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      Elisabeth Lopes

      Advogada, especializada em Direito do Trabalho, pedagoga e Doutora em Educação

      63 artigos

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      Dia 13/05/2025 – Uma data histórica!

      Que sejamos os milhares de braços a aprender e a praticar os sábios ensinamentos de Pepe Mujica!

      Pepe Mujica (Foto: Divulgação)

      Em 13 de maio de 2025, Pepe Mujica nos deixou aos 89 anos de vida, numa tarde entre nuvens na acolhedora cidade de Montevidéu. O anúncio da morte desse homem, genuinamente, simples em seu modo de viver, imbuído de uma humanidade ímpar, demonstrada ao longo de sua existência pela absoluta coerência entre seu discurso e sua prática entristeceu em demasia não somente os latino americanos, mas pessoas espalhadas pelos demais continentes que o iravam por sua trajetória política e pessoal.

      Um líder progressista que nos ensinou, por meio de suas falas e práticas de vida inspiradora, a “sermos mais”, que na compreensão de Paulo Freire constitui a capacidade do ser humano de ir em busca de uma vida plenamente consciente e emancipada das amarras que o impedem de “ser mais”.Entre tantas reflexões de Pepe, destaco a que considero seu próprio testemunho de ser e estar na vida: “Aprendi que, se você não consegue ser feliz com poucas coisas, não conseguirá ser feliz com muitas coisas”.

      O enfrentamento à ditadura uruguaia lhe rendeu um cruel cárcere por 14 anos. A luta revolucionária por justiça social, por equidade, pelo bem estar dos excluídos, ocupou sua juventude e sua maturidade até seus últimos dias de vida. Enquanto presidente do Uruguai fez reformas inovadoras como legalização do aborto, casamento igualitário e liberação da maconha.    

      A força de sua práxis marcou sua liderança, corajosamente progressista e humanitária. Como diz Adolfo Sánchez Vázquez: “A práxis é a revolução, ou crítica radical que correspondendo a necessidades radicais humanas a do plano teórico ao prático” (Filosofia da Práxis, Buenos Aires, Expressão Popular, 2007, p.117). Pepe Mujica foi o homem que ou do plano teórico para uma práxis de vida revolucionária. Ao despedir-se do amigo, o Presidente Lula, visivelmente emocionado, referiu o que todas as pessoas que iravam o ex presidente uruguaio diriam: “Pessoas como Pepe Mujica não morrem”.

      Ao mesmo tempo em que o povo brasileiro recebia com tristeza a notícia da morte do grande estadista do país vizinho, chegavam notícias sobre o êxito da viagem de negócios do governo brasileiro à República Popular da China.

      Para o governo federal pensar o desenvolvimento sustentável do país é prioridade absoluta, independente das ideologias que marcam as relações entre os continentes. Como referiu o Ministro da Economia, Fernando Haddad: “O Brasil não vai escolher entre China e EUA”. Na esteira dessa determinação, o país não penderá para uma das potencias em detrimento de outra. A orientação do governo brasileiro é propositiva com ambas potências, em favor de um desenvolvimento crescente e sustentável do país.

      Na visita à potência asiática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinalou em seu pronunciamento que: “A relação entre o Brasil e a China nunca foi tão necessária. A Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável, que estabelecemos em novembro ado, é uma alternativa às rivalidades ideológicas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo”.

      Nesse horizonte de acordos comerciais que favorecerão em pé de igualdade os dois países, o presidente destacou a importância incontestável e irreversível do multilateralismo, em detrimento ao unilateralismo na atual realidade adversária de imposição pelo país norte-americano de uma severa onda tarifária sobre os produtos importados aos demais países. 

