Desfaçatez sem limites
É certo que a moda dos maus comportamentos se ancora nos exemplos do ex-Presidente
Os órgãos da República, devidamente equilibrados nas suas atribuições, devem possuir uma identidade comum: a preocupação com a imagem. Obedecem de modo geral à população de votantes, pessoas de todas as formações. Estas se fazem representar por intermediários que não devem se desligar das comunidades que os apoiaram, sobretudo no capítulo da dignidade. Mandatários que se arvoram em maiores do que são, como se pudessem ignorar suas origens, acabam com os dias contados. Sempre houve pudor de comportamento por parte de parlamentares entre o que defendem e seus interesses pessoais. De repente, talvez em função do surgimento das redes sociais e de uma exposição extremada, aram a agir com total desfaçatez. Nos episódios relativos ao ex-agente da ABIN, a Câmara se revelou excessiva, dando de ombros para os padrões de compostura. Junto com Hugo Motta, resolveu afrontar a opinião pública e o STF em nome de um processo que deve levar à cadeia. Esqueceu-se de que “imunidade” não existe para preservar criminosos. Acresce o fato, mais grave, das segundas intenções para salvar Jair Bolsonaro de seu comprometimento nas conspirações para o golpe de Estado. Por último (e não menos grave) agora se anuncia o aumento do número de membros permanentes na câmara baixa, com suas respectivas despesas.
Ações de representantes do povo aos tribunais superiores, defendendo seus interesses, só podem ser vistas como arrogância ou desconhecimento das normas. Cortes existem para zelar pelos bons costumes, assegurando que cada um, nos três poderes, cumpra com o seu dever. É como se uma teia de vigilância se comprovasse necessária para impedir que aventuras tomem o lugar da sensatez. Para tornar mais severos tais requisitos, soma-se o julgamento de Carla Zambelli e sua condenação por unanimidade, na 1a Turma do Supremo. Ela há muito faz das suas, certa da impunidade. Escapou do Conselho de Ética por razões de espírito de corpo; não por sentido de justiça. Como agiu, atirou na lata de lixo os votos que obteve. Há outros na fila para posteriores punições: Gustavo Gayer e Gilvan da Federal que ponham as barbas de molho.
É certo que a moda dos maus comportamentos se ancora nos exemplos do ex-Presidente. Para começar, um cidadão que ocupa o Palácio da Alvorada deveria obedecer a um número de condições. Basta um exame no resto do mundo para verificar como os povos se revelam cuidadosos em semelhante particular. No nosso caso, terminamos por eleger um cafajeste no qual a agressividade e o baixo calão faziam companhia. Nunca resistiu à tentação de se mostrar menor do que podia, sobretudo no trato com as mulheres. Cumprindo pena, que conviva com seus pares. Na Capital e à testa do governo, não. Uma vez já nos bastou. E foi demais!
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