Acusações de sabotagem atingem candidato da direita à presidência da Bolívia
Candidato à presidência da Bolívia é acusado de e manipulação para eliminar rivais da direita
247 - Faltando menos de três meses para as eleições gerais na Bolívia, previstas para 17 de agosto, uma grave denúncia abala o campo da oposição de direita. Segundo reportagem publicada pela agência Prensa Latina, o empresário e candidato presidencial Samuel Doria Medina está sendo acusado de tramar nos bastidores para eliminar seus concorrentes diretos, incluindo o também direitista Jorge Tuto Quiroga.
As acusações foram feitas por Peter Erlwein Beckha, agente político ligado à extrema direita de Santa Cruz, que teve sua candidatura a deputado frustrada e foi posteriormente afastado da lista de postulantes da aliança Unidade Nacional — agrupamento que apoia Doria Medina. Em entrevista ao canal privado DTV, Beckha relatou os bastidores de uma reunião ocorrida em La Paz, onde teria recebido instruções para contestar judicialmente a candidatura de Quiroga.
“(…) Roberto Moscoso disse ao deputado Senaida: 'Vai atrás do Tuto'. Eu estava naquela reunião. O senhor (Samuel) mandou cassar toda a oposição (...)”, afirmou Beckha, mencionando o nome do assessor de campanha de Doria Medina e da deputada da sigla Comunidade Cidadã, Senaida Rojas.
Segundo ele, a estratégia era clara: eliminar concorrentes da própria direita para que Doria Medina permanecesse como o único nome viável do campo opositor. “Esse sujeito não pode ser figura de unidade, porque queria ganhar nas urnas, e agora não pode dizer que o processo eleitoral está sendo judicializado (...)”, declarou, em tom crítico. Ele ainda reforçou que o plano não era enfrentar a esquerda diretamente, mas, antes, enfraquecer o próprio bloco conservador: “Ele nos pediu, em vez de acabar com a esquerda, para desafiar toda a direita para que ele fosse o único na cédula”.
As revelações provocaram reação imediata de Jorge Quiroga, candidato da coalizão Alianza Libre (Liberdade e Democracia). “(…) Eu vi o ativista Peter Beckha dizendo: os da Unidade Nacional me deram instruções para ir e retirar a candidatura do Tuto”, lamentou Quiroga, mencionando o episódio como evidência de uma tentativa antidemocrática de manipulação do pleito.
A denúncia remonta a um recurso interposto em 24 de abril por dois deputados do Comunidade Cidadã — Senaida Rojas e Juan José Tórrez — contra a legalidade da Alianza Libre, que reúne os Democratas e a Frente Revolucionária da Esquerda (FRI). Eles alegam que a aliança de Quiroga estaria irregular por não ter formalmente dissolvido um acordo anterior com o CC.
Para o porta-voz da Alianza Libre, Tomás Monasterio, não há dúvida de quem está por trás do que chamou de "manobra covarde". “São parlamentares que declararam aberta e manifestamente seu apoio ao senhor Samuel Doria Medina, a quem considero responsável por esse ataque sistemático e por esse ato covarde e malicioso de recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar nos tirar da cena eleitoral", afirmou Monasterio.
Por outro lado, José Luis Bedregal, líder da aliança Unidad e analista político próximo a Doria Medina, negou todas as acusações, desqualificando Beckha como “um ator sem histórico democrático” e insinuando que suas declarações teriam motivação política. Bedregal chegou a sugerir supostos vínculos do denunciante com o atual vice-presidente boliviano, David Choquehuanca.
O caso expõe não apenas a fragilidade da unidade entre os setores da oposição boliviana, mas também levanta sérias dúvidas sobre os métodos empregados por alguns de seus líderes para avançar eleitoralmente. A denúncia de Beckha, embora ainda sem comprovação formal, está tendo ampla repercussão política e midiática, provocando inquietação dentro da direita e reforçando o discurso de que parte da elite oposicionista estaria mais empenhada em guerras internas do que em apresentar um projeto alternativo de país.
À medida que o Tribunal Superior Eleitoral analisa os recursos judiciais e as alianças partidárias se consolidam, o episódio poderá se transformar em um divisor de águas na campanha presidencial. A eventual exclusão de candidaturas ou a confirmação de interferências indevidas no processo podem mudar o rumo da disputa, que já se mostra polarizada e instável.
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