      O jornalista Leonardo Attuch comparou os acordos assinados entre Brasil e China, durante o  Quarto Fórum da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC-China) como “à da Lei Áurea” que encerrou oficialmente a escravidão no Brasil, e acrescentou que esse fórum “pode representar o marco inaugural de uma nova forma de abolição: a libertação política, econômica, tecnológica e simbólica dos povos da América Latina e do Caribe diante de séculos de dependência e subordinação” (disponível em /blog/13-de-maio-o-dia-de-uma-nova-abolicao).

      O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua viagem à Pequim com a de 36 acordos em parceria com o país asiático. O plano de cooperação abrange vários tópicos essenciais para o desenvolvimento dos dois países.

      Simultaneamente às boas notícias do país no plano internacional, no âmbito doméstico assistimos episódios marcados por posturas incivilizadas de parlamentares da extrema direita e do centrão contra as decisões constitucionais proferidas pela Suprema Corte quanto às ações de golpe de estado cometidas por políticos. As reiteradas ocupações desses parlamentares com essas questões impedem a tramitação de projetos imprescindíveis à satisfação de reais necessidades do povo.

      Após a Câmara Federal se valer do expediente da Resolução de Nº 18/25, com o fim de suspender a ação penal em andamento, sobre a tentativa de golpe de estado contra o deputado Alexandre Ramagem, situação frustrada, em parte, pelos votos unânimes dos Ministros da 1ª Turma, a defesa da deputada Carla Zambelli usou o mesmo expediente, sem lograr êxito. Nesta semana, Zambelli foi condenada, unanimemente, a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça e inserção de documentos falsos, em 2023.

      Nessa realidade manifestamente alheia aos interesses do povo por parte dos políticos da extrema direita bolsonarista e do centrão ciclotímico, que pende para o lado que lhe confira mais vantagens em poder político e econômico, fica difícil vislumbrar tempo para a câmara deliberar sobre outros projetos urgentes e necessários a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.

      Em dois anos e meio do governo Lula, mediante inúmeros entraves, como: os efeitos econômicos da política tarifária de Trump; a convivência com uma oposição inescrupulosa no congresso; a atuação depreciadora intermitente da mídia corporativa contra os atos do planalto, o governo tem apresentado bons resultados, como alcance de taxas de pleno emprego, retomada do desenvolvimento industrial, elevação do Produto Interno Bruto, queda da extrema pobreza, restabelecimento de produtivas relações comerciais internacionais, entre outros êxitos.

      Em meio a essas instabilidades provocadas pelo baixo nível da oposição parlamentar e pela torpe mídia tradicional, a maioria do povo subsumida pela exaustiva luta para sobreviver, massacrada pelo rentismo de uma minoria, que não se importa e se apraz com a alienação do povo, impedido de um pensar consciente sobre a realidade que o oprime, tende a repetir nas próximas eleições, as más escolhas de seus representantes. É assustador constatar que ainda há devoção de boa parte de brasileiros a figuras deploráveis como Bolsonaro e aos sucessores de seu espólio, como o falso moderado de extrema direita bolsonarista, Tarcísio de Freitas, fiel escudeiro do inelegível.

      A mudança dessa materialidade adversa às necessidades do povo somente acontecerá, na medida em que, o país se desenvolver a tal ponto que reúna condições imprescindíveis no plano econômico, social, ético-político e cultural que possam transpor as barreiras presentes, na atual composição estrutural do país. O caminho está sendo trilhado pelo atual governo progressista, apesar das dificuldades impeditivas. Contudo, enquanto o país oscilar entre períodos de governos retrógados e períodos de governos progressistas, as expectativas de formação de uma consciência crítica sustentável pelo povo, estará longe de acontecer.   

      Como disse Pepe Mujica em seus últimos contatos públicos: “Sou um velho partindo. Precisamos trabalhar pela esperança. Eu te entrego meu coração. Preciso agradecer à vida porque, quando estes braços partirem, haverá milhares de braços para me substituir. Adeus.”

      Que sejamos os milhares de braços a aprender e a praticar os sábios ensinamentos de Mujica!

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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