window.dataLayer = window.dataLayer || []; window.dataLayer.push({ 'event': 'author_view', 'author': 'Ivan Rios', 'page_url': '/blog/a-luta-do-povo-palestino-ocupacao-genocidio-e-a-hipocrisia-internacional' });
TV 247 logo
      Ivan Rios avatar

      Ivan Rios

      Sindicalista, historiador, crítico de cinema, escritor, membro do Comitê Baiano de Solidariedade ao Povo da Palestina, graduando em Direito, militante dos Movimentos de Promoção, Inclusão e Difusão Cultural no Estado da Bahia

      49 artigos

      HOME > blog

      A luta do povo palestino: ocupação, genocídio e a hipocrisia internacional

      A neutralidade não é uma opção, é cumplicidade. O Brasil precisa romper relações diplomáticas com Israel imediatamente

      Faixa de Gaza após ataque israelense (Foto: Reuters)

      A Palestina sangra enquanto o mundo assiste em silêncio. Por mais de sete décadas, o povo palestino tem sido sistematicamente expulso de suas terras, esmagado por um regime de apartheid e submetido a um cerco que sufoca sua dignidade e sua existência. O que Israel chama de "segurança" é, na verdade, uma brutal campanha de colonização, ocupação e extermínio. O bloqueio imposto à Faixa de Gaza, intensificado desde 2007, não é apenas uma estratégia militar, é um método deliberado para aniquilar um povo, cortando seu o a alimentos, medicamentos, água potável e energia elétrica.

      O genocídio não começou ontem. Mas em outubro de 2023, sua intensidade alcançou níveis insustentáveis. O atentado à rave Supernova, realizado pelo grupo Hamas, resultou na morte de cerca de 260 pessoas e foi imediatamente explorado pelo governo de Benjamin Netanyahu como justificativa para uma ofensiva brutal contra Gaza. Sob o pretexto da autodefesa, Israel lançou uma campanha de terror estatal, promovendo bombardeios incessantes que destruíram hospitais, escolas e sistemas essenciais para a sobrevivência da população civil.

      Hoje, Gaza é um campo de extermínio a céu aberto. O número de mortos ultraa 54 mil e centenas de milhares de palestinos foram deslocados, destituídos de qualquer perspectiva de futuro. A destruição sistemática da infraestrutura civil, o assassinato em massa de crianças e o bloqueio total de insumos básicos configuram crimes de guerra e violação do direito internacional. Entretanto, enquanto na Ucrânia há um clamor internacional por sanções e apoio ir, na Palestina, a resposta global é omissão, cumplicidade e silêncio ensurdecedor.

      A hipocrisia das potências mundiais não pode mais ser tolerada. Não há justificativa para um regime que usa sua superioridade militar para exterminar uma população indefesa. A Palestina resiste. E sua luta não é apenas uma batalha territorial, é um grito de denúncia contra a ordem global que perpetua a opressão dos povos. Defender a Palestina não é opção, é um dever moral inadiável.

      A ividade da comunidade internacional: a cumplicidade com o genocídio - O silêncio global diante do massacre palestino é cumplicidade direta com o genocídio. Enquanto a Palestina enfrenta uma política sistemática de extermínio e apartheid, governos ao redor do mundo preferem manter uma postura ambígua e calculista, priorizando interesses geopolíticos em detrimento da vida humana. A inércia internacional não é um erro estratégico, mas um posicionamento deliberado, portanto, um crime de cumplicidade, que permite que Israel continue sua campanha de aniquilação sem nenhuma consequência real.

      Essa mesma dinâmica de opressão e isolamento já pode ser vista em outro cenário igualmente nefasto: Cuba. Assim como Gaza, o país enfrenta um bloqueio devastador, imposto e mantido pelos Estados Unidos por mais de seis décadas. O objetivo é o mesmo: sufocar um povo por sua resistência e desafiá-lo a sobreviver sem o a insumos essenciais. Assim como na Palestina, Washington utiliza seu poder econômico e militar para asfixiar economias, restringir o a bens fundamentais e inviabilizar qualquer tentativa de autodeterminação. A mensagem é clara: quem desafia o império, deve ser esmagado.

      O genocídio palestino e o bloqueio cubano são exemplos evidentes de como o sistema internacional não defende princípios universais de direitos humanos, apenas agendas de conveniência. O que acontece em Gaza e Havana não são acidentes diplomáticos, são projetos estruturados de dominação imperialista, e seus responsáveis precisam ser confrontados. Não há mais espaço para neutralidade: ou se combate essas políticas criminosas ou se aceita a barbárie como norma.

      A ajuda humanitária da China: um alívio fundamental, mas ainda insuficiente para Gaza - Diante da catástrofe humanitária em Gaza, a China tem se posicionado como um dos poucos países a oferecer assistência direta à população palestina. Pequim reforçou seu apoio ao cessar-fogo e à solução de dois Estados, além de enviar suprimentos essenciais para aliviar o sofrimento dos civis. No entanto, apesar de bem-vinda, essa ajuda não é suficiente para reverter a situação desesperadora em Gaza.

