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      China aposta alto na parceria com o Brasil e a América Latina e no fim da Doutrina Monroe

      Xi Jinping propõe novo plano de ação com a CELAC e reforça o respeito à autodeterminação da região em crítica direta ao legado de intervenção dos EUA

      Lula e Xi Jinping (Foto: Ricardo Stuckert)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O presidente da China, Xi Jinping, discursará nesta terça-feira (13) na abertura do quarto encontro ministerial do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), reafirmando o compromisso de seu país com uma parceria estratégica de longo prazo com a América Latina e o Caribe. A reportagem foi publicada originalmente pelo China Daily, com texto de Zhao Jia.

      O encontro marca os dez anos da criação do fórum, primeiro mecanismo multilateral que reúne a China e os 33 países independentes da América Latina e do Caribe. Com a presença de chanceleres e dirigentes de organismos regionais, o evento deverá aprovar dois documentos principais: a Declaração de Pequim, reafirmando o compromisso com a paz e a cooperação, e um plano de ação conjunta, com medidas práticas nas áreas de comércio, tecnologia, infraestrutura, investimentos e colaboração na Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road).

      Durante coletiva de imprensa, o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Miao Deyu, destacou o papel central que a região ocupa na política externa chinesa:

      “A China vê a América Latina e o Caribe como partes vitais do Sul Global e forças significativas na defesa da paz e do desenvolvimento mundial, dotadas de vasto potencial e um futuro promissor.”

      Crítica ao intervencionismo: o fim da Doutrina Monroe

      Um dos pontos mais contundentes da fala de Miao foi a crítica à chamada “nova Doutrina Monroe”.

      “O que os povos da América Latina e do Caribe desejam é independência e autodeterminação, não a chamada ‘nova Doutrina Monroe’”, afirmou.

      A Doutrina Monroe foi formulada em 1823 pelo presidente dos Estados Unidos James Monroe. Seu princípio central era: “a América para os americanos” — o que, ao longo dos séculos XIX e XX, serviu de justificativa para uma série de intervenções políticas, militares e econômicas dos Estados Unidos na América Latina. Embora apresentada originalmente como defesa contra o colonialismo europeu, a doutrina evoluiu para um instrumento de dominação imperialista, sendo usada para respaldar golpes de Estado, bloqueios econômicos e apoio a regimes alinhados aos interesses de Washington.

      A China, ao se contrapor a esse histórico de ingerência, busca afirmar uma nova ordem internacional baseada no respeito mútuo e na não interferência.

      “A cooperação China-CELAC é um modelo de colaboração Sul-Sul, livre de jogos geopolíticos, blocos exclusivos e pensamento de soma zero”, ressaltou Miao.

      Parceria econômica e fortalecimento das cadeias produtivas

      Desde a criação do fórum, as relações econômicas entre China e América Latina se intensificaram. Mais de 20 países da região aderiram à Nova Rota da Seda, e, até 2024, mais de 200 projetos de infraestrutura foram concluídos com apoio chinês, gerando mais de 1 milhão de empregos.

      O comércio bilateral ultraou a marca de US$ 500 bilhões no ano ado — crescimento de 40 vezes em relação ao ano 2000. Cui Shoujun, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Renmin da China, ressaltou a complementaridade das economias e o interesse crescente da região:

      “Há vasto potencial de cooperação em minerais críticos, infraestrutura, cadeias produtivas, energia renovável e setores de alta tecnologia.”

      Além disso, a China já firmou acordos de isenção de visto com sete países latino-americanos e caribenhos, e cidadãos de Brasil, Argentina e Chile têm o ao regime de trânsito chinês de 240 horas sem visto.

      Um mercado de 2 bilhões contra sanções e pressões

      O vice-chanceler chinês também ressaltou a força econômica da aliança transcontinental entre China e CELAC:

      “O mercado transpacífico de 2 bilhões de pessoas, formado pela China e pelos países da CELAC, constitui um baluarte inquebrável contra qualquer tentativa de contenção ou intimidação econômica, oferecendo energia vital para nosso desenvolvimento compartilhado.”

      Xi Jinping, que visitou a região seis vezes desde 2013, sinaliza com esse fórum o desejo de consolidar uma nova geopolítica multipolar, com base em igualdade, cooperação e respeito à soberania dos povos. Ao contrastar essa visão com a histórica Doutrina Monroe — resgatada simbolicamente por setores do governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump em seu segundo mandato desde janeiro de 2025 —, a China aposta em um futuro em que a América Latina não seja mais “quintal” de ninguém.

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