Congresso argentino aprova investigação sobre criptomoeda promovida por Javier Milei
Deputados citam ministros e apontam possível fraude milionária com a $Libra; ato é visto como derrota política para governo Milei
247 - O Congresso da Argentina aprovou, nesta terça-feira (8), a criação de uma comissão parlamentar para investigar o escândalo envolvendo a criptomoeda $Libra, associada diretamente ao presidente Javier Milei. A informação foi publicada originalmente pelo jornal El País.
Essa é a segunda derrota legislativa significativa do governo em menos de uma semana — a primeira ocorreu no Senado, que rejeitou os nomes indicados por Milei para a Suprema Corte.
A investigação mira a suposta fraude bilionária ligada à promoção da $Libra, lançada pelo próprio presidente em 14 de fevereiro, quando publicou em suas redes sociais: “Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina, fondeando pequenas empresas e empreendimentos argentinos”. O presidente ainda compartilhou um link para aquisição do ativo digital. Segundo estimativas, cerca de 40 mil pessoas adquiriram a moeda, que teve rápida valorização seguida de colapso, gerando prejuízos generalizados e lucros concentrados.
A comissão foi criada com 128 votos favoráveis, 93 contrários e 7 abstenções. O governo tentou, sem sucesso, impedir a realização da sessão e enfraquecer o apoio à proposta. A aprovação contou com o respaldo de deputados da oposição — entre eles peronistas, setores da esquerda e partidos de centro — e com a divisão de bancadas historicamente aliadas ao governo, como a União Cívica Radical e o PRO, do ex-presidente Mauricio Macri.
O escopo da comissão será “investigar a sucessão de fatos vinculados à promoção e difusão da criptomoeda $Libra que derivaram em perdas milionárias por parte de atores locais e estrangeiros”, conforme o texto aprovado.
Além da criação do grupo parlamentar, a Câmara dos Deputados também aprovou, por 131 votos a 96, a convocação de quatro membros do alto escalão do governo para prestarem esclarecimentos sobre o caso no dia 22 de abril. Entre os citados estão o chefe de Gabinete, Guillermo Francos, o ministro da Economia, Luis Caputo, o ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, e Roberto Silva, presidente da Comissão Nacional de Valores (CNV), que regula o mercado financeiro. Até o momento, o único a deixar o cargo em função do escândalo foi Sergio Morales, assessor da CNV.
A suspeita de fraude ganhou força após denúncias indicarem que a $Libra foi criada minutos antes da publicação de Milei, sugerindo uma operação orquestrada para gerar ganhos rápidos a um grupo de investidores. Há também registros de encontros prévios entre o presidente e os empresários responsáveis pelo projeto.
Com essa nova crise, o governo Milei enfrenta seu momento mais delicado desde a posse, há 16 meses. A base de apoio no Congresso mostra sinais de fragmentação, e o escândalo da $Libra pode aprofundar a instabilidade política e institucional do governo ultraliberal argentino.
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