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      Moisés Mendes

      Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

      973 artigos

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      Alexandre de Moraes vai testar o nível da valentia de Bolsonaro

      "O chefe do golpe sabe que não pode ser muito obediente e tampouco muito atrevido no depoimento no Supremo”, escreve Moisés Mendes

      Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes (Foto: Reprodução | Antonio Augusto/Secom/TSE)

      Todos os que já aram pela sabatina de Paulo Gonet e Alexandre de Moraes, como testemunhas do golpe, ofereceram informações valiosas também para Bolsonaro. Principalmente pela exposição dos seus medos diante dos interrogadores.

      Examinando o comportamento dos outros, que viram ou não viram golpe, Bolsonaro sabe o que pode e não pode ou não deve falar e fazer. O chefe dos golpistas precisa se apresentar como um réu bem calibrado na audiência no STF, que pode acontecer entre terça e quarta-feira, dependendo do ritmo dos primeiros interrogatórios da semana. 

      Não poderá ser impositivo e assertivo a ponto de sugerir que foi ao Supremo para produzir cortes de vídeos com manifestações de valentia e afrontas. Mas também não pode ficar encolhido como um tenente obediente na base do sim senhor e não senhor.

      Freire Gomes, o ex-chefe do Exército que Braga Netto chamava de cagão, encolheu-se diante de Moraes e negou que tivesse avisado Bolsonaro de que ele seria preso, se o golpe fosse levado adiante.

      Baptista Júnior, ex-chefe da Aeronáutica, surpreendeu pela postura legalista e quando desmentiu Freire Gomes (sim, o colega havia ameaçado Bolsonaro) e disse ainda que sofria coação de Braga Netto. Saiu ileso do STF.

      Aldo Rebelo deu uma aula sobre o sentido das palavras, irritou Moraes, recuou e perdeu a chance de ser preso dentro do Supremo, o que transformaria um ex-comunista em herói da extrema direita.

      Hamilton Mourão, sem surpresas, nada viu, nada ouviu e nada disse, porque assim se comportou durante todo o mandato, como vice que Bolsonaro considerava inconfiável e improdutivo. O general não apitava e não ouvia apitos.  

      Tarcísio de Freitas, poupado por Gonet e Moraes, porque não era preciso incomodá-lo, aproveitou o palco para dizer que Bolsonaro estava preocupado, não com o golpe, mas com o superávit fiscal.

      Todos os citados como testemunhas não tinham muita coisa a perder além do que restava da reputação e da coragem presumida de alguns deles. Com Bolsonaro é diferente. Não haverá espaço para enrolação.

      Se não estiver bem resetado, Bolsonaro pode, com uma postura mais ostensiva, acionar o que Moraes mais sabe fazer, que é erguer a voz, impor sua autoridade e humilhar. 

      Se for muito obediente, formal ou fofo, Bolsonaro mal com a sua base, que tanto cobra valentia dos que não defendem os manés do 8 de janeiro e cobrou bravura de Tarcísio de Freitas diante de Moraes.

      Bolsonaro deve jogar para empatar. Vai dizer que não planejou golpe algum. Vai repetir o que ninguém aguenta mais ouvir, que jogou sempre dentro das quatro linhas da Constituição. 

      Que viu a minuta do golpe porque cópias do plano eram lidas e revisadas até pelas emas do Alvorada. Que desconfiar do sistema eleitoral é um direito de qualquer um.

      Que tinha uma boa relação com os comandantes militares, que viajou para os Estados Unidos porque sentiu que havia algo estranho no ar, mesmo que não saiba dizer o que era. E que só ficou sabendo do 8 de janeiro quando tomava um café aguado e comia uma torrada numa padaria de Orlando. 

      Mas Bolsonaro terá que deixar uma frase, uma só, que possa render corte e virar manchete nos jornais. A frase está sendo testada, nas conversas com Tarcísio nos alojamentos do Palácio dos Bandeirantes, e pode ter várias versões.

      Será na linha da defesa mais básica, óbvia e previsível, nas atuais circunstâncias: nunca pensei nem planejei nada contra as instituições e a democracia.

      Ele até poderia dizer outras coisas mais atrevidas, considerando-se seu histórico de bobagens, agressões e crueldades cometidas quase sempre publicamente. 

      Mas não na audiência dessa semana, que pode ser sua última aparição mais midiática antes da prisão. Bolsonaro irá tremer diante de Alexandre de Moraes.  

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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