Aos especuladores Faria Limers
Quem define a política econômica do país, pelo menos neste governo, não é a Faria Lima
Caro Luís Stuhlberger,
Não tenho procuração para falar em nome do Partido dos Trabalhadores, tampouco para interpretar o que ele pensa sobre os ricos – preocupação que você demonstrou recentemente ao criticar medidas adotadas pelo governo Lula. Mas tenho clareza de como acredito que o PT deveria enxergar a elite brasileira – se é que já não a enxerga assim. Uma elite da qual você se apresenta como porta-voz, representante intelectual e entusiasta declarado.
Na minha visão, o PT – e todo o campo democrático – deveria encarar a elite verde e amarela, especialmente a financeira, como um câncer social. Uma elite que bate carteira da fé e da esperança do povo. Essa mesma elite que combina perfeitamente com as cores das camisetas vestidas pelos fascistas de ontem, e pelos de hoje em suas manifestações golpistas.
Há séculos, essa elite se vende como moderna – como se fosse a detentora do “espírito”, da razão, do saber absoluto. Enquanto isso, olha para o povo – representado parcialmente pela política e pelo Estado – como o “corpo”: algo a ser explorado, sugado, usado apenas por sua força bruta, sua irracionalidade, suas poupanças, para que cresçam as fortunas dos especuladores de plantão.
Essa elite espolia o país, suga sua economia por meio de juros extorsivos sobre uma dívida pública que já ou da hora de ser auditada. E ainda quer ditar os rumos do Brasil. Uma elite que, ao menor sinal de crise, corre para o Estado em busca de socorro — como ocorreu com o Proer, o famoso programa criado em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, para salvar bancos quebrados por apostas erradas feitas por vocês, os “especialistas” do mercado.
Quanto ao controle de capitais, senhor Stuhlberger, não cabe ao mercado decidir se o Estado brasileiro deve ou não utilizar essa ferramenta – e em que medida. Quem define a política econômica do país, pelo menos neste governo, não é a Faria Lima. Aceitar isso seria o mesmo que entregar os portos e aeroportos aos traficantes, ou permitir que as casas de aposta escolham os árbitros das partidas de futebol.
Portanto, se o senhor deseja fazer campanha pelo candidato que representa os interesses da elite – especialmente da elite financeira paulista –, está em seu pleno direito. Mas não venha disfarçar seus interesses econômicos e de classe como se fossem análises neutras. Seja honesto. ita que sua função é propagar o medo, para que ele seja reproduzido pela grande mídia e, por meio dela, a partir da opinião publicada, construída uma imagem negativa na cabeça das pessoas. Seria mais digno.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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