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      Ricardo Nêggo Tom

      Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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      A nova musa da “Ku Klux Klan” é linda, deixa ela entrar

      A vereadora Cris Monteiro nos mostra que o fundo do poço do fascismo não tem fim e nem água, observa Ricardo Nêggo Tom

      Cris Monteiro (Foto: Reprodução)

      Precisamos levantar um sério debate com relação a interdição de políticos bolsonaristas nos parlamentos brasileiros, uma vez que já está mais do que comprovado que, em sua maioria, eles não reúnem condições intelectuais, civilizatórias e psiquiátricas para estarem na vida pública e representarem o povo nas casas legislativas. Se em Curitiba, a Câmara abriga um vereador capaz de justificar a criação da Ku Klux Klan e dizer que ela foi criada para desarmar os negros empoderados, em São Paulo temos uma vereadora que se apresenta como a musa da referida organização criminosa supremacista.

      Durante a sessão da última terça-feira (29), onde se discutia o aumento para os professores do município, Cris Monteiro, vereadora do partido Novo, subiu à tribuna para mostrar como uma legenda pode envelhecer precocemente em tão pouco tempo de fundação. Se referindo aos professores presentes nas galerias da casa como “vagabundos” e “mamateiros”, ela evocou o personagem “Senhora dos absurdos”, criado pelo saudoso Paulo Gustavo, para clarear, embelezar e enriquecer a sua defesa pela manutenção dos salários da categoria como está. Insatisfeita com as vaias que lhe eram dirigidas durante a sua fala, Cris alegou que a reação negativa das galerias era porque ela é branca, bonita e rica, e isso incomodava os manifestantes. A maioria pretos e pardos.

      Cris Monteiro se apresentou como a representante dessa parte branca, bonita e rica da nossa sociedade, que sofre com a opressão dos feios, pobres e não brancos. Uma ode à todas as bizarrices já protagonizadas pela extrema-direita na política brasileira. Ou, quase todas. Afinal, a patológica criatividade dessa gente não tem limites, e eles são capazes de expressar muito mais absurdos do que possa imaginar a nossa vã filosofia. A perplexidade aumenta quando nos deparamos com uma mulher que não entrega os dois primeiros atributos dos quais se gaba. Quanto à riqueza, é possível que ela tenha feito uma composição de “renda” com a pouca beleza e a questionável brancura, e tenha chegado a uma soma estrutural que lhe garanta os privilégios da branquitude. Agora sabemos porque todo mundo odeia a Cris.

      Para quem não se lembra, a moça de fala racista é a mesma que tirou a peruca na tribuna da Câmara para protestar contra o preconceito que vinha sofrendo com relação a uma doença autoimune que ela enfrenta desde a infância. A vereadora sofre de alopecia areata, uma condição em que o sistema imunológico, por engano, identifica os folículos capilares como um invasor e ataca, levando à queda de cabelo. É possível que a fala de Cris Monteiro estivesse carregada de ressentimentos, frustrações pessoais, baixa autoestima e desejo de vingança, sob a “peruca” da autoestima, da superação e da autoafirmação. Algo que eu deixo aos cuidados dos psicólogos e psicanalistas, entendendo que a vereadora talvez devesse cuidar mais de sua saúde mental, ao invés de tentar intoxicar a dos outros com o seu rancor. E todos nós temos questões mentais a serem tratadas.

      O que precisamos deixar aos cuidados da justiça e do Conselho de Ética da Câmara de Vereadores de São Paulo, é o teor racista, capacitista e aporofóbico do discurso da pseudo bonita vereadora. Tanto suas questões psicológicas, como a sua falta de espelho em casa, não devem servir de justificativa para cometimento de crimes dentro de uma casa legislativa. É urgente que haja uma representação contra o seu posicionamento, para que ela finalmente perceba que não é nem tão branca, nem tão bonita e nem tão rica quanto imagina. A forma com que ela e seus pares da extrema-direita se dirigiram aos professores, é digna de repulsa. É inissível que profissionais da educação sejam chamados de “vagabundos” por estarem reivindicando melhores salários, quando os vereadores que os agridem aumentaram os próprios salários em 37%, ando dos R$ 18.991,68, para R$ 26.080,98.

      A maioria dos vereadores de São Paulo entende que os professores estão ganhando muito bem. Lucas Pavanato, o caçador de pessoas trans, chegou a comparar o aumento salarial dado aos servidores municipais, com o aumento dado aos trabalhadores da iniciativa privada. Uma espécie de “Carta de Lynch” do neoliberalismo brasileiro para provocar divisão e disputa entre os trabalhadores e criar uma luta interna dentro da mesma classe. Divisão esta que não acontece dentro da classe política da extrema-direita, onde a maioria é branca, bonita (ou acredita que seja), rica e unida pelo mesmo objetivo: aumentar as desigualdades sociais destruindo as políticas inclusivas da esquerda. Entre elas, a de valorização dos salários da classe trabalhadora, seja na esfera pública ou privada.

      Cris Monteiro representa uma elite que se esconde por trás do partido Novo, e que delega missões aos “aspones” financiados por ela para ingressarem na política. Relembrando “Mulher nova, bonita e carinhosa”, um grande sucesso da MPB imortalizado na voz de Amelinha nos anos 1980, eu diria que numa guerra entre os Faria Limers e o proletariado, pelo mercado de trabalho, a menina dos olhos dos donos dos meios de produção, conta a história que a extrema-direita iniciava uma guerra sem fim. Não sei se os trabalhadores terão a mesma força do espartano Menelau para vencerem a “Paris 6” do empresariado brasileiro. Mas de uma coisa eu tenho certeza: mulher branca, rica e preconceituosa no parlamento, faz o trabalhador chorar sem sentir dor. E nem precisa ser bonita. 

      NOTA - A assessoria da vereadora encaminhou anteriormente nota à imprensa em que a parlamentar “lamenta a repercussão de sua fala e reforça que em nenhum momento teve a intenção de ofender qualquer pessoa”.

      Ao longo dos últimos cinco anos de mandato, Cris Monteiro sempre pautou sua atuação pelo respeito aos colegas parlamentares e à população de São Paulo. Sua trajetória é marcada pelo diálogo, pela escuta ativa e pelo compromisso com soluções concretas para os desafios da cidade”, diz trecho do comunicado.

      Autora de leis importantes como as de Naming Rights e Não se Cale, entre outras iniciativas de impacto, a vereadora segue dedicada ao trabalho legislativo com seriedade, responsabilidade e o objetivo de fazer de São Paulo uma cidade melhor para todos”, conclui a nota.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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