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      Pedro Benedito Maciel Neto

      Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

      174 artigos

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      As instituições humanas e a fé

      "Os católicos devem se afastar das mentiras, compreender a diferença entre fé e instituição e desejar saúde ao Papa para seguir seu legado"

      Imagens do Papa Francisco (Foto: Reuters/Hannah McKay)

      Escutei de um primo, filho de uma das irmãs de minha mãe, que o Papa Francisco seria comunista, ele disse ainda que Francisco estaria “destruindo” a Igreja e, para provar o que me disse, tomou nas mãos seu celular e mostrou diversas mensagens de whatsapp, salvas por ele, que relacionavam o Papa com o demônio, com o comunismo, com todo tipo de coisa ruim...

      Foi uma tristeza ouvir tamanha sandice, me senti desafiado, pedi mais um café e um pedaço de bolo para a minha tia e ei para o argumento racional (ainda acredito na verdade como arma essencial para vencer a mentira e as versões).

      Vamos lá.

      Costumo dizer que os “meus Papas favoritos” são João XXIII e o Francisco. Hoje, vou falar um pouco sobre eles e sobre outros Papas dos séculos XX e XXI, para tentar explicar a diferença entre as estruturas humanas e a fé.

      JOÃO XXIII - João XXIII, nasceu perto de Bergamo em 1881, numa família de camponeses e esse filho de camponeses convocou, “contra tudo e contra todos”, o Concilio Vaticano II, retirou da liturgia as duras expressões relativas aos Judeus e inaugurou uma nova era de relacionamento e diálogo judaico-católico. O Concilio Vaticano II, como ele afirmou, nasceu “por uma improvisa inspiração do Espírito Santo”, buscava a regeneração da Igreja com a atualização da doutrina, da disciplina e da organização; na abertura do concílio estiveram presentes observadores e representantes de dezoito Igrejas não cristãs; concedeu o uso do idioma local para igrejas.

      As suas encíclicas tem um carácter mais pastoral do que dogmático. A “Mater et Magistra” (1961) exortava as nações mais ricas a ajudar as mais pobres e a “Pacem in Terris” (1963) explica que o reconhecimento dos direitos e dos deveres do homem é o fundamento da paz mundial (ambas as encíclicas me foram apresentadas pelo professor de sociologia Francisco Rossi no ano de 1982 na PUC Campinas).

      Lamentavelmente, o Concilio Vaticano II não alcançou todos os objetivos que João XXIII, sob inspiração do Espirito Santo, buscava, pois, além da sua morte, na burocracia da Santa Sé há conservadores e falsos pastores, ciosos pela manutenção de seus privilégios.

      PAULO VI - Merece registro que Paulo VI, que o sucedeu, enfrentou com coragem os falsos pastores, os quais pretendiam que, após a morte de João XXIII, o Concilio fosse extinto sem conclusão e sem propor ou realizar mudanças.

      Paulo VI deu segmento ao concilio.

      JOÃO PAULO I – Sucedeu a Paulo VI o “Papa Sorriso”, João Paulo I, que foi eleito para “obedecer” aos conservadores, mas ele revelou-se um pastor comprometido com o Evangelho e prometeu “colocar no dedo na ferida da Cúria: o Banco do Vaticano”, contudo, não conseguiu dar início ao trabalho, pois, além de a Cúria Romana ser contra qualquer investigação, ele morreu, foi declarado morto por ataque cardíaco, apenas 33 dias após sua eleição. O jornalista britânico David Yallop publicou em 1984, após longa pesquisa, a obra “Em nome de Deus” (In God's Name), na qual oferece pistas sobre uma possível conspiração para matar João Paulo I. Outras obras de investigação também lançam a teoria de envenenamento: o livro “El día de la cuenta” do sacerdote espanhol Jesus López Sáez, presume que o Papa foi envenenado.

      Filho de uma família proletária e de um pai socialista, Albino Luciani, esse era o nome do Papa João Paulo I, não tinha lugar na Cúria Romana, um onde o mal está presente.

      Yallop ainda insinuou que João Paulo II foi conivente com todas as irregularidades, que manteve os privilégios da Cúria Romana e fez uso do dinheiro sujo do Banco do Vaticano para sua campanha anticomunista.

      João Paulo II – Sem se preocupar com a corrupção do Banco do Vaticano, com os privilégios da Cúria Romana ou com a necessária preferência da Igreja pelos pobres, seu papado teve um caráter eminentemente político, anticomunista, conservador e buscou reverter, com a ajuda de Joseph Aloisius Ratzinger, os avanços do Concilio Vaticano II.

      Após o longo papado de João Paulo II foi eleito para o trono de Pedro o Cardeal ultraconservador Joseph Aloisius Ratzinger.

      BENTO XVI – Ratzinger, um intelectual, sem carisma ou proximidade com a realidade do mundo foi o escolhido, mas ele não teve força para enfrentar o Vatileaks (o nome dado a um escândalo envolvendo documentos secretos que vazaram do Vaticano e que revelam a existência de uma ampla rede de corrupção, nepotismo e favoritismo).

      Bento XVI, que foi durante toda sua vida um estudioso, um intelectual conservador, não estava preparado para enfrentar essa realidade, nem para enfrentar a burocracia da Cúria Romana e lutar contra a corrupção, por isso renunciou, sendo eleito o argentino Jorge Mario Bergoglio.

      Francisco - Jorge Mario Bergoglio foi eleito e tem buscado com todas as suas forças moralizar as instituições, especialmente o Banco do Vaticano, contudo, enfrenta imensa resistência nos altos escalões da Igreja Católica para implementar sua filosofia de mais frugalidade e austeridade nos gastos.

      Francisco lota praças, mas não é muito popular entre alguns religiosos em altas posições. Os burocratas da cúria sabotam as reformas que o papa quer fazer e alimentam uma rede de calunia contra o Papa nas redes sociais.

      Esse é o meu ponto de vista, essas são as informações que trago, fruto de estudo profundo.

      Por essas razões creio que todos os cristãos católicos apostólicos romanos, como eu, inclusive ao meu primo, devem se afastar das maldades e mentiras dos burocratas e das redes sociais, devem compreender que há diferença entre a institucionalidade e a fé e devem desejar saúde ao Papa Francisco, pois o trabalho iniciado por João XXIII é inconcluso e, em sendo necessária a eleição de outro Papa, que, sob inspiração do Espirito Santo, nos apresentem alguém com a coragem necessária para dar seguimento ao trabalho pastoral e à gestão de João XXIII, João Paulo I e Francisco.

      Essas são as reflexões.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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