      A crise humanitária na região é profundamente estrutural e não pode ser resolvida apenas com remessas de alimentos e medicamentos. O bloqueio imposto por Israel, que restringe a entrada de suprimentos e impede a reconstrução da infraestrutura básica, continua sendo o maior obstáculo para a sobrevivência dos palestinos. A ONU alerta que o volume de ajuda que chega atualmente é uma gota no oceano diante das necessidades de 2,4 milhões de habitantes, que antes da guerra recebiam cerca de 500 caminhões de suprimentos por dia.

      Embora a China tenha demonstrado solidariedade, a realidade é que sem uma ação coordenada e contundente da comunidade internacional, a Palestina continuará sendo vítima de um cerco genocida. O envio de ajuda humanitária é um gesto importante, mas não substitui a necessidade de sanções contra Israel, do fim do bloqueio e do reconhecimento pleno do Estado Palestino.

      A resistência do Iêmen: o papel dos Houthis na luta contra Israel e a vergonhosa inércia das nações árabes - Enquanto governos árabes mantêm uma postura cautelosa ou conivente diante do genocídio palestino, o movimento Houthi, do Iêmen, emergiu como um dos atores mais ativos na resistência contra Israel. Oficialmente conhecido como Ansar Allah, o grupo tem realizado ataques diretos contra alvos israelenses desde outubro de 2023, em resposta à ofensiva brutal contra Gaza.

      Os Houthis dispararam mísseis e drones contra Israel, conseguindo atingir Tel Aviv e danificar infraestruturas estratégicas, incluindo o aeroporto Ben Gurion. Além disso, o grupo tem interrompido o comércio marítimo no Golfo e no Mar Vermelho, afetando rotas comerciais essenciais para Israel e para o Ocidente. O porto de Eilat, um dos mais importantes do país, chegou a declarar falência devido aos ataques Houthi, demonstrando o impacto direto da ofensiva iemenita na economia israelense.

      Diferente de outros países árabes que fazem declarações diplomáticas vazias, os Houthis colocaram em prática uma resistência militar efetiva, desafiando diretamente a ocupação israelense e o imperialismo ocidental. Seu papel no Eixo de Resistência, ao lado do Irã e Hezbollah, demonstra que há forças dispostas a enfrentar Israel militarmente, enquanto a maioria dos governos árabes prefere manter relações comerciais e diplomáticas com Tel Aviv, priorizando lucros e acordos estratégicos sobre a dignidade e autodeterminação palestina.

      Além dos Houthis, outros atores coadjuvantes têm desempenhado papéis fundamentais na resistência contra Israel, mesmo sem o protagonismo direto no combate. A Síria, apesar de seu próprio conflito devastador, tem mantido uma postura hostil à ocupação israelense, permitindo operações estratégicas do Eixo de Resistência dentro de seu território. O Líbano, através do Hezbollah, continua a ser uma barreira geopolítica fundamental, impedindo que Israel expanda sua influência e controle sobre o território ao norte da Palestina. Por outro lado, na esfera política, movimentos populares na Argélia, Turquia e Paquistão têm pressionado seus governos para adotarem sanções mais severas contra Tel Aviv e para romperem acordos comerciais e militares que fortalecem a ocupação. Embora esses atores não estejam no front militar, sua resistência econômica, diplomática e logística ajuda a minar as capacidades estratégicas de Israel, tornando a luta palestina um desafio global ao imperialismo sionista.

      A política externa dos Estados Unidos: cerco a Cuba e apoio ao apartheid israelense em Gaza - Sob a liderança de Donald Trump, a política externa dos Estados Unidos se tornou ainda mais agressiva e punitiva, reforçando estratégias de cerco econômico e apoio militar ir a regimes opressores. Durante sua presidência, Trump não apenas endureceu o embargo a Cuba, uma das mais longas e severas sanções da história moderna, como também ampliou seu respaldo à ocupação israelense na Palestina.

      O bloqueio imposto a Cuba, vigente há mais de seis décadas, foi intensificado por Trump com restrições ainda mais rígidas às remessas financeiras e ao o a bens essenciais, aprofundando a precarização das condições de vida da população cubana. No Oriente Médio, sua istração consolidou uma aliança sem precedentes com Benjamin Netanyahu, legitimando ações militares brutais contra palestinos e intensificando a marginalização de Gaza.

      A decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, ignorando resoluções da ONU, e o corte de recursos destinados à UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo) não apenas aprofundaram o isolamento da Palestina, mas também contribuíram diretamente para a intensificação do apartheid israelense.

      Essas ações, alinhadas a um discurso ultranacionalista e de extrema direita, tiveram efeitos devastadores sobre milhões de palestinos, consolidando um cenário de limpeza étnica e genocídio, legitimado sob a retórica da "segurança nacional" israelense e financiado pelo imperialismo estadunidense.

      A insustentável ambiguidade do Brasil no jogo diplomático e sua relação com Israel - O Brasil se orgulha de sua tradição diplomática progressista, mas de que adianta discursos inflamados se, na prática, nada muda para o povo palestino? O governo brasileiro se recusa a tomar medidas concretas, limitando-se a declarações genéricas enquanto Israel continua sua campanha de extermínio. A postura do Brasil contrasta fortemente com a de países como China, que, apesar de suas próprias limitações, tem demonstrado ações reais e tangíveis em apoio à Palestina.

