutura civil e inúmeras "mortes colaterais". Deu ao hegemon um cheque em branco para redesenhar mapas e destruir Estados. Abriu a Caixa de Pandora para outras grandes potências.
Em maio de 2000, durante uma palestra no George C. Marshall Center no primeiro aniversário da intervenção da OTAN, emiti um alerta profético: a Macedônia – meu país – logo seria arrastada para um conflito militar devido ao efeito de transbordamento. Nove meses depois, essa previsão virou realidade. A OTAN, junto com a UE [União Europeia], impôs uma lógica de partição étnica, ecoando o modelo usado na Bósnia. Até hoje, os Bálcãs sufocam sob o legado do "humanismo militar" da OTAN (para usar a frase de Chomsky). Os remédios de construção estatal da UE fizeram o resto. A região ainda é um barril de pólvora. Ironia cruel: em 2018, a Macedônia – renomeada Macedônia do Norte – rendeu a sua identidade constitucional em troca de adesão à OTAN, seduzida por promessas vazias de paz, prosperidade e segurança. Em vez disso, o país se vê enredado no pântano ucraniano, pressionado a gastar 5% do PIB em armamentos, enquanto mais de um terço da população vive na pobreza.
O custo econômico e social da OTAN é catastrófico. Sua demanda por orçamentos militares cada vez maiores – 2% do PIB, agora 3,5%, ou 5% – é uma sentença de morte para o bem-estar social. Hospitais desmoronam, escolas se deterioram, e cidadãos são esmagados pela austeridade enquanto os senhores da guerra da OTAN se banqueteam com os nossos impostos. Círculos anti-OTAN denunciam corretamente esse vampirismo econômico, mas pedir contenção orçamentária é colocar um curativo em uma doença terminal. Essas medidas paliativas deixam a fera intacta, livre para sugar nações até a última gota. A cura real é radical: dissolver a OTAN e abraçar um multilateralismo baseado no princípio da Carta da ONU: paz por meios pacíficos. Qualquer coisa menos é cumplicidade em seus crimes.
Movimentos pela paz protestarão na cúpula em Haia e em outros lugares, mas a elite da OTAN, barricada atrás de cordões de segurança, zombará, assim como os seus capachos midiáticos. A cumplicidade da OTAN no genocídio em Gaza e na catástrofe ucraniana será enterrada. A classe dominante, surda ao clamor público, prospera com a nossa ividade e civilidade. O ativismo pela paz deve ser uma rebelião diária e implacável, não um espetáculo de cúpula. Os belicistas governam as nossas nações, financiados por nosso trabalho e impostos, tornando essa luta local também. Na Macedônia, o partido Levica (Esquerda) exige a saída do país da OTAN. Meu programa presidencial em 2024 propôs um ato simples e desafiador: uma carta ao Departamento de Estado dos EUA para sair da aliança e adotar neutralidade.
Em um mundo fragmentado e multipolar, onde o governo errático de Trump quebrou a ordem, a OTAN e a UE estão se fundindo em um monolito militarizado. A iniciativa ReArm da UE apaga as suas fronteiras. Isso não é sobre ideologia; é sobre sobrevivência. Como a criança no conto de Andersen, devemos gritar a verdade: a OTAN é uma destruidora nua, perpetuando violência (física, estrutural e cultural) enquanto esvazia o sistema da ONU e ameaça a paz global.
Dissolvam-na. Deixem-na. Escolham a neutralidade militar e trabalhem por um futuro compartilhado para a humanidade. Nada menos serve.
Não à OTAN. Sim à Paz.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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