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      Washington Araújo

      Jornalista, escritor e professor. Mestre em Cinema e psicanalista. Pesquisador de IA e redes sociais. Apresenta o podcast 1844, Spotify.

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      A falta que Luiz Gushiken faz ao Brasil em 2025

      Se vivo fosse, Luiz Gushiken completaria neste mês mais um ciclo de vida. Teria 75 anos

      O ex-ministro Luiz Gushiken (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

      Maio de 2025 – Se vivo fosse, Luiz Gushiken completaria neste mês mais um ciclo de vida. Teria 75 anos. Mas sua existência, embora abreviada, permanece como referência ética, política e humana em tempos tão necessitados de lideranças serenas, visionárias e leais ao bem comum. A falta que Luiz Gushiken faz ao Brasil é sentida na ausência de vozes ponderadas que unam lucidez estratégica com sensibilidade social. Sua ética silenciosa, sua rara combinação de firmeza, coragem e serenidade, fazem falta num país onde o ruído e a fúria têm ocupado o lugar do discernimento. Faltam Gushikens. E isso é grave.

       Se existiu alguém que, em nossa história recente, conseguiu transcender os verbos a que todos estamos submetidos – nascer, viver, morrer – esse alguém foi Luiz Gushiken. Um homem de ideais elevados, mas com os pés firmemente plantados no chão da realidade brasileira.

      Neste 8 de maio, recordamos o homem que partiu em 2013, mas cuja presença política e ética ainda paira sobre os grandes dilemas nacionais. O China, o Gushi da Libelu, o samurai das causas justas, vive na memória dos que reconhecem que seu papel não foi o de coadjuvante – foi o de construtor.

       A construção de um homem público

      Filho de emigrantes japoneses, Gushiken nasceu de Shoei Gushiken, fotógrafo e violinista oriundo de Okinawa, e cresceu em Osvaldo Cruz, cidade do interior paulista. Ainda adolescente, começou a trabalhar para ajudar no sustento da família. Foi contínuo, ajudante, bancário, estudante de Filosofia e, mais tarde, graduado em istração pela Fundação Getúlio Vargas.

      Sua trajetória política começa a se desenhar no final dos anos 1970, no sindicalismo bancário. Em 1979, integra a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Na década seguinte, sua atuação à frente do sindicato o coloca como referência de combatividade e lucidez estratégica. Em 1980, é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Assume o Diretório Nacional do partido entre 1988 e 1990.

      Foi deputado federal por três mandatos (1987 a 1999), coordenador das campanhas de Lula em 1989, 1998 e 2002. Com Lula na presidência, tornou-se Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação de Governo. Foi ali que lançou a maior campanha de valorização da autoestima nacional já realizada: "O melhor do Brasil é o brasileiro".

      Gushiken democratizou o o à comunicação institucional, integrou centenas de veículos regionais à pauta nacional e pensou o Brasil estrategicamente ao ser designado para o Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

      Mas sua saúde começou a declinar ainda jovem. Desde os 29 anos lutava contra o câncer. ou por radioterapia, perdeu parte do estômago, sofreu infartos e cirurgias longas e invasivas. Mesmo assim, jamais recuou.

       Entre 2005 e 2012, Gushiken foi injustamente acusado de envolvimento no escândalo do "mensalão". Sofreu o linchamento moral orquestrado pela grande mídia, que durante 469 semanas consecutivas – quase 3.300 dias – o classificou como "condenado", mesmo sem qualquer sentença. Em outubro de 2012, foi absolvido por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal. Mas o estrago já havia sido feito.

      A inocência foi reconhecida, mas nunca devidamente reparada. A pena foi cumprida em praça pública, com sua honra arrastada por sete anos sob o peso de calúnias.

       Um pensador sem livros, um humanista em movimento

      Gushiken nunca escreveu livros. Não era de autopromoção. Mas sua contribuição intelectual é reconhecida por quem conviveu com ele. Lula resumiu assim sua importância:

      "Sua visão de longo prazo sempre nos alimentou de um otimismo estratégico... com a paciência nipônica que você sempre nos transmitia."

      Gushiken era isso: um estrategista de alma limpa, um samurai que brandia a espada da ética, um homem que sabia que sem justiça social não há Brasil viável.

      Luiz Gushiken faleceu em 13 de setembro de 2013, aos 63 anos. Seu funeral reuniu autoridades de todos os poderes, militantes, amigos e iradores. Dilma Rousseff, então presidenta, compareceu. Lula, seu amigo de fé, esteve ao seu lado até o fim.

      Seu legado está na reconstrução da autoestima nacional, na fundação de instituições democráticas, na luta pela justiça e pela verdade. E, sobretudo, no exemplo de alguém que viveu para servir, resistir e amar profundamente seu país.

      Neste maio de 2025, quando celebramos os 75 anos de nascimento de Luiz Gushiken, cabe lembrar sua vida como farol para um Brasil que ainda busca se reencontrar com seus próprios sonhos.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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