      A China, por exemplo, não apenas condenou veementemente a ofensiva israelense, mas também “bombardeou” Gaza com alimentos e insumos essenciais, garantindo que a população palestina tivesse o mínimo à sobrevivência. Além disso, Pequim tem pressionado diplomaticamente por um cessar-fogo imediato e facilitado acordos de reconciliação entre facções palestinas, como a Declaração de Pequim, assinada em julho de 2024. A China também fez um pronunciamento histórico na Corte Internacional de Justiça, afirmando que o povo palestino tem o direito de recorrer à luta armada para alcançar sua autodeterminação.

      E o Brasil? Onde estão as sanções contra Israel? Onde está o rompimento de relações diplomáticas? Onde está o boicote econômico? O governo brasileiro continua mantendo relações comerciais com Tel Aviv, permitindo que empresas brasileiras lucrem com a ocupação e o apartheid. Enquanto a China atua diretamente na reconstrução de Gaza, o Brasil se limita a discursos diplomáticos vazios, sem qualquer impacto real na vida dos palestinos.

      Se o governo brasileiro se diz defensor dos direitos humanos, por que não lidera uma coalizão sul-americana de boicote e sanções contra Tel Aviv? O país tem influência nos BRICS, no G20, e em outras instâncias internacionais, mas se recusa a usar esse poder para pressionar Israel.

      A neutralidade não é uma opção, é cumplicidade. O Brasil precisa romper relações diplomáticas com Israel imediatamente, banir empresas cúmplices da ocupação, liderar um boicote econômico e impulsionar o reconhecimento da Palestina como membro pleno nos BRICS e no G20. Ou o governo brasileiro abandona sua postura iva e age como um verdadeiro defensor da justiça, ou segue sendo cúmplice da destruição palestina. Nesse sentido, a história inevitavelmente cobrará coerência.

      A ruptura de "Sem Chão": como um uocumentário anti-sionista venceu o Oscar? - A vitória de "Sem Chão" (No Other Land) no Oscar de Melhor Documentário em 2025 foi um evento inesperado dentro da lógica da indústria cinematográfica estadunidense. Hollywood, historicamente alinhada aos interesses geopolíticos ocidentais e fortemente influenciada pelo lobby sionista, sempre impôs barreiras à produção e distribuição de obras que denunciam o apartheid israelense e o genocídio palestino. No entanto, contra todas as expectativas, um filme que expõe a destruição da comunidade palestina Masafer Yatta, na Cisjordânia, conseguiu romper essa barreira e alcançar o maior reconhecimento do establishment cinematográfico global.

      Mas como isso foi possível? A resposta está em uma combinação de fatores que vão além da qualidade artística do documentário. Primeiro, "Sem Chão" foi rejeitado por distribuidores nos Estados Unidos, o que obrigou seus criadores a adotar uma tática de guerrilha para garantir sua elegibilidade ao Oscar. Sem apoio de grandes estúdios, os cineastas organizaram uma exibição independente no Lincoln Center, em Nova York, cumprindo assim o requisito de estreia no país. Esse movimento estratégico permitiu que o filme entrasse na disputa, mesmo sem o respaldo da indústria.

      Outro fator crucial foi a crescente pressão internacional contra Israel. Em 2025, a ofensiva israelense contra Gaza atingiu níveis de violência que tornaram impossível para a mídia ocidental suprimir completamente as denúncias de crimes de guerra. O documentário chegou ao Oscar em um momento em que a narrativa pró-Israel começava a enfrentar resistência dentro do próprio Ocidente, com protestos e boicotes ganhando força. A premiação do filme pode ter sido, em parte, uma tentativa da Academia de se alinhar ao novo clima político, evitando ser vista como cúmplice da censura e da normalização da ocupação israelense.

      No entanto, a vitória de "Sem Chão" também expõe contradições. Embora tenha sido premiado, o filme continua sendo alvo de boicotes e tentativas de silenciamento. O governo israelense classificou sua vitória como "um momento triste para o mundo do cinema", e há esforços para impedir sua exibição em diversas plataformas. Além disso, a obra não recebeu financiamento público e foi produzida sem o apoio de grandes estúdios, o que demonstra que, apesar do reconhecimento, Hollywood ainda resiste a dar espaço para narrativas que confrontam o sionismo institucionalizado.

      A vitória de "Sem Chão" não significa que a indústria cinematográfica tenha mudado sua postura, mas sim que a pressão global tornou impossível ignorar a realidade palestina. O documentário conseguiu furar o bloqueio, mas sua trajetória revela que a censura e o boicote contra produções pró-Palestina continuam sendo uma prática sistemática.

      Se há uma lição a ser tirada desse episódio, é que a verdade, quando documentada e exposta ao mundo, pode romper barreiras mesmo nos espaços mais hostis. "Sem Chão" não apenas venceu um Oscar, ele desafiou a estrutura que protege Israel dentro do sistema cultural ocidental. E isso, por si só, já é uma vitória histórica.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...