Brasil, um país bipolar
Apesar de avanços econômicos e sociais, Brasil segue dividido entre otimismo nos indicadores e paralisia política alimentada pela extrema direita
Estamos vivendo em dois países. Se diagnosticados à luz da psicologia, seríamos “bipolares”. De um lado, a bolsa bate recorde, atingindo a significativa marca de 138.963,11 pontos, quando a marca mais impactante foi a de agosto de 2024, de 137.343,96 pontos.
O desmatamento no país caiu 32% pela primeira vez em seis anos, há redução do número de homicídios – a despeito de tudo o que está embutido nesse dado, que nos impede de comemorar. Por exemplo, a informação de que 67% das mortes de crianças e adolescentes acontecem dentro de casa. E voltamos da China com um enfieira de itens de investimentos em todas as áreas que, quando saírem do papel, farão o Brasil dar um salto em tecnologia e desenvolvimento (vide a ferrovia bioceânica, que permitirá o escoamento da nossa produção direto para a China).
Estudo da Fundação Getúlio Vargas, (com base na PNAD Contínua) apontou que o país testemunhou a maior redução da desigualdade social dos últimos anos. A renda dos trabalhadores mais pobres cresceu 10,7% - o que representou um aumento significativamente superior aos dos mais ricos, (fato raro), que tiveram uma alta de 6,7% -, levando a média geral de crescimento de renda do trabalho para 7,1%.
O sucesso desses números – que para o mercado financeiro é ofensivo -, deveria encher o nosso “peito varonil” de orgulho. Mas tem a Janja...
Mas tem o Lula conversando com o Putin e sentado perto daqueles africanos...
Mas tem um Brasil pantanoso, onde o pus da barriga aberta de Bolsonaro escorre pela sarjeta. Seus correligionários estreitam a pauta no Congresso e reduzem o nosso cenário político a um samba de uma nota só. Querem anistia, querem a impunidade, querem a normalização de um crime hediondo, que poderia levar milhares de brasileiros à morte, à tortura e ao suplício da prisão por convicções políticas.
Mas tem 2026... No bojo das discussões obsessivas de um ex-presidente, que não se conforma em ser ex, ficam todos pendurados a uma “influência” que já não influi, ou influi cada vez menos, à espera do El Cid, que vai liderar a batalha.
Enquanto isso, no pântano, os partidos da direita se movem, se unem, e tentam isolar o governo. Esse mesmo, dos números acima. Buscam desesperadamente uma via alternativa. Tentaram com Michel – aquele, das mãos macarrônicas, moles, sem energia -, mas já queimou a largada.
Esperam pela indecisão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atado ao destino traçado por Bolsonaro. Enquanto o ex não decidir o que faz com a própria incapacidade de se candidatar – não acredita que está inelegível -, Tarcísio está no ar, antes de mergulhar. Com isto, foi ultraado pelo azarão Ronaldo Caiado, que, captando as insinuações lançadas pelos fascistas e a direita mais comportada, pegou o bastão do triathlon e disparou: “sou candidato, tenho credenciais para isso, pois sou o govenador mais bem avaliado desse país”.
Rapidamente, os que andam ávidos por um candidato para chamar de seu, desde que não seja Luiz Inácio Lula da Silva, abrem o sorriso e coaxam, do fundo do pântano em aprovação. Enquanto isto, os artífices Davi Alcolumbre e Hugo Motta correm pela grande área, rolam a bola pelas laterais – ora pela esquerda, ora pela direita -, à espreita daquele e certeiro. Onde a bola cair, eles chutam. Querem é fazer gol.
Por enquanto, acompanhamos atentos a movimentação dos partidos em federações, encolhendo o tamanho do campo em que joga o governo. Falta alguém com força e determinação para costurar as bandas do país desapartado. Há um Bolsonaro no meio do caminho. No meio do caminho, há um Bolsonaro...
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