Suspeito de fraudar eleições equatorianas, Noboa divulga suposto plano para assassiná-lo
Governo tenta desviar o foco das graves denúncias de fraude com narrativa sem provas sobre entrada de sicários mexicanos para executar atentado
247 – Em mais um movimento que levanta sérias dúvidas sobre seu compromisso com a democracia, o presidente do Equador, Daniel Noboa, acusado de fraudar as eleições presidenciais, recorreu a uma narrativa sem fundamento para tentar desviar a atenção da crise política que se aprofunda no país. No sábado (19), o governo equatoriano divulgou um comunicado alarmista sobre um suposto plano de magnicídio, que envolveria a entrada de sicários mexicanos no país para ass o presidente e membros de sua equipe. A informação foi divulgada pela rede teleSUR, com base em declarações oficiais e reações populares.
O comunicado, assinado pelo Ministério do Governo e intitulado com cinismo “A vingança dos maus perdedores”, afirma que setores políticos derrotados estariam articulando atentados e protestos violentos em conluio com o crime organizado. Segundo o texto, um informe reservado das Forças Armadas relataria o deslocamento de sicários do México e de outros países para o território equatoriano. No entanto, até o momento, nenhuma prova concreta foi apresentada à sociedade — o que transformou a denúncia em alvo de descrédito generalizado.
Nas redes sociais, a resposta foi imediata. Muitos cidadãos classificaram o anúncio como “um falso positivo”, expressão comumente usada para denunciar manobras governamentais autoritárias. “Começou o show, já ninguém acredita neles”, escreveu um usuário. Outro ironizou: “O cinema é pouco para tanto drama — mais quatro anos de mentiras”. Muitos preveem que, com essa retórica, o governo justificará novas medidas de exceção para reprimir manifestações e silenciar críticas.
Enquanto isso, a oposição, liderada pela candidata Luisa González, do movimento Revolução Cidadã, reafirma que houve fraude generalizada no processo eleitoral. González anunciou que apresentará “provas da manipulação das atas” e mencionou um relatório da missão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) que aponta irregularidades graves durante toda a eleição. Um dos trechos destacados no documento da OEA revela que a tinta utilizada para marcar as cédulas transferia-se entre as opções políticas quando as cédulas eram dobradas, o que gerou anulação de votos e confusão na contagem.
“Roubaram mais de um milhão de votos”, acusou González, que pretende impugnar os resultados, mesmo diante de um cenário em que as instituições estão, segundo ela, capturadas pelo Executivo. A candidata também denunciou que Noboa fez campanha enquanto exercia o cargo, sem se licenciar, e usou recursos públicos para distribuir bônus milionários, sem base técnica, com o objetivo claro de influenciar o voto.
A estratégia de Noboa de criar uma narrativa conspiratória sem provas concretas surge como uma tentativa desesperada de deslegitimar as denúncias que colocam em xeque sua permanência no poder. Ao transformar o debate eleitoral em um espetáculo de paranoia e repressão, o presidente equatoriano lança mão de velhas táticas autoritárias para sufocar a oposição e prolongar seu mandato sob um clima de intimidação e censura.
A instrumentalização da segurança nacional para fins políticos, especialmente sem qualquer comprovação factual, representa uma ameaça direta à democracia e aos direitos civis dos equatorianos. O futuro do país agora depende da resistência das forças democráticas e da mobilização popular contra os abusos de um governo cada vez mais desacreditado e isolado.
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