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      Paulino Cardoso

      Historiador, analista geopolítico e Editor do Mundo Multipolar

      29 artigos

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      A falácia do nazifascismo trumpista

      Trump parte do pressuposto de que os EUA perderam a hegemonia e quer recuperá-la

      Elon Musk faz gesto nazista durante festividade da posse de Donald Trump na presidência dos EUA - 20/01/2025 (Foto: REUTERS/Mike Segar)

      Os progressistas brasileiros ao buscar interpretar a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos da América, divulgam uma análise catastrofista que apenas ecoa o discurso dos neoconservadores, ligados ao império dos direitos humanos e ao complexo bélico militar estadunidense nos dois lados do Atlântico.

      Quem se deu o trabalho de ler as declarações de Trump, inclusive na cerimônia de posse, verá que, por incrível que possa parecer, ele parte do pressuposto da perda de hegemonia e importância no mundo dos EUA. Considera sua tarefa reconstruir a fase de Ouro da América, nos seus termos “Make America Great Again". 

      Neste sentido, suas declarações iniciais, vistas como imperialistas, mas que buscam posicionar os EUA no mundo hoje multipolar, liderado por China e Rússia. Daí a importância da retomada do controle do Canal do Panamá, como forma de negação de espaço à China no corredor bioceânico. 

      Do mesmo modo, mas não menos estratégico, é o desejo de comprar  a Groenlândia, desejo antigo, por sinal. Além do posicionamento de equipamento militar, como já existe desde os anos 1950, temos o fato que as mudanças climáticas e as pesquisas científicas terem revelado o potencial da região em energia e minerais estratégicos. Mas, o mais importante diz respeito à Rota do Ártico, um gigantesco corredor bioceânico construído pela Federação Russa, apoiado por China e Índia, que torna secundário o corredor logístico do Mar Mediterraneo e do Estreito de Malaca, hoje controlado pelas bases militares estadunidenses e de seus aliados.

      É inegável que as medidas que assustam os ditos defensores de direitos humanos, atacam uma das armas mais nefastas do globalismo, controlado por elites corporativas, os esforços de pasteurização das culturas do planeta por meio da imposição da cultura woke que tanto estrago tem feito à democracia brasileira, por meio da supressão de direitos fundamentais, cuja vítima atual é o professor Alysson Mascaro. Tal discurso, disfarçado de preocupação de direitos humanos, justificou, não apenas a destruição da Iugoslávia, como o bombardeio da Sérvia em 1998, e a partir do princípio do Direito de Proteger (R&P), que não só deu novo sentido à existência da OTAN, como legitimou os ataques à Líbia, ao Iraque (duas vezes), Somália e Síria. Derrotados no campo de batalha, como no Afeganistão, ou suas tentativas de mudança de regime, como na Venezuela, Irã, Hungria, Eslováquia, Rússia e China, a bandeira dos direitos humanos  serve para vilanizar os Estados soberanos que se opõem às políticas de Washington.

      Outra medida importante, a retirada dos EUA da Organização Mundial de Saúde, acusando de terem sido roubados, tem lógica. Em primeiro lugar, a OMS não é parte do Sistema ONU, ela é uma ONG, cujo um dos principais doadores é a Fundação Bill Gates, que durante a pandemia coordenou um experimento de controle social em escala planetária, ando por cima da soberania dos Estados nacionais e viabilizou bilhões de dólares às empresas  farmacéuticas. 

      Sem dúvida, a revogação do perdão decretado por Joe Biden, em seu último dia de governo, do Dr. Anthony Fauci, antigo diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde e o principal conselheiro para o enfrentamento da covid 19, talvez venha a revelar informações interessantes acerca do conluio das empresas farmacêuticas.

      A performance de Elon Musk, magnata proprietário da Tesla, penso eu, tem menos a ver com uma simbologia nazista, mas é saborosamente mais antiga. Uma busca rápida em qualquer site, indicará que se trata de referência a uma saudação romana "Ave César", expressão de reverência ao imperador romano e aos seus sucessores. A expressão era acompanhada de um gesto que consistia em levantar o braço para a frente, com a palma da mão para baixo. Ele não saúda Hitler, mas Donald Trump como o libertador da América. Por outro lado, sua desenvoltura em se tratando de política exterior, combinada com a demissão dos neoconservadores democratas e republicanos, afronta o Departamento de Estado e indica qual a direção que o novo governo quer dar. 

      Assim como na Europa, na França e Alemanha mas também podemos agregar, Geórgia, Romênia, Croacia e Moldávia, na qual eleitores cansados da Guerra na Ucrânia e dos custos das medidas que estão destruindo as economias dos seus países estão despejando seus votos em partidos que se apresentam como soberanistas,  é inegável que a vitória eleitoral de Donald Trump se deu por conta da percepção dos eleitores que desaprovam os gigantescos gastos com as guerras, em especial na Ucrânia e no genocídio palestino em Gaza. O cessar-fogo na Palestina ocupada e as futuras negociações para o fim da guerra na Europa são sinais nessa direção.

      Como no mandato anterior, Trump aplicará não uma política belicista, mas uma diplomacia forte, exigindo tudo, para atingir objetivos pragmáticos, como é possível ver na reação do Reino da Dinamarca às pretensões estadunidenses, bem disposto a ampliar o poder dos EUA na Groenlândia, sem permitir a anexação.

      Em um contexto no qual os Estados Unidos foram perdendo o controle de fontes de energia e minerais estratégicos, assistiremos na América Latina à edição da Doutrina Monroe 2.0, na qual se consolidaram aliados como Equador, Peru, Argentina, Paraguai e se promoverão por toda parte operações de mudança de regime, em especial México, Cuba, Honduras, Nicarágua e Venezuela. 

      O Brasil, cujas instituições estão colonizadas até a medula pelos democratas, têm oportunidade única de reorientar sua política externa, como diz o jornalista José Reinaldo Carvalho, trazer para o debate a luta anti-imperialista. 

      A derrota dos Democratas, então publicamente apoiados pelo Governo brasileiro, combina-se com o ocaso dessa coisa totalitária, a serviço dos EUA, chamada União Europeia, cuja única tarefa é destruir o que resta da soberania dos Estados europeus. É responsável não só pelo ocaso político do “velho continente”, como, segundo o analista espanhol, Fernando Moragón, levando-os para uma nova Idade Média. Tudo isto destrói o sonho do Itamaraty de um terceiro bloco geopolítico entre China/Rússia e os EUA.

      Rechaçado pelos EUA, o Brasil pode reforçar seus laços com os BRICS, modificando sua postura na presidência do bloco, tomando medidas mais ousadas, principalmente, na pauta econômica apontada durante a presidência da Federação Russa. Mudar sua postura hostil com nossos irmãos de regimes políticos à esquerda e retomar a política de integração latino-americana. Talvez, diante do possível fechamento do mercado estadunidense, retomar de modo agressivo nossa presença na Ásia e África.

      Está mais do que na hora de pensar o país de modo adequado a sua grandeza e importância no mundo, internamente, como México, Nicarágua e Venezuela, aprender a se dirigir diretamente ao povo pobre e trabalhador, educando e mobilizando em defesa dos seus próprios interesses.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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